Combate à pandemia

Vacinação em Cuba, exemplo para o mundo

Cuba faz mais pela saúde do povo, mesmo sob bloqueio imperialista, do que qualquer país capitalista

(*) Por Márcia Choueri, correspondente em Havana

A pandemia da Covid-19 serviu para evidenciar mais uma vez – como se isso fosse necessário – a imensa brecha entre países ricos e países pobres. E entre pobres e ricos, nos países ricos.

Com dados de 17 de setembro de 2021, assim ia a vacinação nos continentes:

Europa, 50,5% da população já está vacinada;

América, 41,8% da população;

Oceania, 26,8%;

Ásia, 12,3%;

África, 3,9%.

Basta saber ler, para entender o básico: a Europa e a América vão muito à frente do resto do mundo. Mas essa estatística também esconde informação. Por exemplo, a América tem mais de 40% da população com pelo menos uma dose de vacina, mas há países americanos com menos de 1% da população vacinada. O que acontece é que os Estados Unidos e o Canadá, os países mais ricos do continente, são também os mais populosos. Algo parecido ocorre na Europa: a França e a Alemanha já têm mais de 60% da população vacinada, mas a Albânia tem apenas 25%, Kosovo cerca de 20%, e a Ucrânia apenas 12%. E o campeão mundial de vacinação anticovid – Emirados Árabes – não está em nenhum desses continentes. Então, não são a Europa e a América que estão vacinadas, são os países ricos.

Alguém poderia argumentar: essa é a lógica do mundo, os laboratórios são empresas privadas e seu objetivo é o lucro. Paga quem pode; quem não pode pagar, morre .

E outro alguém poderia responder: essa não é a lógica do mundo, essa é a lógica do capitalismo. E esse lucro dos laboratórios é abusivo, porque, na verdade, a maior parte das pesquisas de vacinas – não só da Covid19 – são financiadas com dinheiro público. Ou seja, é dinheiro do povo que paga a pesquisa, e os laboratórios se apropriam do resultado. A pesquisa da AstraZeneca, por exemplo, teve 97% do investimento financiado com dinheiro público. O investimento é social, o lucro é privado.

Com o suposto objetivo de garantir vacinas para todos, criou-se um mecanismo internacional chamado Covax, que deveria receber doações dos países ricos, que permitissem a aquisição e distribuição de vacinas para os pobres. Até o momento, há mais denúncias de mau funcionamento do sistema, que resultados para aplaudir. Países compraram, pagaram e não receberam. Quem não tem dinheiro, não tem acesso.

A consequência do monopólio das vacinas pelos países ricos é que há vacinas estragando, que serão jogadas no lixo, enquanto muitos países não conseguem nem saber se algum dia poderão imunizar sua população.

Agora, vamos ao exemplo anunciado no título.

Cuba criou e produziu suas próprias vacinas, em seus institutos de pesquisa e seu parque industrial. Tudo estatal, nada de lucro privado para alguns, às custas da saúde do povo.

Hoje tem três vacinas (Soberana 02, Soberana Plus e Abdala) aprovadas para uso emergencial e sendo aplicadas, e mais duas (Soberana 01 e Mambisa) já em ensaios clínicos.

É o único país do mundo com um programa de imunização infantil contra a Covid-19. As crianças já estão sendo vacinadas. As escolas só voltarão a ter aulas presenciais, quando todos – alunos, professores e demais trabalhadores – estiverem protegidos.

Cuba é o país da América Latina com maior índice de imunização:

CUBA: DOSES ADMINISTRADAS CONFORME O TIPO DE INTERVENÇÃO

ATÉ 26 DE SETEMBRO DE 2021

Como se vê no quadro, mais de 90% da população da Ilha (cubanos e estrangeiros residentes) já recebeu a primeira dose, ou a dose única, no caso dos convalescentes. E mais de 50% já está totalmente imunizada.

Pergunta: como uma pequena ilha pobre do Caribe, sob bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos há mais de 60 anos, conseguiu isso?

Resposta: com uma política de valorização da ciência e biotecnologia implantada, desenvolvida e sustentada de forma constante e coerente, mesmo sob as condições econômicas mais adversas.

Aprofundando um pouco mais, é preciso dizer, alto e claro, que propor e sustentar uma política como essa, por um período tão longo, só foi possível porque Cuba fez uma Revolução Socialista. O caminho foi e continua sendo duro, sob constantes ataques internacionais – seja econômicos, políticos, e também terroristas –, mas NÃO foi preciso fazer concessões a banqueiros, empresários, políticos corruptos, traidores.

Em um discurso feito em 1960, Fidel disse: “O futuro de nossa Pátria tem de ser necessariamente um futuro de homens de Ciência, de homens de pensamento”. Essa foi a semente. Ali ele já previa os frutos que Cuba está colhendo hoje.

O exemplo que Cuba dá é de que é possível vacinar a todos, é possível vencer a pandemia, é possível salvar os pobres do mundo. Mas é preciso inverter a lógica, acabar com o salve-se quem puder.

Aos senhores da guerra, que gostam de clamar por direitos humanos em países alheios, vamos lembrá-los que saúde é direito humano, talvez o mais importante hoje.

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