Nos dias 25 e 26 de setembro, o Partido da Causa Operária, junto ao companheiros do PT e dos Comitês de Luta de todo o Brasil e exterior, realizaram dezenas de plenárias presenciais e virtuais para discutir um balanço dos atos Fora Bolsonaro e preparar o Bloco Vermelho para as próximas manifestações. Militantes e ativistas de várias organizações e partidos políticos de esquerda puderam falar, opinar e dar sugestões concretas para o crescimento popular das mobilizações em direção à derrubada do governo fraudulento e colocar como tema central a candidatura do ex-presidente Lula.
Um dos pontos de destaque discutidos em praticamente todas as plenárias foi a questão da frente da ampla e a tentativa da esquerda pequeno-burguesa de levar para os atos fora Bolsonaro a direita golpistas e seus partidos e movimentos satélites. Após uma reunião clandestina do PSOL, PCdoB e PT, a esquerda parlamentar decidiu, à revelia da maior parte daqueles que participam efetivamente das manifestações, passar por cima da coordenação do movimento Fora Bolsonaro e incluir nas falas dos caminhões de som partidos como PDT, PV, Rede, Cidadania, Solidariedade e outros direitistas.
Dentro das plenárias abertas que aconteceram no último final de semana, o repúdio a essa atitude da Frente de incluir direitistas nas mobilizações é unanime. O que mais se ouviu falar é que não da pra esquecer e muito menos compor uma frente de esquerda com pessoas que apoiaram o golpe de Estado de 2016 e a prisão farsa do ex-presidente Lula. Em alguns casos, partidos que participaram em 2018 ativamente da campanha anti PT, que votaram em Bolsonaro no segundo turno, terão voz e fala dentro das manifestações populares e de esquerda, o que é um verdadeiro absurdo.
Levar aos atos populares partidos que votam no Congresso e em assembleias, medidas contra os trabalhadores, como por exemplo, reforma trabalhista, reforma administrativa, é nada menos que uma irresponsabilidade da direção do movimento.
Na reunião da Frente em São Paulo, o dirigente do PCO, Antonio Carlos, além de se colocar claramente contra chamar esses partidos de direita para as manifestações, propôs também, que os dirigentes de partidos e sindicalistas que são a favor de tal aberração, assinassem um documento se responsabilizando pelo que pode acontecer quando a população encontrar seus algozes dentro das mobilizações, o que não fizeram tentando assim se isentar da culpa do que é previsível. Os trabalhadores que estão sofrendo muitos ataques pós golpe de Estado não querem golpistas nas manifestações.
Com a desculpa fajuta de ampliar as manifestações, a frente ampla corre para debaixo da saia da direita golpista – direita essa que não leva ninguém para os atos -, que é totalmente impopular, que os trabalhadores realmente odeiam. O Bloco Vermelho não tem a perspectiva de ficar a reboque da direita golpista. Para o Bloco Vermelho, ampliar a mobilização nacional deve ser pelo povo: é convocar nas portas das fábricas, nos terminais de ônibus, nos bairros populares, nas favelas, periferias, enfim, colocar no movimento o setores mais esmagados e explorados por estes mesmos que a esquerda pequeno burguesa insiste em chamar para os atos.
Fica claro que o objetivo da frente ampla colocando a direita, sabotando as mobilizações – como foi visto nos últimos atos – é esvaziar a manifestação, barrar a luta popular, abrir caminho para a terceira via nas eleições de 2022, retirar o caráter combativo e vermelho dos atos da esquerda no Brasil, e pior, tentar sufocar a palavra de ordem mais popular de todas as mobilizações que é Lula candidato, Lula presidente. Por isso as plenárias do Bloco Vermelho tiraram uma série de medidas e resoluções com a participação de todos que estiveram presentes nas atividades de reorganizar o movimento pela raiz.
Centenas de atividades foram marcadas para uma verdadeira operação de guerra para convocar a população à participar do ato. Essa será uma semana de intensa agitação e propaganda em torno do ato de 2 de outubro. Panfletagens em locais públicos de grande circulação de pessoas estão marcadas, colagens de cartazes, call center de convocação de toda a militância de esquerda, para se juntar ao bloco mais vermelho e combativo dos atos, impedir diretamente se for necessário a infiltração da direita golpista na mobilização. Ampliar o movimento em direção a quem realmente tem interesse em derrubar o governo criminoso, e acabar com ao regime golpista. Por fim, deixar claro que as manifestações já tem candidato para 2022, ele se chama Luiz Inácio Lula da Silva.
Além de esclarecer os pontos políticos, as plenárias também organizaram a atuação do Bloco Vermelho na próxima manifestação. As baterias Zumbi dos Palmares, tiveram ensaio frenético. As faixas e bandeiras foram organizadas e multiplicadas. A militância foi convocada a trabalhar de forma intensa para colocar o máximo de pessoas de esquerda e movimentos populares nas ruas no dia 2 de outubro. Diante do assédio da esquerda pequeno burguesa é preciso defender as manifestações da população.