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A Bahia fora dos trilhos

O triste fim do Trem do Subúrbio em Salvador

Governo da Bahia cessará o transporte dos trens que ligam o subúrbio de Salvador e os substituirá por um monotrilho caro e ineficiente.

O dia 15 de fevereiro de 2021 tornou-se um dos dias mais tristes da história da Bahia. O governo do Estado encerrou a operação da linha férrea que cruzava o subúrbio de Salvador para dar lugar à construção de um monotrilho, caro e que não atenderá à população.

O Trem do Subúrbio é uma das maiores riquezas culturais da capital baiana e que tem grande valor histórico, cultural e econômico especialmente para a população mais pobre de Salvador. O sucateamento e a privatização do Trem do Subúrbio significam uma tragédia para o povo de Salvador e da Bahia.

Raimundo Birro, morador de Mapele, em Simões Filho, região metropolitana de Salvador, afirma que “com essa parada desse trem aí, não está ofendendo só o Subúrbio, está ofendendo a região metropolitana e o Recôncavo, a Bahia toda.”

A população baiana, já bastante empobrecida, perderá seu sustento, sua cultura e sua história.

O fim do Trem e a farsa do monotrilho

Apesar do Trem do Subúrbio ter uma importância histórica, econômica e cultural para a população de Salvador, de fato, são necessárias reformas e melhorias tecnológicas para melhorar a qualidade dos serviços prestados à população.

Por isso, o governo do Estado da Bahia propôs substituir os trens por VLTs (veículo leve sobre trilho). Até aí, tudo bem. Os VLTs utilizam, assim como os trens, a malha férrea.

Assim, abriu-se uma licitação para a implementação do VLT. Deste modo, seria possível até expandir a malha férrea até o Recôncavo Baiano, ligando diversas cidades da região metropolitana de Salvador, como Alagoinhas, Feira de Santana, Camaçari, Simões Filho e Dias D’Ávila. Seria aberta até mesmo a possibilidade de levar os trens mais uma vez até Juazeiro, no norte do estado.

Entretanto, o que ocorreu foi justamente o contrário. A licitação feita para o VLT foi completamente subvertida. O edital permitia também a implementação de “VLT ou similares”.

Devido à Lava Jato, que dizimou boa parte das empresas nacionais, a licitação para a construção do VLT teve apenas uma concorrente, a chinesa China Tiesiju Civil Engineering (CTCE). Entretanto, esta empresa não possui know-how algum sobre VLTs, mas outro tipo de modal, o monotrilho.

Através de intenso imposição, especialmente de Bruno Dauster, ex-secretário da Casa Civil do Estado da Bahia, e pouquíssima discussão com a comunidade, o governo do Estado impôs a implementação do monotrilho, apesar da constante oposição da comunidade do Subúrbio Ferroviário e de movimentos sociais.

Gilson Vieira, do Movimento Ver de Trem, denunciou a este Diário que o governador e seus secretários nunca atenderam as entidades em defesa do trem. No máximo, destacaram um chefe de gabinete para ouvi-los.

Gilbert Bahia, também do Ver de Trem, também denunciou que “as audiências públicas foram todas orquestradas”. Nelas estavam presentes diversos elementos que apenas diziam “amém” ao que era proposto pelo governo.

Bruno Dauster é ex-diretor de Desenvolvimento da empreiteira baiana OAS. Sua função no governo da Bahia era claramente de agir em prol dos capitalistas, salvaguardando seus interesses sobre os da população nas chamadas obras ‘GG’ do governo.

Dauster foi, em 2020, pivô do escândalo dos respiradores mecânicos comprados pelo Consórcio Nordeste, mas que nunca chegaram. Devido à repercussão do caso, Dauster pediu exoneração do seu cargo como Chefe da Casa Civil.

Com uso de muita malandragem, o governo do Estado mudou o significado de VLT de veículo leve sobre trilhos para veículo leve de transporte. Uma total fraude. Ainda mais que o monotrilho não se encaixa propriamente nem na definição de veículo leve.

