No verdadeiro comício eleitoral de sua candidatura à presidência em 2022, organizado oficialmente pelo MBL em 12 de setembro na Avenida Paulista, João Doria fez muita demagogia. Não apenas com a saúde e os LGBT, mas também com os sem teto. Disse ser um defensor da população de rua.
Sim. Após se passar por gari, por “grande gestor”, por nazista, por cientista e por gay, agora João Doria tenta se passar por um santo protetor dos sem teto, moradores de rua e mendigos.
Vamos deixar para trás o famoso episódio em que a prefeitura de São Paulo, então chefiada por Doria, em julho de 2017, despejou jatos de água gelada em moradores de rua na Praça da Sé em uma das madrugadas mais frias daquele período na cidade.
Esqueçamos também as declarações da primeira-dama do estado, Bia Doria, em plena pandemia no ano passado, quando ela disse que não seria correto alimentar moradores de rua porque isso incentivaria a vagabundagem. “A pessoa (o morador de rua) tem que se conscientizar que ela tem que sair da rua, porque a rua hoje é um atrativo, a pessoa gosta de ficar na rua. A pessoa quer comida, ela quer a roupa, ela quer uma ajuda e não quer ter responsabilidade”, disse à época.
Ignoremos, ainda, que entre março de 2020 e junho de 2021, o estado de São Paulo, governado por São João Doria, protetor dos mendigos, realizou 3.970 despejos ─ representando 28% de todos os despejos executados no País no mesmo período.
Temos de fingir que Doria, o imaculado, não vetou projeto de lei, no dia 29 de julho, que justamente impedia que fossem feitos despejos durante a pandemia. Sim, São João Doria vetou um projeto que impedia que os pobres ficassem desabrigados. O Santo do PSDB deu total carta branca para que os pobres continuem sendo jogados no olho da rua, vivendo embaixo de pontes e viadutos ou junto com os ratos da Praça da Sé.
Mas São João Doria, o piedoso, tem seus discípulos. Bruno Covas, que virou mártir, realizou uma obra milagrosa: conseguiu impedir que os moradores de rua dormissem até mesmo debaixo de viadutos! Sim, instalou pedras e pedras no chão de viadutos. Assim os moradores de rua, miseráveis sem teto, não teriam nem mesmo o “teto” de um viaduto onde poderiam ao menos se proteger da chuva.
O PSDB é tão inimigo dos moradores de rua e sem teto que, em 2014, pessoas em situação de rua realizaram uma manifestação no centro de São Paulo na qual queimaram um boneco de Geraldo Alckmin, então governador, porque sua polícia estava os atacando, expulsando dos locais onde vivem e ateando fogo em seus barracos para “limpar o terreno” durante a Copa do Mundo.
Precisamos falar do tratamento nazista dado pelo PSDB aos pobres coitados da Cracolândia?
Na verdade, Doria é o Santo do pau oco (ou, segundo as más línguas, do pau murcho). Doria e o PSDB são os maiores inimigos dos moradores de rua, dos sem teto, das pessoas em situação de mendicância, dos vendedores ambulantes e de toda a população pobre de São Paulo e do Brasil.
João Doria não tem escrúpulos para seguir como um fantoche as ordens da burguesia e do imperialismo. Agora o IdentiDoria não é apenas um LGBT engomadinho, mas também, estranhamente, um santo protetor da população de rua. Fala tudo isso ao mesmo tempo em que, na verdade, é o maior carrasco desse setor popular. Mas o que interessa é o marketing. Fará de tudo para vencer as eleições de 2022. Comer pastel em boteco já virou passado para os políticos burgueses.