Carlos Marighella continua sofrendo as injustiças e as opressões do sistema capitalista. Não o político e o guerrilheiro baiano e sim a ocupação soteropolitana batizada em sua homenagem na Avenida Sete de Setembro.
Na última quinta, por volta das 17 horas, três moradores foram levados por policiais civis que invadiram a ocupação armados e sem mandado judicial de busca. O motivo de tal brutalidade seria para localizar celulares furtados e drogas. Com esta desculpa os policiais com armas em punho percorreram os andares, entrando nas casas e abordando os moradores, de acordo com a informação concedida pela coordenação do grupo ao site Metro1.
Os três moradores, dois homens e uma mulher, foram levados à Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) sem motivo aparente que não fosse a acusação dos policiais de roubo de celulares mesmo sem encontrar nada até porque tais roubos não teriam ocorrido como aponta a coordenação da ocupação. Felizmente, à noite foram liberados. Com o agravante que a atuação policial aproveitou para arrombar a sala da coordenação localizada no térreo do prédio provocando também a queda de uma parte da parede.
A ocupação Carlos Marighella está no antigo Centro Educacional Magalhães Neto na Avenida Sete de Setembro no centro de Salvador. Este prédio escolar está abandonado há mais de seis anos.
Assim, em 21 de junho deste ano, 200 famílias se mudaram com o apoio do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) para ter algo próximo de uma moradia digna, possibilidade cada vez mais ameaçada pela situação sanitária da pandemia. Como a esquerda pequeno-burguesa parece desconhecer, é muito difícil ficar em casa quando não se tem uma.
O site A Verdade traz a entrevista de uma moradora que mostra a total falta de respeito da polícia civil à classe trabalhadora. Os policiais forçaram a porta do seu banheiro enquanto ela estava se banhando, perguntando o que ela estava fazendo. Ela conseguiu vestir um short e mesmo toda molhada os policiais civis continuaram a tratando com truculência.
Segundo o site, a pressão policial sobre a ocupação estaria a cargo de uma política da prefeitura de Salvador, cujo prefeito é Bruno Reis (DEM), e do governo da Bahia, cujo governador é Rui Costa (PT) para permitir que o prédio em uma região central se transforme em um hotel.
Independentemente disso, a ação truculenta buscando incriminar e humilhar os moradores desta ocupação reflete uma política da burguesia em expulsar a classe trabalhadora dos setores urbanos que podem alcançar uma valorização.
Além disso, comprova que mesmo em um estado governado por um partido de esquerda as polícias tanto civil como militar não estão preocupadas com o povo e muito menos a classe trabalhadora e os mais desfavorecidos e sim garantir uma ordem para defender a propriedade da burguesia. O governo de Rui Costa, da ala direita do PT, ao invés de enfraquecer o aparato de repressão contra o povo, acabo fortalecendo-o devido às suas alianças com os setores mais direitistas da política baiana, como o golpista ACM Neto.
Não é uma questão de ser militarizar ou não as polícias e sim dissolvê-las e substituí-las por uma força de segurança composta pelos trabalhadores que ao mesmo tempo possa ser controlada pelos cidadãos.