O problema do monotrilho não está em simplesmente ser um modal diferente, mas ser um modal caro e muito ineficiente.

O arquiteto e urbanista, Carlos Alberto Querino, considera que “são absurdos utilizar Monotrilhos ou qualquer tecnologia similar seja aeromóveis ou teleféricos tanto no traçado do trem como no traçado da Avenida Dr. Afrânio Peixoto(Av. Suburbana). Na Afrânio Peixoto sempre vimos o Sistema Troleibus o mais indicado nas simulações. Lembremos que hoje o Centro Histórico de Salvador ficou gradualmente em penúria com a extinção dos bondes fins de 1960, erro imperdoável até hoje não foi corrigido, quem assim proceder, estará resgatando a história. A solução objetiva é a volta da tecnologia de guias fixas por Bondes Modernos (VLTs) no Centro Histórico e em alguns corredores com linhas diametrais e circulares.”

Diferentemente dos trens e outros veículos que andam sobre trilhos, o monotrilho, apesar do nome, roda sobre pneu. Portanto, para construção do mesmo será necessário destruir toda a malha férrea, gerando custos adicionais e fortes impactos ambiental, social e econômico.

Outro ponto contra o monotrilho é que ele roda sobre elevados e não no chão. Assim, é necessário o uso de grandes quantidades de concreto para construção dos elevados.

Além disso, toda tecnologia dos monotrilhos é proprietária. Deste modo, se a empresa CTCE falir ou simplesmente quebrar o contrato, toda obra do monotrilho deverá ser demolida, pois os equipamentos de outras empresas não conseguirão utilizar a estrutura montada para a tecnologia da CTCE.

O contrato do governo do Estado com o Consórcio Skyrail Bahia também é uma verdadeira aberração. Primeiro pelo tempo, pois ele durará 35 anos. Neste tempo, a própria tecnologia do monotrilho, que já é pouco eficiente, tenderá a se tornar completamente obsoleta.

Também deve ser dito que o governo do Estado, no contrato, garantirá, ao menos 170 mil passagens por dia. Isto quer dizer que, se 70 mil pessoas utilizarem o monotrilho em um dia, o governo deverá custear 100 mil passagens naquele dia. Utilizando o preço de R$4,20 por passagem, isto significaria o custo R$420 mil em um único dia.

O próprio governo do Estado contratou um estudo de viabilidade para o monotrilho e foi constatado que ele só atingirá 120 mil usuários por dia, seguindo o projeto atual, em 2038. Até lá, o governo do Estado desembolsará enormes quantias para sustentar este elefante branco.

Segundo Gilbert Bahia, uma das justificativas apresentadas pelo governo para utilizar o monotrilho ao invés do VLT foi que o segundo não suportaria 120 mil usuários por dia.

Este argumento do governo é uma meia verdade. Afinal, este número só será atingido daqui a quase 20 anos. Até lá, é previsível que a economia e a geografia da cidade já tenham mudado drasticamente. A tecnologia férrea também evoluirá, possibilitando que acompanhe o crescimento da mudança.

Carlos Alberto Querino, entende que o modelo estabelecido não é favorável nem aos chineses. “…a compreensão que tenho é que ninguém sairá ganhando, nem mesmo o consórcio chinês na configuração apresentada, apenas há um valor para cobrir a operação que programaram”, afirma.

Conhecendo o histórico das licitações brasileiras, não seria absurdo especular que, dentro de algum tempo o próprio Consórcio queira renegociar o contrato.

O argumento de Querino é bastante verdadeiro. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que emprestaria o dinheiro para a construção do monotrilho, não viu a viabilidade técnica do projeto. O governo do Estado foi obrigado a recorrer ao Banco do Brasil. Para isso, na calada da noite, inventou um projeto de lei na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), que permitiu ao governo tomar o empréstimo junto ao Banco do Brasil. O projeto foi aprovado pela maioria governista da casa. Em outras palavras, um empréstimo, que deveria ter sua legitimidade dada por aspectos técnicos foi aprovado por mera politicagem.

