Poucos dias após o governador de São Paulo, João Doria (PSDB,) publicar Decreto – no último dia 27 – tornando a educação básica um serviço essencial, com o objetivo criminoso de forçar a volta às aulas presenciais no momento em que SP e todo o País estão em colapso diante do avanço da pandemia, outros políticos da direita começaram a adotar medidas no mesmo sentido, evidenciando a unidade destes setores com a política genocida de Bolsonaro e dos “negacionistas” que, em resumo, consiste em “deixar morrer” a população e defender os interesses dos tubarões capitalistas.
Não é “1º de abril”: Prefeitos do Rio e São Paulo querem reabrir escolas
O “afilhado” de Doria e prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), por exemplo, autorizou no dia de ontem a retomada das aulas nas redes pública e privada ao final da fase emergencial do Plano São Paulo, no dia 12 de abril, desde que as restrições não sejam prorrogadas pelo governo do Estado, em decreto no qual afirma que os profissionais serão testados antes do retorno. No entanto, Covas prometeu em sua campanha eleitoral que testaria 100% dos trabalhadores da Educação e dos alunos da rede pública antes do ano letivo de 2021 e foram testados apenas 17% do total.
Como prometer não custa nada, Doria também diz que pretende começar a campanha de vacinação de professores da rede pública e privada, além de diretores, inspetores e outros profissionais da educação, a partir de 12 de abril, começando pela imunização dos docentes da Educação Básica com mais de 47 anos. No entanto, como todos sabem, a vacinação caminha a “passos de tartaruga” e vacinas apenas uma parte da comunidade escolar, deixando de fora alunos e familiares, nem de longe oferece nenhuma garantia de que não vá se repetir o ocorrido no começo do ano (meses de fevereiro e começo de março), quando em apenas um mês de aulas, o governo registrou 4.084 casos confirmados e 24.345 casos suspeitos de covid-19, nas unidades escolares, em números sabidamente subnotificados (ou falsificados). Só entre os trabalhadores da Educação foram registradas 59 mortes, em levantamento parcial, naquele período. Incluindo-se os alunos e familiares atingidos, bem como os que morreram em casa (depois de contraírem a doença nas escolas), depois da suspensão das aulas, o total de mortos supera o total de 100.
Por sua vez, o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM), também anunciou nesta quinta-feira (1) que as escolas da rede municipal carioca estarão autorizadas a retomar suas atividades normais, com aulas presenciais, a partir da próxima segunda-feira (5).
Em pleno colapso
Isso quando o Rio de Janeiro registrou ontem um novo recorde de mortes por Covid em 24 horas no Estado, com 387 pessoas mortas em 24 horas, de acordo com boletim da Secretaria Estadual de Saúde. O RJ ultrapassou a marca oficial de 37 mil mortos, só sendo superado no Brasil por São Paulo, onde o “científicos” governos de Doria, Covas e Cia. já levaram à morte mais de 75 mil pessoas.
Fica evidente o caráter criminoso dessa política, idêntica àquela defendida e praticada pelo governo Bolsonaro e outros governos da ala “negacionista”.
Ao mesmo tempo fica evidente que toda a política repressiva desses e outros governos que adotaram “toque de recolher” e simulacros de lockdown, nada tem a ver com a proteção da população, mas apenas têm o intuito de conter a revolta popular e aparentar junto a setores da classe média e da burguesia que têm condições de isolamento, que estariam agindo para “combater a pandemia”, o que – nem de longe – corresponde à realidade.
As escolas nunca foram um ambiente seguro e com as devidas condições de higiene e limpeza para a comunidade escolar. Isso só agrava a situação em tempos de pandemia. Isso fica evidente – dentre outros – em pesquisas do Instituto de Arquitetos do Brasil e ao DIEESE, que resultou no Manual Técnico para Escolas Saudáveis, o qual revelou que 82% das escolas não têm mais de dois sanitários para uso dos estudantes, além da falta enfermarias, quadras e ambientes ventilados. Sendo um dos ambientes mais propícios para a propagação do coronavírus.
Retomar a mobilização
Os criminosos pressionam pela volta às aulas no momento em que os hospitais estão superlotados e não há vagas nas UTI’s, transformadas em verdadeiras Câmaras de morte, com 85% dos entubados vindo a óbito, nas últimas semanas.
Para barrar essa ofensiva da direita, que se expressa em muitos outros estados e munícipios pelo País afora, é preciso reorganizar a mobilização dos educadores – que foi fundamental para forçar Doria a suspender as aulas – e dos estudantes, superando a paralisia da maioria das direções sindicais e estudantis que, influenciadas pelas direções da esquerda, mantém a política de não lutar e apoiar os governo da direita “cinetfífica”