Foi anunciado nesta semana que o mês de agosto está definido como a data em que se iniciará a votação pela proposta de privatização dos Correios. O projeto de entrega de uma das principais estatais do País para os capitalistas estrangeiros já era um desejo antigo dos golpistas brasileiros. Buscando acelerar o andamento, o ministro da economia, Paulo Guedes, ainda quer publicar o edital até o fim deste ano, buscando finalizar a privatização já em março de 2022.
Os aliados de Flávio Dino
O projeto tem como relator o deputado Gil Cutrim, do Republicanos do Maranhão, partido golpista que se mantém aliado a Flávio Dino, recém ingresso no PSB, no estado.
Cutrim fazia antes parte do PDT, outro partido presente no chamado “Bloco Democrático” que o PCdoB formou junto com a direita golpista na última manifestação em São Paulo. Inclusive, na semana anterior, o deputado chamou a atenção por declarar-se favorável a uma união entre o grupo do governador Flávio Dino, hoje do PSB, com o restante da burguesia. Um dos principais apoiadores da ideia é justamente o vice-governador Carlos Brandão (PSDB).
Dino é um dos principais defensores da frente ampla desde o início do plano que visa isolar Lula nas eleições e emplacar um candidato da chamada “terceira via”. Contudo, a sua relação com os Republicanos é ainda mais profunda, e o mesmo pode ser dito para seu ex-partido, que agora tornou-se o principal defensor do PSDB nas manifestações, o PCdoB.
Hoje, o PCdoB se mantém na base aliada a Flávio Dino no governo do Maranhão, junto com o mesmo Republicanos que encabeça a privatização dos Correios. Piorando a situação, esta aliança PCdoB-Republicanos é antiga e pode ser vista nos governos anteriores no estado do Maranhão.
Em primeiro lugar, o vice-governador do estado é nada mais nada menos que Carlos Brandão, ex-Republicanos e agora membro do PSDB, além disso, ainda em 2020, o PCdoB declarou voto oficial na candidatura de Duarte Júnior, também dos Republicanos, para a principal cidade do estado, São Luís. Ou seja, a relação entre os partidos deixa clara a aliança do PCdoB com aqueles que levam à frente um dos maiores ataques à população brasileira.
PSDB de um lado, desmobilização de outro
Neste sentido, o PCdoB acompanha a política geral do bloco golpista. Sua ação sindical nos Correios é notoriamente pelega, o partido se colocou frontalmente contra as mobilizações no início da pandemia, quebrando a greve nacional. Em 2020, o partido foi destaque na desmobilização dos trabalhadores em greve, se opondo à ocupação do prédio central no ato nacional realizado em Brasília e organizando um golpe que visava acabar com a greve em todo o País. Dessa maneira, o PCdoB é também um dos principais responsáveis por manter em estado de paralisia a categoria em um momento crucial de mobilizações, como também de risco iminente de privatização da empresa.
Com a entrega dos Correios, o País perderá uma empresa estratégica em nível nacional, uma das mais lucrativas, e não apenas isso, como desencadeará um profundo ataque aos direitos trabalhistas, promovendo demissões em massa e redução do acesso do serviço por parte da população. Visando os Correios estão os grandes tubarões capitalistas, principalmente dos países imperialistas que estão tomando de assalto toda a economia nacional.
Com sua política de profunda adaptação ao regime golpista, o PCdoB serve como ponte para os ataques do principal setor da burguesia contra a classe trabalhadora. Por um lado, o partido se alia e assim fortalece aqueles que levam à frente a privatização dos Correios, por outro lado, o PCdoB se mantém totalmente paralisado e não visa mobilizar os trabalhadores que tem cada vez mais o seu emprego em risco, entregando assim a empresa nas mãos dos capitalistas.
Os “aliados” do PCdoB no “Bloco Democrático”
Todos os principais aliados na campanha da frente ampla colocam-se do lado do governo Bolsonaro nos principais pontos, como a privatização dos Correios. PDT, Republicanos e PSDB, supostamente aliados do “Bloco Democrático”, são na realidade o principal motor das mais criminosas políticas que o governo Bolsonaro leva à frente contra os trabalhadores.
Estes partidos votaram em peso pela privatização da Eletrobrás, defenderam a chamada PL da Grilagem, contra os trabalhadores do campo, e são os principais partidos na defesa da criminosa entrega dos Correios. É com estas organizações puramente golpistas que o PCdoB vem se colocando ao lado e defendendo sua infiltração no interior das mobilizações.
Para o governo Bolsonaro, este apoio dos partidos aliados ao PCdoB é fundamental, tanto para a manutenção do seu governo como também para sua reeleição, buscando por meio das brutais privatizações, cumprir o principal da política da burguesia brasileira, entregando toda economia nacional ao imperialismo, algo almejado desde o início do golpe de Estado.
A privatização dos Correios só poderá ser combatida por uma intensa mobilização dos Ecetistas, juntando-se às manifestações e organizando uma grande greve contra o governo Bolsonaro.