Todo calhorda é incapaz de se apresentar como digno de sua premissa. Com a dinâmica dos acontecimentos políticos, esses demagogos invertem suas posições como um anemômetro em resposta ao vento. Carentes de princípio, utilizam de todas as alternativas para encobrirem a perfídia e suas contradições. A extrema-direita, como se sabe, é o setor mais atrasado político e culturalmente, opõem-se à marcha histórica da humanidade, destacam-se como árduos defensores da fé e dos bons costumes, mas, no final, tudo não passa de falsidade.
Em 2020, durante as eleições para prefeito de São Paulo, o bolsonarista Paulo Kogos, um típico elemento reacionário da burguesia, publicou em sua conta no Instagram que votaria em Guilherme Boulos (Psol) “para não eleger o maldito Covas”. Propagandeando a legenda da esquerda, Kogos lançou em sua rede social o nome e o número de seu candidato. Em discussão sobre as eleições para a prefeitura, um usuário da plataforma havia salientado que iria de Covas no segundo turno. O apóstolo da extrema-direita logo respondeu: Boulos 50. Conhecido por se manifestar contra a “DitaDoria” durante a pandemia, Kogos acabara vacilando em seus pronunciamentos e deixando escapar o apoio ao candidato da esquerda.
Assim que o assunto ganhou repercussão, o direitista tratou de revisar seu apontamento. Ao perceber sua heresia, Kogos disse que era uma brincadeira. “Eu não vou apoiar o merda do Boulos em hipótese nenhuma seus crédulos maledicentes. Eu tava zoando que ele ia invadir a mansão do Doria, apenas isso! Psol é um partido de pirocas e MTST deveria ser enquadrado em crime de terrorismo (sic)”, disse. Ora, quem declarou apoio ao candidato do Psol foi ele mesmo. Contra fatos não há argumento. Se foi brincadeira ou não, trata-se de um fato consumado; basta ver o que foi dito. O espantoso é que o dito defensor do anarcocapitalismo, o super liberal e suposto defensor da liberdade e contrário à ditadura de Doria decidiu processar o Diário Causa Operária (DCO) por danos morais. É isso mesmo, caro leitor… Não é injúria nem difamação, mas danos morais do que ele está nos acusando. Kogos está pedindo 20 mil reais por estrago de sua imagem por termos dito que ele apoiou Guilherme Boulos em artigo da época, que denunciava o apoio que o candidato do Psol recebeu de diversos segmentos da burguesia.

Essa candente contradição, típica dos elementos oportunistas e sem princípios, demonstra que Kogos nada tem contra o Estado e tampouco a favor da liberdade. Muito pelo contrário, usa o Estado para reprimir a liberdade de expressão. Não somente Kogos como o outro direitista Felipe Neto chegou a declarar apoio no segundo turno ao candidato do Psol. Sergio Moro, artífice do golpe de 2018, responsável pela prisão ilegal do ex-presidente Lula também deu destaque ao Psol. “O PSOL tornou-se o partido de esquerda mais relevante”, disse o Mussolini de Maringá. Vejam, portanto, que não só o “liberal conservador” Paulo Kogos resolvera apoiar Boulos. Essa farsa foi acompanhada dos mais destacados direitistas nacionais. A diferença é que Kogos resolveu processar o DCO por destacar seu próprio posicionamento.
Por essas e outras, aumenta o cerco do aparato repressivo do Estado contra a liberdade de expressão. É um erro da esquerda apoiar a campanha contra as fake news, uma vez que estão sendo usadas para calar a esquerda. Toda a campanha da direita buscou criar uma candidatura de esquerda artificial para enterrar a mobilização popular e criar uma “cara nova de esquerda” sem base popular, facilmente manipulável pela burguesia. Sabendo disso ou não, Kogos assumiu a dianteira na defesa do candidato da esquerda da burguesia. Se alguém “manchou” sua reputação, não fomos nós; ele mesmo tratou de enterrar sua cabeça na lama do cretinismo e da falta de princípios que diz ter.





