Na esquerda brasileira, o PSTU notabilizou-se pelo seu posicionamento em política internacional sempre alinhado com os interesses do imperialismo mundial, notadamente norte americano, colocando-se sempre, embora com argumentos de tipo esquerdista, na mesma trincheira que o imperialismo contra os povos que lutam para se libertarem das garras desse monstro. Assim, apoiaram o golpe militar no Egito, a guerra contra o governo Assad na Síria, o golpe organizado pelo imperialismo contra seu próprio país, dentre muitos outros (exemplos não faltam). Sobre os recentes acontecimentos em Cuba, a posição do PSTU não surpreendeu nem um pouco: saiu em defesa do imperialismo que tenta desestabilizar o governo da ilha por meio de manifestações manipuladas.
O PSTU, no entanto, começa a despir-se até mesmo das justificativas de tipo esquerdista, típicas do centrismo pequeno-burguês que servem para camuflar seu alinhamento com os interesses do capital e sua traição da classe operária e a luta dos oprimidos. O PSTU realizará, nesta sexta-feira (23), um debate para discutir a situação cubana — chamada pelo partido de “ditadura”. Entre os debatedores, além dos dirigentes do partido, estará uma cubana que vive no Brasil de nome Jany Pons.
Acontece que a jovem cubana é uma restauracionista, isto é, uma pessoa que faz campanha contra o Estado Operário cubano, contra o regime cubano e contra o socialismo em favor do capitalismo. Não se trata de críticas, mas de uma posição que corrobora os interesses do imperialismo contra o povo cubano. Em uma entrevista, Pons afirmou ao sítio Movimentando o seguinte:
“O governo cubano parece que não entender que o mundo inteiro é capitalista. A gente precisa da economia, precisamos estar abertos para comercializar com outros países e para outras empresas irem para Cuba, eles precisam abrir a economia interna do país, também porque as pessoas em Cuba têm que ter o direito de investir, de empreender e eu não estou romantizando o empreendedorismo, mas não dá pra colocar todo mundo trabalhando para o governo”.
Jany Pons, no entanto, procura se diferenciar dos chamados gusanos tradicionais, aqueles cubanos de direita que em outros país traem os interesses de seu próprio povo, atuando como caluniadores de Cuba. Ela apresenta-se como esquerdista, e se utiliza desta “lugar de fala”, de esquerdista e cubana, para caluniar e fazer campanha contra Cuba pela “esquerda”.
A citação acima faz cair por terra qualquer pretensão esquerdista. O objetivo é o mesmo: derrubar o estado operário cubano, que com todas as críticas que possam ser feitas existe e tem de ser defendido pela esquerda. Esse objetivo necessariamente resultará na dominação imperialista sob a ilha e o povo cubano, levando-o a miséria e sofrimentos inauditos.
O PSTU realizar um debate com um elemento de direita dá uma passo a mais na integração com os interesses do imperialismo, se colocando junto, ombro a ombro, com os elementos que querem derrubar o regime cubano e restabelecer a dominação imperialista sob o País. Tal atitude não pode ser atribuída a mero erro de cálculo político, tão característico deste partido, mas uma orientação política sólida em defesa do capitalismo e do imperialismo contra os países que lutam contra a dominação do capital internacional.
Segundo o PSTU os atos provocadores que ocorreram em Cuba são legítimas manifestações populares, assim como foram os bolsonaristas que saíram às ruas para derrubar o governo do PT e que o PSTU considerou legítima manifestação popular. Negou ao governo cubano o direito de se defender da ofensiva claramente impulsionada pela CIA e pelo governo Americano, aproveitando-se do acirramento da crise econômica na ilha. Considerou os provocadores que querem derrubar o governo e que foram presos como mártires da luta pela liberdade, quando estes lutam pela opressão de seu próprio povo.
A posição democrática e revolucionária, mesmo em um país atrasado capitalista, com um governo ditatorial, é a defesa deste povo contra o imperialismo, que é um poder monstruoso. O PSTU, embora escreva a palavra, ignora o imperialismo como fator político, vê o mundo como uma luta entre a democracia e a ditadura. Curiosamente, tudo que é do interesse do imperialismo é para o PSTU democrático, tudo que é do interesses dos oprimidos é ditadura. O governo cubano, na sua asseveração, é ditadura, não pode ser defendido, mesmo que isso resulte na dominação imperialista do país.
Além de manchar o nome do trotskismo, pois se dizem trotskistas, ou seja, marxistas, o PSTU trai a cada passo os interesses dos oprimidos e se a cada passo está mais próximo da direita. No caso, estão até mesmo juntos para condenar um povo oprimido que resiste há décadas à investida do mais terrível monstro.