A chantagem e a barganha são políticas típicas da direita mais vil e oportunista. No entanto, setores da esquerda decidiram aplicar esse método para as próximas eleições. O PSOL, por exemplo, está chantageando o PT insinuando que o apoio à candidatura presidencial de Lula em 2022 estaria condicionada a um apoio do partido a Boulos no governo de São Paulo.
Outros setores da esquerda disfarçam essa política com a seguinte frase: “o apoio a Lula está condicionado à discussão de um programa”. À primeira vista, parece muito revolucionário querer que Lula apresente um programa comum com a esquerda, mas tudo isso não passa de uma política oportunista. A não ser que acreditemos que Lula vai abandonar sua política conciliatória apenas porque algum esquerdista iluminado quer.
A verdadeira política revolucionária é aquela que entende qual é o caminho para uma mobilização das massas. Não basta falar em revolução, é preciso saber por onde, em determinado momento, pode passar um movimento revolucionário. E nesse momento, no que diz respeito às eleições, a única candidatura capaz de servir como um instrumento de mobilização é Lula.
Não se trata, como querem alguns pseudo-radicais de esperar as eleições. Trata-se de mobilizar o povo enquanto as eleições são uma realidade, ou seja, queira o esquerdista mais radical ou não, fato é que em 2022 muito provavelmente estará colocada a questão de quem será o candidato popular capaz de derrotar Bolsonaro e o golpe. E não há nenhum outro nome capaz disso que não seja Lula.
Por isso o apoio a Lula deve ser incondicional e ser feito desde já. Esse apoio pressupõe uma ampla mobilização para apoia-lo e pressupõe que sua candidatura deve ser uma alavanca para uma mobilização contra os golpistas. A esquerda que exige contrapartidas para apoiar Lula está atrás de cargos e posições; isso não interessa ao povo.
Apoiar Lula não significa fazer uma coligação eleitoral com o PT, nem concordar com o programa de Lula, nem entrar em um eventual governo do PT. Não significa também que os movimentos populares não devam apresentar a Lula um programa que contenha um conjunto de reivindicações populares.
A esquerda brasileira deve lançar imediatamente a candidatura de Lula Presidente como uma política popular para derrotar o golpe de Estado implantado em 2016. Segundo Rui Costa Pimenta, presidente Nacional do PCO, a candidatura de Lula é real. “A vitória de Lula não vai mudar o país, mas vai criar melhores condições para mudar as coisas. É preciso criar um movimento popular em torno de um programa dos trabalhadores”.
A barganha que alguns setores da esquerda fazem para retardar a campanha pela candidatura de Lula não é contra o PT, mas é contra todo o povo. O povo quer derrotar Bolsonaro, o povo já mostrou que está disposto a se mobilizar contra esses golpistas e no terreno eleitoral o povo entende que votar em Lula é a saída para livrar o País do golpe.