O novo plano de biossegurança já foi divulgado em meio a reabertura do ensino superior e médio no dia 1º de maio, e contém pelo menos 63 normas que devem ser seguidas por estudantes, professores, diretores e demais funcionários das unidades estaduais. É necessário que estas normas sejam compreendidas pelo que são de fato: Pura demagogia. Não é deste ano que a publicação de protocolos com medidas de segurança detalhados para a volta as aulas se tornou um método de contenção e apaziguamento dos estudantes, pais e elementos de esquerda que corretamente veem o retorno das aulas com a hostilidade que ela merece.
O plano de biossegurança contem medidas como a definição do horário de entrada, saída e intervalos de cada escola para evitar aglomeração, aferimento de temperatura e higienização das mãos e calçados de todos os estudantes que entram e saem da escola, limpeza completa do espaço escolar a cada troca de turno, e higienização de banheiros e cozinhas a cada 2 horas. Neste cenário desesperador e impraticável, há também o fato de que o plano não requer teste de Covid-19 realizado pelos funcionários e alunos para o retorno. O contexto brasileiro da doença escancara estas medidas: o índice de contaminação de Dezembro está em 1,13, ou seja, a cada 100 contaminados, outros 113 são infectados. Vemos já mais de mil mortes diariamente pelo coronavírus, e mesmo assim, com estes critérios desesperados, vale a pena os pais e alunos levarem este risco?
É claro que estes critérios de precaução são incapazes de se realizarem, também, na vasta maioria das escolas brasileiras, principalmente na rede publica, uma vez que não há infraestrutura ou verba para tal, muito menos organização. Infelizmente, essas medidas protocolares não impedirão que novos casos se empilhem sobre os professores e alunos, fazendo com que as escolas fechem novamente de qualquer maneira. Isso pois estes protocolos não servem para impedir novos casos de doença e sim como propaganda da burguesia para avançar a política de reabertura das escolas.
A realidade é que o retorno às aulas em meio a pandemia é uma política genocida, independente da existência ou não de medidas preventivas. O movimento da burguesia para restabelecer as aulas presenciais é uma clara articulação em favor dos interesses próprios destes elementos. Seguindo as pesquisas da OCDE, que afirma a queda de 1,5% do PIB mundial devido ao fechamento das escolas, é possível ver no mundo inteiro medidas, movimentos e propagandas de caráter direitista que visam favorecer a política de reabertura, algo que continua desde o ano passado.
A organização dos estudantes e professores contra a volta as aulas é a alternativa mais correta para se defender contra estes ataques da extrema-direita genocida contra o povo. Não se devem alimentar ilusões, estas políticas e movimentações agem contra os estudantes e demais setores da comunidade escolar (pais, funcionários e professores), e não passa de uma articulação que pretende promover um genocídio da juventude em escala nacional. Não é do interesse das categorias estudantis aceitar ou corroborar com a reabertura das escolas ou com a legitimação do calendário escolar esdrúxulo do ano passado. Por meio legislativo ou eleitoral não será possível conter a ofensiva da direita e da burguesia. A tarefa para a juventude já foi posta, e não há outra saída: é necessário lutar pela suspensão do calendário escolar até o fim da pandemia.