Segundo Gilbert Bahia, o empréstimo aprovado pela ALBA será usado para destruir o Trem. São 22km de linha férrea, fazendo com que o desmonte da mesma seja de um valor absurdo.

A destruição da linha atrai diversos interesses, como também denuncia Gilbert. Ele afirma que há grande interesse em pegar os materiais da linha férrea e vender para o ferro velho.

Para Carlos Alberto Querino, a solução mais viável ainda é a ferrovia. Todavia, ressalta “que as linhas ferroviárias sempre foram deficitárias, em todo mundo, a prática de subsídio cruzado é o que mantém todos os Sistemas, a revitalização da Ferrovia com o shopping móvel nas linhas de longo curso e serviços de bordo nas linhas de médio e curto curso que concebemos e apresentamos num sistema básico em 18 de setembro de 2018 com humildade são nossas convicções. Com a ferrovia, fortalecemos o Porto de Salvador nas cargas gerais e conteineiras, no Hub Salvador, o turismo e, vinculada à Estação de Coutos, numa Balsa Auto Propulsora, como ‘Hub Port Nacional’ revitalização do Sistema de Hidroaviões ou de aeronaves mistas.”

Um estudo técnico, cedido ao Diário da Causa Operária pelo Movimento Ver de Trem, comparando o VLT e o monotrilho, calculou que revitalização, modernização e expansão do Trem do Subúrbio para o Comércio e Ilha de São João custaria 1,3 bilhão de reais. Já o monotrilho custará por volta de 2,5 bilhões de reais, um valor bastante maior que 1,5 bilhão o propagandeado pelo governo do Estado.

Marivaldo Neves, do Movimento Trem de Ferro declarou que “de maneira imediatista e de forma insustentável, as empresas de ônibus que ganharam mais passageiros cativos em função da falta de opção de transportes para a população do Subúrbio Ferroviário. Ganham as transportadoras articuladas com a VLI [empresa que administra a Ferrovia Centro-Atlântica há mais de 20 anos] que cativa transportadores pequenos para servir aos interesses da empresas assegurando que seus grandes navios não sofrerão concorrência de pequenos usuários que demandassem ao Porto de Salvador pela ferrovia e utilizassem pequenos navios da concorrência. Ganham também os representantes das vendedoras de cimento e aço para construção, pois o absurdo projeto que o Governo está impondo à sociedade com a destruição da ferrovia vai consumir muito cimento e serviço de grandes empreiteiros para a construção de estruturas de concreto desnecessárias se o projeto original do Veiculo Leve sobre Trilhos fosse executado conforme debatido com a sociedade.”

A promotora Hortência Pinho Gomes, que foi responsável por derrubar todas as teses “técnicas” do governo do Estado para implementação do monotrilho foi afastada do processo em uma clara interferência do governo Rui Costa sobre a justiça. Tanto o promotor que a substituiu quanto o juiz da 7ª Vara Pública que julgaria o processo tiraram férias, deixando o Estado livre para entregar o Trem aos capitalistas.

O monotrilho de São Paulo

O monotrilho é um tipo de transporte que coleciona fracassos. Além da carestia, o modal vem sendo abandonado no mundo todo.

Na cidade de São Paulo, maior cidade do País, o monotrilho é um grande elefante branco. Inaugurado às pressas pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB), a obra, planejada para a Copa do Mundo de 2014, está ainda em construção.

O monotrilho paulistano foi palco de acidentes, como o ocorrido em março de 2020, quando dois trens do monotrilho tiveram colisão frontal, matando um operário. Em janeiro de 2019, um equipamento que fornecia energia para os trens do monotrilho da linha 15-Prata ficou pendurado a 15 metros de altura do solo. Se tivesse se soltado, provavelmente teria causado um acidente fatal.

Outro acidente ocorrido na mesma linha 15-Prata, porém em fevereiro de 2020, foi o estouro de um pneu de um trem do monotrilho. Cada dia em que o monotrilho ficou parado custou aos cofres públicos 1 milhão de reais.

