Na manhã desta terça-feira (28/12), ocorreu uma reunião com o diretor NTE 27, André Ribeiro, responsável pelas escolas da região e pelo fechamento dos dois colégios estaduais em Porto Seguro (BA), Colégio Dr. Antônio Ricaldi e Colégio Cristina Batista.
A reunião ocorreu no CIEPS (Complexo Integrado de Educação de Porto Seguro), antigo CEPAC, e demonstrou que o fechamento do colégio não tem a intenção de melhorar o ensino e muito menos em resolver os problemas apresentados pela direção do NTE 27.
Isso porque o diretor regional disse que esse acordo de fechamento dos Colégios Antônio Ricaldi e Cristina Batista ocorreu sem a consulta ou discussão de prioridades de professores, alunos ou funcionários, incluindo os pais. Segundo André Ribeiro, o fechamento dos dois colégios foi realizado entre o governador Rui Costa e o bolsonarista Jânio Natal sem consultar sequer a direção regional. Ou seja, um acordo de portas fechadas para realização de troca de favores e não de melhoria da educação.
Outros pontos questionados é que não há nenhum documento, ata ou projeto para explicar os planos de fechamento dos dois colégios para “melhoria” da educação da região, da qualidade de ensino dos colégios e muito menos das condições de trabalho dos professores e funcionários. Havia apenas palavras e promessas.
O diretor André Ribeiro chegou a dizer que o Colégio Municipal de Porto Seguro, que hoje possui 70 funcionários (entre professores e funcionários) e atende a mais de 900 alunos será o local que será alocado os professores e funcionários das outras duas escolas que serão fechadas. Somente o Colégio Dr. Antônio Ricaldo possui 50 professores e mais de 700 alunos, e com o agravante que no ano que vem o ensino será integral e o colégio municipal, que é uma das melhores escolas do município, será sobrecarregado.
Diante disso não foi apresentado nenhuma garantia que os professores terão sua carga horária garantida e muito menos uma estrutura adequada para o trabalho. Além do fato que não foi sequer apresentado um documento que os professores dos Colégios Antonio Ricaldi e Cristina Batista vão trabalhar na Escola Municipal. Foram apenas palavras de um diretor da Secretária de Educação sem nenhuma comprovação.
Um exemplo que não deve ser seguido
Na reunião, o diretor do CIEPS, Caetano Cupolo, deu um exemplo de fechamento de escolas em bairros do centro para “beneficiar” a população da periferia. O Diretor citou o triste exemplo de um colégio muito tradicional de Salvador, o ISBA (Instituto Social da Bahia), no bairro de Ondina na capital baiana. O ISBA é uma das escolas mais tradicionais da cidade, mas é numa região central e não atende a população dos bairros pobres. A justificativa foi fechar para abrir as escolas em bairros populares, mas o que ocorreu é que o ISBA fechou no final do ano passado sob protestos da comunidade escolar, em particular dos alunos pobres que estudavam numa escola de excelente qualidade, e em seu lugar não foi construída nenhuma outra escola em bairro nenhum. A única coisa que ocorreu é que o prédio do ISBA, que está num bairro valorizado, foi vendido para a especulação imobiliária.
Um bom exemplo para o Colégio Dr. Antônio Ricaldi, que está na região central próximo ao mar, com grande interesse na especulação imobiliária, que será entregue pelo estado para a prefeitura do bolsonarista Jânio Natal fazer o que quiser com o prédio. E todos sabemos que Jânio Natal tem uma política de liquidação do patrimônio público da cidade para a especulação imobiliária.
O Colégio Estadual Dr. Antônio Ricaldi possui 60 anos e um dos melhores colégios públicos, não somente de Porto Seguro, mas da região. Seu fechamento é apresentado como certo, mas não há nada definido sobre o futuro dos professores, funcionários e alunos, e muito menos das condições para onde será a futura escola. Se for na Escola Municipal vai se chocar com os alunos do ensino médio de outras dezenas de professores e funcionários e possivelmente o colégio não vai dar conta de manter a qualidade do ensino. Se for para outros colégios, a situação pode ainda piorar porque a qualidade da estrutura das escolas fornecidas pelo governo estadual e municipal são péssimas na maioria das vezes e necessita de grandes investimentos que o Estado e Município não estão apresentando.
O que ficou evidente na reunião é que o acordo entre Rui Costa e o bolsonarista Jânio Natal não foi para a melhoria do ensino e sim um acordo de troca favores políticos que o prejudicado é a população de Porto Seguro. O que confirma isso é que foi feito dentro de quatro paredes sem a consulta da comunidade escolar, sem nenhum documento oficial, ata ou projeto de melhoria das condições de ensino da cidade, pelo contrário. A reunião se resumiu a palavras “jogadas ao vento”, pois não havia nada de oficial ou que comprovassem as promessas apresentadas pela secretaria de educação do Estado.