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Movimento Fora Bolsonaro

Os avanços organizativos como contraponto às capitulações

O enfrentamento político real sempre gera frutos, mesmo nas adversidades. Diante das seguidas tentativas de sabotagem dos atos Fora Bolsonaro, surgiu o Bloco Vermelho.

Em meio ao esforço da esquerda pequeno-burguesa em manter as massas paralisadas diante do ilegítimo governo Bolsonaro, o PCO teve papel destacado para destravar a mobilização popular nas ruas e impedir uma série de ações de sabotagem aos atos por parte da direita e de setores da própria esquerda. Por fim, o aprendizado prático acumulado pela militância mais combativa nesse enfrentamento deixou como saldo importantes avanços organizativos, que servirão para impulsionar uma campanha por Lula Presidente a partir das bases.

A paralisia pré-pandemia

Muitos já devem ter se esquecido, mas muito antes da pandemia de covid a esquerda já estava com o freio de mão puxado quando o assunto era derrubar Bolsonaro. Enquanto o PCO lançava a campanha Fora Bolsonaro ainda em 2018, a esquerda viciada em eleições e dependente química das instituições burguesas fazia a improvável aposta de que o slogan “Haddad é Lula” teria o poder de transferir integralmente os votos da figura política mais popular do país para um professor universitário sem identificação com as massas.

Eleições 2022: está em marcha um golpe contra Lula

Durante todo o ano de 2019, surgiu todo tipo de tese para justificar que mesmo sob um governo considerado fascista deveríamos respeitar a “democracia” e confiar nas instituições. As mesmas instituições que derrubaram o governo Dilma e prenderam Lula para eleger Bolsonaro. Uns diziam que a conjuntura não era favorável, que uma campanha de combate aberto ao governo recém eleito através de uma fraude era precoce, o certo seria esperar por um momento favorável para agir. Enquanto isso, os ataques contra o povo foram só acumulando.

Pandemia de covid e intensificação da paralisia

O que já estava ruim, piorou muito. A grave crise sanitária expôs de maneira bastante clara o caráter de classe da esquerda “bem pensante”. Enquanto o trabalhador comum seguiu se aglomerando nos transportes públicos, linhas de produção e demais espaços de aglutinação proletária, a classe média de direita e de esquerda se agarrou com fervorosa fé ao “fique em casa”.

Enquanto higienizavam compras de supermercado feitas por trabalhadores subempregados, discutiam nas redes sociais sobre o negacionismo bolsonarista, ao mesmo tempo em que negavam eles próprios a realidade da maioria da população. No desespero, passaram a elogiar abertamente figuras do mesmo patamar político de Bolsonaro, como João Doria e Wilson Witzel. A imensa maioria dos sindicatos fechou as portas em nome da “ciência” enquanto o contingente de desempregados só crescia, assim como os ataques aos direitos trabalhistas. Uma amostra de que a burocracia sindical está longe demais do trabalhador a quem deveria representar diante dos patrões.

Sim, somos politicamente incorretos

O ponto de virada

Com a esquerda acovardada e preocupada apenas com o próprio umbigo, as bases de extrema-direita começaram a levantar a cabeça e ocupar as ruas em apoio ao governo. Em São Paulo, torcidas organizadas de futebol, alvo constante de ataques da burguesia e da esquerda “bem pensante”, convocaram um ato para expulsar os fascistas da Avenida Paulista. Foi o começo da polarização nas ruas entre setores populares e apoiadores do ilegítimo governo.

Depois que a barreira do “fique em casa” foi rachada pelas torcidas, a esquerda que até poucos dias chamava de irresponsáveis aqueles que propunham atos de rua pelo Fora Bolsonaro saiu da cama, tirou o pijama e apareceu para liderar ladeira abaixo o levante espontâneo do povo.

Impossível não citar aqui a participação canalha de Guilherme “nova esquerda” Boulos e seu pupilo Danilo Pássaro. Às vésperas de novo ato marcado para sacramentar a expulsão da direita das ruas e impor a ação popular contra a repressão policial ocorrida no ato anterior, Boulos apareceu com um “acordo” estabelecido entre ele, a extrema-direita e a Polícia Militar. Com isso, o ato foi levado para o Largo da Batata, longe do palco onde a luta se desenrolava mas próximo aos barezinhos da Vila Madalena.

