As manifestações de sábado retrasado (2) foram divisoras de águas no cenário político. A partir de agora será muito mais difícil para a direita insistir em participar das manifestações. Depois das vaias e das hostilidades contra Ciro Gomes por parte dos manifestantes, além da predominância gritante da esquerda no chão, a direita começa a ver a inviabilidade de roubar os atos. Por outro lado, também mostraram até onde vai o compromisso de um setor da esquerda com a direita.
Com o fim da CPI da Covid é bem possível que a direita abandone a propaganda do impeachment e espere chegar mais próximo das eleições para lançar seu candidato. A política de terceira via ficou mais complicada, e lançar um candidato imediatamente, como pretendiam fazer com Doria, pode fazer com que este fique desgastado até as eleições, portanto, é melhor esconder o verdadeiro candidato. De qualquer modo, a direita já se decidiu em abraçar Bolsonaro caso o plano A fracasse.
Nos três estados do sul do país fomos ou estamos sendo expulsos da coordenação do Movimento Fora Bolsonaro. No Rio de Janeiro, negaram ao PCO o direito de falar na manifestação porque está claro que somos a principal organização contra a política de frente ampla e que nossa política, que também é a política dos manifestantes, vai inviabilizar qualquer acordo com a burguesia. Por isso precisam parar e calar o PCO.
Se para o PCdoB, PSOL e até um setor direitista do PT, liderados por Washington Quaquá no Rio de Janeiro, entre outros, é imprescindível anular a presença e a influência do nosso partido nas manifestações, para nós é igualmente importante dar uma resposta à altura.
Dois campos se delimitam: o campo da terceira via, com PSDB, PDT, PSB, PSD, PCdoB e PSOL; do outro lado, PCO, PT, CUT e centenas de outras organizações populares que assinaram o manifesto do bloco vermelho.
O primeiro campo, porém, está em franca desagregação: muitos votos, pouca base. Dia 12 de setembro vimos que toda a direita reunida (com exceção da extrema-direita) não consegue juntar nem mil pessoas em São Paulo e Rio de Janeiro. Tiveram mais de um mês de preparação e toda a propaganda da imprensa burguesa, mesmo assim fracassaram. A esquerda frenteamplista também está se desintegrando. PCdoB e PSOL estão cada vez menores nos atos. Dino e Freixo foram para o PSB. No final de contas, quando a direita pular fora para apoiar a candidatura de Bolsonaro, estes partidos estarão sozinhos.
Depois do dia 2 de outubro, ficou claro que se queremos continuar com as manifestações e que o movimento cresça, precisamos passar por cima da atual coordenação e liderar o movimento com aqueles que realmente estão comprometidos com a luta contra a direita. Querem calar nosso partido porque acham que o repúdio à política direitista é exclusividade nossa. Estão errados. Conosco está toda a parte militantes, atuante — a que realmente importa — das manifestações. Por isso nós crescemos e eles diminuíram. A cada ataque que fizerem contra nós, devolveremos dobrado.
Está na hora de disputar nas ruas o movimento, pois, assim que a direita pular fora, é muito provável que as viúvas da direita tentem acabar com o movimento que não servirá mais como moeda de troca. Por isso, o PCO chama a todos a participarem da Conferência Nacional Aberta do Bloco Vermelho. Organizemos pela base o movimento fora Bolsonaro!