Sábado 19 de junho acordei desanimada pensando que chegamos a 500 mil vidas perdidas, 500 mil vidas na conta do negacionismo, golpismo, neoliberalismo. Neste momento quem encarna tudo isto é Jair Messias Bolsonaro, mas não podemos esquecer que o bloco que aplica a política de MORTE vai muito além de Bolsonaro.
E foi pensando que vivo neste país que a pandemia é potencializada por tais políticas, onde em meio a um caos sanitário passam a boiada: aprovam privatização da Eletrobrás, botam fogo na Amazônia, atacam indígenas e quilombolas, matam pobres e pretos, despejam famílias sem piedade…, que meu desânimo e medo da pandemia se transformaram em revolta, me veio a necessidade pulsante de ir para rua manifestar junto aos meus. Apesar do medo do vírus/da morte a pulsão de vida e a indignação me moveram para sair de casa por mim que tenho o privilégio de trabalhar em casa durante a pandemia e, principalmente, por todos aqueles que não tiveram um único dia o direito de ficarem protegidos em suas casas, de ter o que comer e aqueles que nem um teto tem.
A minha indignação pulsou, transbordou junto com a das outras milhares de pessoas que estavam na Avenida Paulista para protestar e também homenagear os mais de 500 mil que padeceram em decorrência do descaso e irresponsabilidade da necropolítica capitalista.
Muitas vezes durante o Ato me emocionei ao ver faixas com dizeres: “Mãe estou aqui por você que morreu antes da vacina”, “Meu avô foi vítima de um genocídio”, entre outras.
Também me emocionei ao constatar que era uma manifestação com bandeiras SIM, pintado de vermelho SIM, de Movimentos Sociais SIM, de Esquerda SIM. Não era um ato como os que vimos no nosso passado recente em que organizações que se dizem apolíticas tinham um lado bem definido: o lado do capital.
Os que quiserem se somar a nós que venham sabendo que não abriremos mão das nossas bandeiras e sabendo que o nosso lado é o do POVO.
Quando o ato se moveu para a Consolação parei em uma lateral e acompanhei com o coração vibrante a movimentação: eram blocos compostos com cara de Brasil, ou seja, diversidade, jovens, velhos, crianças, negros, brancos, indígenas e não com a cara de burguesia anti diversidade que vínhamos acompanhando ocupar as ruas.
Entre o marco firmado pelas Torcidas Organizadas no ano passado, passando pelo 29M e o 19J acumulamos força e temos muito mais que crescer, organizar e impunharmos sem medo nossas bandeiras contra o Neoliberalismo que vem nos assolando de forma mais intensa pós Golpe.
Exigir a queda de Bolsonaro é primordial, mas não podemos esquecer que Bolsonaro é apenas uma peça na guerra que estamos enfrentando.
O 19J nos traz a esperança de que temos condição de vencer a batalha, mas sem perdermos a perspectiva de que o caminho é longo e que a luta vai muito além do Genocida, precisamos mirar no Golpismo Neoliberal e Imperialista que permanece nos golpeando sem trégua e com mais intensidade desde 2014.
Sigamos atentos e mobilizados!
Por Simone Oliveira.