Cerca de 80 (oitenta) famílias estão sob ameaça de despejo e cercadas por “jagunços” armados no acampamento Palmares do Movimento Sem Terra, localizado no município de Juazeiro do Norte (BA).
As famílias estão sem água e luz acerca de 17 dias, onde membros da Policia Militar e da vigilância armada do proprietário da fazenda cortaram o abastecimento de água e luz do acampamento, que tem pessoas idosas, crianças e mulheres gravidas, além de plantações e criações de animais que dependem destes recursos.
As terras foram ocupadas pelas famílias há 11 anos, tendo em vista que o antigo dono, o traficante internacional Gustavo Duran Bautista, foi preso em 2007 por traficar dali cocaína para diversos países. Com as terras abandonadas, em 2009 as famílias montaram o acampamento e desde então produzem feijão, macaxeira e uva, além da criação caprinos, ovinos e bovinos.
Cinco anos mais tarde, em 2014, as famílias foram ignoradas e fazenda foi a leilão, iniciando assim uma longa luta na justiça do trabalho, visto que o proprietário arrematante passou a requerer o despejo daquelas famílias.
Ano passado, o proprietário se mostrou interessado em vender a fazenda ate mesmo para as famílias que ali residem, por meio de credito fundiário organizado pelo Governo do Estado da Bahia através Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA), entidade que tem por finalidade promover as políticas de regularização fundiária e reforma agraria do Estado.
Contudo, o governo estadual, mais uma vez, ignorou as famílias e não deu seguimento aos tramites necessários para a concessão do credito fundiário, sendo que nesta ultima terça, 23, encerrou-se o prazo para regularização deste assentamento. O proprietário então iniciou, por meio de medidas fascistas, as ameaças às famílias ali residentes, sendo que diversos meios de comunicação estão inclusive denunciando que pode haver ali uma chacina se nada for feito por parte das autoridades locais, pois as famílias estão desarmadas e sob vigilância constante dos “jagunços” do proprietário, que neste momento não deixam ninguém entrar nem sair do acampamento.
É preciso perceber que a luta pela terra no Brasil repete dia após dia notícias como essa, que demonstram que a burguesia não para de atacar nem mesmo neste momento de pandemia de COVID-19, em que estão morrendo mais de 3000 mil pessoas por dia. Além de revelar mais uma vez que após o golpe de 2016, quase que semanalmente os acampamentos e assentamentos dos trabalhadores da terra são atacados, sob cobertura de processos judiciais das cortes de justiça dos interiores do país.
A medida que o avanço neoliberal cerca os trabalhadores urbanos e rurais, esses acontecimentos se multiplicaram e a população trabalhadora de conjunto tende ao sofrimento, sem organização. É preciso mobilizar e esclarecer a população que o atual regime, que tenta se realçar democrático, demonstra todos os dias que já está virando uma ditadura no país, especialmente no campo.
É preciso que os partidos de esquerda, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e demais organizações do povo se mobilizem para organizar a defesa dos trabalhadores da terra contra os ataques dos latifundiários.