O PSOL e o PCdoB foram os principais defensores dentro do Movimento Fora Bolsonaro da presença do PSDB, de conjunto, incluindo Alckmin, Doria, FHC etc. nas manifestações convocadas pela esquerda.
Eles protestaram com alguma veemência contra o fato de que militantes do PCO e do PT colocaram para correr os cabos eleitorais tucanos que se infiltraram na manifestação com o claro intuito de quebrá-la e procurar garantir algum dividendo eleitoral para o então candidato preferencial da frente ampla, o governador paulista João Doria, com quem dirigentes e parlamentares desses partidos estiveram juntos em ato em 12/9, ao lado dos setores mais reacionários da direita golpista que, uma vez mais, levaram para a rua o “pixuleco” com a imagem de Lula presidiário, um dos principais “troféus” do golpe, que garantiu a fraude das eleições de 2018 e a vitória de Jair Bolsonaro, governo que o PSDB não só nunca quis retirar e, por isso, não assinou uma única petição de impeachment, das cerca de 150 protocoladas na Câmara Federal; mas com o qual também sempre votou junto em todas as medidas de ataque aos trabalhadores.
O próprio presidente do PSOL, Juliano Medeiros, procurou embelezar a presença do PSDB, com o falso argumento de que o partido estaria a favor do fim do governo Bolsonaro:
Em um momento decisivo, diante da possibilidade de unir toda a esquerda em torno da candidatura de Lula e apresentar sua candidatura como expressão da luta contra o regime golpista e como necessária continuação da mobilização realizada pela esquerda pelo Fora Bolsonaro, que levou centenas de milhares de pessoas às ruas, ameaçou a continuidade do governo e aprofundou a crise de todo o regime de arbítrio que vivemos, o PSOL realizou meses atrás seu Congresso e se recusou a definir o apoio à única candidatura capaz de derrotar Bolsonaro e toda a direita golpista, a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao contrário disso, se lançou em chantagens, como vem fazendo vários partidos da esquerda burguesa e pequeno burguesa, em favor de concessões absurdas por parte do PT, como a de que o maior partido da esquerda nacional retirasse a candidatura do ex-prefeito de São Paulo e ex-presidenciável que obteve 47 milhões de votos, em 2018, como candidato reserva de Lula, para apoiar a candidatura de Guilherme Boulos, que – na quele mesmo pleito – obteve 500 mil votos e que, há vários anos, vem sendo impulsionado pelo Partido da Imprensa Golpista como um desejável substituto para o “radicalismo” de Lula e de certos setores do PT e da esquerda.
Agora, o PSOL, depois de ter impulsionado a frente ampla, ou seja, a aliança com a direita golpista, vendo seus interesses eleitorais prejudicados (uma vez que o PT não tenha, por ora, sucumbido às suas chantagens), usa como pretexto para justificar seu não apoio a Lula (que já tinha ficado evidente no seu Congresso) a possível candidatura do golpista Geraldo Alckmin (ex-PSDB, hoje sem partido), como vice de Lula.
Como sempre, o PSOL não quer lutar contra a política de setores da burguesia, incluindo seus aliados do PSDB, PSB, do PIG (Partido da Imprensa Golpista) etc. que querem impor o nome de Alckmin ou alguém tão reacionário quanto como vice de Lula, quer apenas achar uma desculpa para, se for possível e mais rentável para os planos do próprio PSOL, não apoiar Lula e dar aparência de que se trata de um posicionamento à esquerda. Isso quando essa política, claramente, se trata de servir aos interesses de amplos setores da burguesia golpista que quer ver a esquerda dividida, ou seja, que quer dividir os votos de Lula ─ uma outra manobra para impedir sua eleição.
Muito possivelmente, como fez em outras oportunidades, com Heloísa Helena (2006) e Marina Silva (2010 e 2014), a burguesia (“nacional” e o imperialismo) estaria disposta até mesmo a dedicar algum espaço e outras vantagens para setores da esquerda que se disponham a fazer o jogo sujo de atacar a política frentista do PT e outras coisas mais, não com o objetivo de superá-la, de apontar um caminho de mobilização e de enfrentamento contra a direita, mas apenas para servir aos seus propósitos políticos e eleitorais.
O PSOL usou como primeiro pretexto ou como “condição” para apoiar Lula a inexistência de um “programa comum”, quando na realidade queriam apenas concessões eleitorais, como o apoio a Boulos etc. Agora, a desculpa é a aliança com Alckmin.
No entanto, o que a direita do PT e outros aliados do PSOL vem fazendo, inclusive, contra a vontade de amplos setores das bases e da direção do PT que rejeitam a aliança com Alckmin e outras manobras, como a federação partidária com o PSB, é colocar em prática o “programa” do PSOL, do PCdoB etc., da frente ampla, de unidade com os golpistas, dos arquitetos e defensores da criminosa operação Lava Jato, que setores do PSOL defenderam entusiasticamente.
O PSOL se lançou no apoio à frente ampla, defendeu o PSDB contra a esquerda, traficou o PSDB para dentro das manifestações do Fora Bolsonaro e, agora, quer tirar proveito da política que a direita tenta impor a Lula e à toda a esquerda, sem lutar contra ela. Quer usar Alckmin e o PSDB, para cometer um crime ainda maior, não apoiar a candidatura de Lula e se oferecer para ser impulsionado por aqueles que querem sabotar a possibilidade de que a maior liderança popular do Pais seja reconduzida à presidência e que isso, independentemente da vontade do PT, de Lula e de quem quer que seja, seja um possível impulsionador de uma ampla mobilização popular pela derrota da direita e pela conquista das reivindicações dos explorados, seja em um governo de Lula, seja fora dele.
Para a direção do PSOL, o que vale são seus cálculos e seus próprios interesses.
Para os revolucionários, valem acima de tudo os interesses dos trabalhadores e o avanço da sua luta.