A obra do monotrilho de São Paulo, que deveria custar R$ 5,4 bilhões (mais de R$ 8 bilhões em valores atualizados), até fim de janeiro de 2019 já havia custado mais de R$4,5 bilhões e ainda necessitava a construção de mais 11 estações para chegar ao seu destino final, a Cidade Tiradentes.

O caso do monotrilho de São Paulo é um exemplo do desastre que ocorrerá em Salvador. Diferente do que é anunciado pelo secretário de Desenvolvimento Urbano da Bahia, Nelson Pellegrino, a obra certamente não durará apenas 24 meses e os custos tenderão a ser ainda maiores.

O cemitério de trens em Periperi e a montanha de brita

Em Periperi, “estão fazendo um cemitério de trens”, denuncia Gilbert Bahia. Segundo ele, o governo do Estado, mal findada a operação do Trem, colocou todos os trens sucateados lá para apodrecerem, “um atrás do outro”.

“Colocaram os trens lá, inclusive um amarelinho com ar condicionado. Parece que tem um vagão, que eu filmei, em que eles arrancaram tudo. Arrancaram tudo por dentro, arrancaram os faróis.”, acrescenta.

Gilbert conseguiu entrar no local e gravar vídeos denunciando o cemitério de trens.

Gilbert Bahia denunciando o cemitério de trens e o trem novo depenado. Vídeo: Gilbert Bahia.

No mesmo local há uma montanha de brita, que já foi paga por valores exorbitantes. Enquanto o Estado alega falta de dinheiro para uma enorme quantidade de demandas da população, vultuosas somas foram gastas nesta montanha de brita sem uso.

Em outro vídeo, Gilbert mostra também mais este crime cometido pelo governo do Estado.

Gilbert denunciando a brita que está abandonada. Vídeo: Gilbert Bahia.

A história do Trem do Subúrbio

A linha do Trem teve sua origem em 1860, pela empresa inglesa Bahia and San Francisco Railway Company e que, anos mais tarde, passou a fazer parte da já extinta Viação Ferroviária Federal Leste Brasileiro (VFFLB), também conhecida apenas por Leste, e depois pela Rede Ferroviária Federal (RFFSA).

Foto de um dos trens que rodavam no subúrbio de Salvador. Foto: Domínio Público.

Em 1972, a RFFSA foi privatizada e a linha começou a ser operada pela empresa federal Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

A década de 1980 marcou a destruição da linha férrea na Bahia. Antes desta época era possível ir de Salvador a Juazeiro, na divisa com Pernambuco, de trem. A desculpa dada para a destruição da linha férrea, na época, foi de que o sistema seria substituído por algo mais moderno. No fim das contas, nada foi posto no lugar.

O governo militar, através de CBTU, ainda nos anos 80, também decidiu reduzir a linha que ia da Calçada (em Salvador) até Simões Filho, para o trecho atual Calçada-Paripe.

Trem elétrico na estação da Calçada em 1991. Foto: Alexandre Santurian.

Em 2000, a prefeitura de Salvador, na época governada pelo carlista Antônio Embassahy, criou a Companhia de Transportes de Salvador (CTS), que administraria o faraônico metrô de Salvador (que custou mais de R$1 bilhão e 10 anos para apenas 6 km). Cinco anos depois, muito por pressão do então ministro da Fazenda, Antônio Palocci, a CTS assumiu o Trem do Subúrbio.

Através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo Lula, o Trem recebeu algumas parcas reformas como a Ponte São João, que liga a Plataforma ao Lobato. Foram gastos mais de 64 milhões de reais apenas na construção da ponte.

Logo após assumir a prefeitura, ACM Neto (DEM) entregou a linha férrea para o governo do Estado. A Companhia de Transportes da Bahia (CTB) assumiu o controle da linha. Entretanto, ACM Neto, um elemento eleitoreiro até a medula, mesmo após a passagem do controle para o Estado, inaugurou trens climatizados que foram adquiridos pela gestão anterior, do incompetente João Henrique (MDB), em convênio com a CBTU.

