Eis a pergunta do milhão, aquela que não quer calar, aquela cuja resposta é aguardada por milhares de militantes de esquerda, que se recusam a esquecer que houve um golpe de estado no Brasil em 2016 e que ainda vivemos sob o regime golpista. Isso por que, dentre tantos outros pseudo-intelectuais da esquerda classe média, aquela forjada na dura vida dos bancos universitários, com pouco ou quase nada de contato com a realidade do povo brasileiro, e que expressa como ninguém a sua ingratidão em relação ao governo que possibilitou o seu ingresso no ensino superior, Jones Manoel tem sido um dos seus principais representantes. Afinal de contas, o youtuber pecebista se dedica diariamente a atacar o PT e Lula, parecendo não ter coisa mais produtiva para fazer. É por isso que todo mundo quer saber: afinal de contas, quem financia Jones Manoel? Até o final desse texto, esperamos ter desvendado esse enigma da esfinge.
Até a organização do golpe sofrido por Dilma em 2016 (que Jones inclusive desconsidera um golpe), o youtuber do PCB era um completo desconhecido, tendo iniciado sua “militância” já na idade “adulta”, após as chamadas jornadas de junho de 2013. Ou seja, ele não tinha qualquer relação de militância em sua adolescência, como é normal ocorrer com os militantes da esquerda. O que teria permitido então que, em um curto espaço de tempo, esse jovem tenha alcançado um significativo número de seguidores na internet?
A resposta para essa e para outras perguntas, incluindo a pergunta principal do texto, só pode ser encontrada em uma mirada no contexto em que surge o novo queridinho da Globo, ou seja, nos acontecimentos que articularam o golpe de 2016. Como já dito acima, Jones saiu do anonimato para a condição de youtuber estrelinha em um período relativamente curto. E isso só foi possível por que Jones tornou-se um idiota útil para a direita brasileira e para o imperialismo, que necessitavam de todos os meios para enfraquecer o governo Dilma e desferir o golpe que derrubou a petista. O youtuber do PCB cumpriu o papel de mensageiro moralista entre a juventude esquerdista de classe média universitária, pintando o PT, Dilma e Lula como os grandes traidores da esquerda e da classe trabalhadora, que não mereciam ser defendidos por ninguém da esquerda, ao contrário, deveriam ser derrubados o quanto antes.
Não podemos subestimar o papel que essa propaganda cumpriu no golpe de estado. O clima de histeria e de caça às bruxas que foi instaurado contra o PT a partir de 2013 foi intenso e seguramente um dos responsáveis por despertar o fascismo adormecido há muitos anos no país. E essa campanha foi levada a cabo principalmente pela imprensa golpista, com destaque para a Rede Globo, que utilizando a Lava-Jato como elemento central, levou adiante a maior campanha difamatória contra um partido na história desse país. Essa campanha conseguiu praticamente o apoio de toda a classe média, que atingida pela crise capitalista, elegeu o PT como o grande culpado e o mal a ser extirpado da sociedade brasileira. Mas para que essa campanha atingisse os setores esquerdistas da classe média, a Globo e a direita necessitavam de aliados de dentro da própria esquerda, e foi aí que entrou o nosso querido youtuber Jones Manoel.
Jones é o típico jovem com mentalidade pequeno burguesa, que se deslumbra com os holofotes individuais e se deixa usar pela direita, em troca de exposição nos meios de comunicação da imprensa golpista. E para alcançar os seus cinco minutos de fama, a audácia do rapaz tem sido considerável. Primeiro ele negou que havia um golpe de estado no país, para logo em seguida defender Hillary Clinton contra um suposto golpe de estado de parte de Trump. Ou seja, defender a Dilma nem pensar, mas defender as principais forças do imperialismo, aí tudo bem. Desde então o principal passatempo de Jones tem sido atacar Lula de todas as formas, juntando-se à campanha difamatória e perseguidora da direita contra o principal líder popular do país. Recentemente Jones tem aparecido nas redes para defender o PSDB e Ciro Gomes, contra as vaias dos manifestantes nos atos de rua, o que ele considera uma injustiça, mas que na verdade nada mais são do que reações espontâneas daqueles que não admitem que membros da direita, que deram o golpe e despertaram o fascismo, se utilizem dos atos da esquerda para se beneficiar eleitoralmente em 2022.
A resposta para a pergunta de quem financia Jones Manoel, no final das contas, não é somente uma questão de descobrir se existem um ou mais financiadores do desserviço prestado por Jones ao país e à classe trabalhadora principalmente. Obviamente essa é uma questão importante, até para que as coisas fiquem mais claras aos incautos, àqueles que gostam de acusar de teoria da conspiração toda explicação que desvele as obscuras operações levadas a cabo contra o Brasil nesses últimos anos. Com o tempo essas respostas mais pontuais virão, e não só Jones Manoel, como toda essa esquerda lacaia do imperialismo e da direita, serão desmascarados e irão direto para a lata do lixo da história, que é o lugar reservado aos oportunistas de plantão. Mas por ora, até para que não sejamos processados por aqueles que adoram recorrer à justiça burguesa quando os argumentos para o debate lhes são escassos, fiquemos com a questão política, que já nos basta para separar o joio do trigo.
É preciso que fique estabelecido, de uma vez por todas, que Jones Manoel foi e segue sendo financiado pelo antipetismo de direita, até por que não existe antipetismo de esquerda. O antipetismo foi uma das molas propulsoras do golpe de estado, foi o elemento que permitiu criar um sentimento, principalmente na classe média, de que o PT era corrupto e que todos os problemas do Brasil se resolveriam com a derrubada do PT do poder e, se possível, com a aniquilação do próprio partido. E é fácil de comprovar essa questão quando analisamos quem são os defensores do youtuber maromba, geralmente os mesmos que defendem Ciro Gomes ou PSDB. Não fosse o antipetismo, e principalmente não fosse o golpe de estado, Jones Manoel seria apenas um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco, e sem amigos famosos, como Caetano Veloso ou a família Marinho.
Mas como o próprio Jones adora demonstrar nas redes sociais, através de fotos sensualizadas, a sua vaidade é maior do que os seus escrúpulos, e ele não fica nem um pouco incomodado em servir de garoto de recados da Globo e do imperialismo, desde que siga sendo bajulado pelos verdadeiros carrascos do povo brasileiro. Assim, os grandes financiadores de Jones Manoel são a direita e o imperialismo, seja direta ou indiretamente. Sem o antipetismo, que no final das contas foi o caldo que engrossou a fileira do fascismo no Brasil, não haveria Jones Manoel. Ele é a versão identitária e esquerdista dos manifestantes verde-amarelos que desfilavam na paulista com bonecos do Lula vestido de presidiário. Ele foi, é, e seguirá sendo por um tempo, uma das peças do golpe de estado. Em 2022 ele será uma das tantas armas que a direita apontará contra Lula, o PT e toda a classe trabalhadora em geral. E eventualmente, ainda que não sejam os nossos alvos principais, a esquerda que estiver combatendo de fato o golpe de estado, precisará também se ocupar com os capachos do imperialismo infiltrados em nossas fileiras. E, ao derrotarmos o golpe de estado e o antipetismo, restará ao Jones apenas a opção de pedir um emprego na GNT, canal de fofocas da família Marinho.
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