O “combate ao fascismo” foi transformado em palanque eleitoral e afastou as massas que queriam agir politicamente e não escutar intermináveis discursos. Boulos deu lugar então ao pupilo Pássaro, que teve destaque na imprensa burguesa e chegou a ameaçar militantes do PCO por conta das bandeiras vermelhas do partido. Antecipando o apoio de setores da esquerda pequeno-burguesa à infiltração do PSDB nos atos Fora Bolsonaro em 2021, Pássaro fazia uso de sinalizadores amarelos e azuis. Por fim, o pupilo de Boulos finalizou sua participação celebrando uma esvaziada missa ecumênica na frente da Catedral da Sé.

Nossa bandeira sempre será vermelha

Na contramão dessa política capituladora, o PCO seguiu realizando pequenos atos durante todo o segundo semestre de 2020. Sinalizando à militância de esquerda que a luta contra a direita golpista havia sobrevivido à capitulação e continuava viva nas ruas.

Os atos foram retomados no começo de 2021 e serviram como uma preparação para o 1º de maio, que funcionou como um novo ponto de virada na situação geral. Enquanto a esquerda de classe média voltou para o conforto dos seus lares e para a política farsesca do “fique em casa”, o PCO impulsionou junto com os Comitês de Luta um verdadeiro ato para honrar a luta histórica dos trabalhadores.

Enquanto a esquerda brincava de “atos virtuais”, algumas milhares de pessoas ocuparam a Praça da Sé e saíram em passeata para colocar o governo na parede. O enorme sucesso do ato tornou impossível a manutenção da política de ignorar o PCO e a militância combativa que tomou as ruas. Mais uma vez, a esquerda “bem pensante” teve que tirar o bumbum do sofá e ir ao encontro do povo. Pouco depois do 1º de maio na Sé, foi marcado o primeiro ato conjunto da esquerda pelo Fora Bolsonaro.

Por que o PCO defende o armamento

Dois passos à frente, um passo atrás

A convocação do ato, mesmo que feita sem tanto ímpeto, foi um estrondoso sucesso. A militância de esquerda estava ávida por atuar politicamente fora das redes sociais, onde muito se escreve mas nada de significativo pode acontecer, pois não é um palco decisivo da luta política.

Porém, como já tem se tornado fácil de prever, essa esquerda que ficou em casa torcendo pelas ações da direita no combate à pandemia pisou nas ruas já pensando em voltar rapidamente pro conforto dos seus lares. Talvez o primeiro ato de sabotagem tenha sido o excessivo espaçamento dos atos, que superava os 30 dias e jogava água fria na revolta contra o governo.

Depois veio a insistência em tingir os atos da esquerda de verde e amarelo, num claro contraste com a luta política em defesa dos direitos da população, como se fosse natural aderir à demagogia nacionalista vazia de conteúdo político no melhor estilo teatral da extrema-direita. Essa foi a preparação para o passo seguinte da sabotagem, trazer a direita golpista para os palanques da esquerda nas ruas.

Uma nova esperança

Diante de tantos contratempos, surgiu um novo impulso à aglutinação entre os setores combativos da esquerda que resultou no Bloco Vermelho. Integrando militantes do PCO, da base do PT, da CUT e de movimentos como a Frente Internacionalista dos Sem-Teto (FIST), o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) e a Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), por exemplo, o setor mais ativo dos atos tingiu as ruas de vermelho e não cedeu o palco das lutas populares para a direita que elegeu Bolsonaro.

A plenária nacional nos dias 6 e 7 de novembro foi um importante marco nessa articulação política e foi vital para a sobrevivência das manifestações após a debandada dos crackeiros eleitorais, que prometem voltar em 2022 ávidos por cargos (e verbas) nas instituições políticas controladas rigidamente pela burguesia. O ato do último dia 12/12, por Fora Bolsonaro e Lula Presidente deu o tom de como a luta transcorrerá durante as férias da esquerda pequeno-burguesa.

O novo ato nacional para impulsionar a palavra de ordem “Lula Presidente, por um governo dos trabalhadores” será em fevereiro no Rio de Janeiro e o motor da mobilização é justamente o Bloco Vermelho, surgido em oposição à capitulação da esquerda e leal à luta do povo oprimido sem descanso pela burguesia.

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