Os atos ocorridos neste último dia 18 foram marcados por dois importantes fatores: a participação efetiva de diversas categorias, sobretudo as mais atingidas pelo governo Bolsonaro, como os professores, servidores e os ecetistas, fazendo com que assim, pela primeira vez desde o início das manifestações, a classe trabalhadora tomasse às ruas contra o regime golpista. Contudo, por outro lado, ficou claro a política daqueles que defendem a frente ampla e que boicotaram de maneira direta as manifestações.
Este setor, amplamente denunciado pelo Partido da Causa Operária (PCO), desde antes das manifestações, adotou uma posição frontalmente contrária a mobilização dos trabalhadores, porém, isto não é de hoje. Partidos como PCdoB, PSOL, entre outros, que adotam desde o final de 2020 a posição de que deve-se realizar uma grande aliança com o setor dito “democrático” da burguesia – PSDB, e seus partidos satélites -, os principais responsáveis pelo golpe, estiveram desde o início da pandemia contrários às manifestações.
Vale lembrar que estes foram os principais grupos dentro da esquerda pequeno-burguesa que, totalmente a reboque da política da burguesia, adotaram firmemente a política do “fique em casa”. Esta política consistia não em uma campanha anti-covid, pois os trabalhadores em nenhum momento puderam sair das ruas, mas sim em uma campanha anti-mobilização, da qual entravou por quase um ano todo o movimento popular.
Até o início das grandes manifestações nacionais, este setor se colocava totalmente contra sair às ruas, deixando a classe operária à mercê do vírus. Contudo, com início das mobilizações e a forte explosão social, a esquerda pequeno-burguesa foi forçada a participar das manifestações. Não tiveram escolha, os trabalhadores e a base destes partidos os empurram para as ruas.
Mesmo assim, em nenhum momento estas direções mudaram de opinião. Sua principal política sempre foi a de aliança com o principal setor da burguesia, e seu partido, o PSDB. Em duas ocasiões, os defensores da frente ampla buscaram infiltrar os tucanos para o interior do movimento, como abrir espaço para partidos como o PDT e o PSDB, defensores do golpe de estado. Tanto no dia 3 de julho, como no dia 24, onde foi organizado o chamado “Bloco Democrático”, esta iniciativa falhou graças ao forte rechaço no interior do movimento.
Com a impossibilidade de emplacar a frente ampla nas manifestações, estes grupos decidiram boicotar o movimento, contando com a vacilação do PT e da CUT na hora de convocar os atos. Assim, PCdoB, PSOL, PCB, entre outros, fingiram que o dia 18 sequer existia, justamente o ato que contaria pela primeira vez com a participação em bloco das categorias.
Este foi um grande ataque à mobilização dos trabalhadores, que não parou graças à grande radicalização que toma conta da população. Para o dia 7 de setembro, a esquerda pequeno-burguesa prepara um novo boicote, que poderá ser apenas impedido com a convocação massiva da CUT e seus sindicatos, junto à classe trabalhadora, e também com a mobilização das bases da esquerda. Os militantes do PCO estarão, novamente, à cabeça dessa mobilização.