O trem climatizado. Foto: Reprodução.

Os trens climatizados duraram pouco tempo. Como o objetivo do governo do Estado sempre foi privatizar a linha férrea, com a justificativa de modernizá-la, esses trens logo “sumiram de circulação”. Não se sabe ao certo o paradeiro dos vagões.

O secretário de Desenvolvimento Urbano do Estado, Nelson Pellegrino, afirmou que não existem peças para os trens climatizados. Segundo Gilbert Bahia isto é um absurdo, já que o país conta com mais de um fabricante de trens.

Sete anos sem reajuste e prestes a serem demitidos

Com a passagem do Trem das mãos da CBTU (federal) para CTS (municipal) e, posteriormente, a CTB (estadual), os funcionários concursados da linha férrea estão a comer o pão que o Diabo amassou.

Desde 2015, quando foi completada a passagem da empresa para o Estado, os funcionários concursados estão sem reajuste algum. Maquinistas, assistentes de maquinistas e operários da manutenção, todos com mais de 12 anos de serviços prestados (alguns com mais de 25 anos de serviço), recebem salários que não chegam nem a dois salários mínimos.

O governo Rui Costa, inimigo do servidor público, não reajusta o salário dos operários da linha férrea há sete anos. Nem o valor do vale alimentação foi reajustado.

A CTB não possui plano de cargos e salários, por isso, fica impedida de fazer concursos. Deste modo, os 40 funcionários concursados da ativa carregam nas costas o peso do trabalho todo. Enquanto isso, Rui Costa usa a CTB para fazer articulações políticas, oferecendo cargos de confiança com salários entre 3 e 15 vezes a renda dos operários. Parentes e pessoas ligadas a políticos que fazem parte do governo estadual estão entre os que tem “carguinhos” na CTB.

Apesar da privatização da linha do Trem para construção e operação do monotrilho, a CTB ainda existirá, mas apenas com a função de “fiscalizar” o consórcio vencedor da licitação. Pelo histórico de “fiscalizações” no Brasil, é óbvio que nada será, de fato, fiscalizado. Como dito, a CTB não pode fazer concursos e virará apenas um cabide de empregos para dar altos salários a políticos que não conseguirem algum cargo eletivo ou apadrinhados, como já ocorre.

O Sindicato dos Ferroviários (Sindiferro) reuniu-se duas vezes com o Secretário de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, Nelson Pellegrino, para discutir a questão dos trabalhadores concursados da CTB, tanto os da ativa quanto os aposentados. Pellegrino e sua equipe propuseram um Plano de Demissão Incentivada (PDI), que dá uma indenização para os operários baseados no tempo de serviço destes.

Uma terceira reunião entre o Sindicato e o governo estava marcada, mas foi adiada porque o governador Rui Costa não decidiu-se sobre o PDI apresentado. Enquanto os trabalhadores se veem em risco, o Trem tem suas operações terminadas e a linha férrea é destruída.

Quando entrevistados, membros do Movimento Ver de Trem falaram que o Sindiferro não participou, em momento, algum da luta contra o fim do Trem do Subúrbio.

Apesar dos operários ferroviários quererem paralisar a operação de desmanche dos trens, o Sindicato se mantém num impasse a espera de que o governo Rui Costa, que nada fez pela categoria, lhes dê alguma coisa na negociação.

Terceirizados são demitidos durante a pandemia

Com o fim do Trem do Subúrbio, o governo do Estado já começou a demitir os terceirizados. Alguns funcionários da segurança do Trem e todos os funcionários da bilheteria foram demitidos.

Paes e mães de família, que dependiam deste emprego para sustentar suas famílias, foram jogados no olho da rua pelo governo do Estado. Tudo isso em plena pandemia.

Ao que parece, Rui Costa está pouco ligando para os trabalhadores. Entre atender os capitalistas que encherão os bolsos com o fim do Trem e o povo, Rui ficará ao lado dos capitalistas.

O Subúrbio Ferroviário

Pelo subúrbio de Salvador passa, há 160 anos, o Trem. Os 11 bairros por onde ele passa formam o Subúrbio Ferroviário. São 13,6km, indo da Calçada (na Cidade Baixa) até Paripe, passando por Boa Vista do Lobato, Mirantes de Periperi, Rio Sena, Plataforma, Bela Vista do Lobato, São João do Cabrito, Escada, Periperi, Itacaranha e Praia Grande.

A população da região chega a 600 mil pessoas, mais de 20% da população soteropolitana. A grande maioria é composta por trabalhadores e trabalhadoras que vivem das mais diversas atividades, indo desde a pesca até o comércio.

Apesar de estar fora das rotas turísticas mais conhecidas, no Subúrbio Ferroviário estão localizadas algumas das mais belas paisagens da capital baiana e talvez do Brasil. Assim, o Trem do Subúrbio, que, em sua rota margeia a costa, constitui-se de um dos maiores patrimônios turísticos de Salvador. Entretanto, está fora dos roteiros mais famosos por cruzar uma das regiões mais mal assistidas pelos governos federal, estadual e municipal.

O trem chegando a estação em Plataforma. Foto: Instagram/Belezas do Subúrbio.

As pessoas do Subúrbio Ferroviário, há mais de um século, utilizam o Trem. Com uma passagem de apenas R$0,50, a população mais carente da cidade pode fazer compras na popular Feira de São Joaquim (na Calçada), visitar parentes, ir à escola ou à praia. O Trem não é apenas um meio de transporte para essa população, mas parte da cultura da região.

A artista e produtora cultural, Carol Candeias, moradora do Subúrbio Ferroviário, entende que o Trem tem uma importância única na vida da população suburbana.

“O Subúrbio foi desenvolvido a partir do trem, daí já reforçamos a necessidade da existência dele, por nos intitular até de Subúrbio Ferroviária pelas oportunidades trazidas a partir dele. Através do trem, podemos contar histórias marcantes de várias gerações”, afirma Carol.

“Eu fico muito triste, porque meu filho…talvez ele nunca ande de trem em Salvador, nem ele, nem meus netos”, falou Gilbert Bahia, bastante emocionado.

Ao falar sobre os últimos dias do Trem, Gilbert diz que quando entrou no trem, viu um clima de tristeza”.

Já está na cultura do Subúrbio Ferroviário ir à Feira de São Joaquim aos sábados. Trabalhadores e trabalhadoras levam seus filhos à Feira para ajudarem a carregar as compras da semana. Isto só é possível devido ao baixo valor do Trem do Subúrbio. Com apenas R$3,00 é possível que 3 pessoas (uma mãe e dois filhos) vão e voltem da Feira. Com a implementação do monotrilho, este valor será de R$24,00. Impagável para a classe trabalhadora.

Militante do PCO em mutirão na Feira de São Joaquim. Foto: Arquivo PCO.

A juventude do Subúrbio Ferroviário também usa o Trem no seu dia-a-dia. Com o Trem, os jovens da região podem facilmente se deslocar pelo Subúrbio e irem à Calçada. Isto lhes dá mais possibilidade de ocuparem, de fato, a cidade de Salvador, ao invés de ficarem presos apenas ao seu bairro.

Apesar da política do governador Rui Costa de fechar as escolas no Centro de Salvador, muitos jovens do Subúrbio Ferroviário preferem estudar no Centro. Para muitos, é a oportunidade de trabalhar e estudar, já que os empregos em Salvador estão localizados mais próximo do Centro e do Comércio. Neste ponto, tem o Trem ainda mais relevância.

Sobre a relação da juventude e o Trem, Carol Candeias diz que “para a juventude, além do custo baixo, existe a relação com o território muito pulsante de descobertas e acessos que seriam improváveis pela linha reta da Avenida Afrânio Peixoto, a famosa Suburbana…O jovem que deseja ir ao Centro Cultural Plataforma consumir nossa arte, ir a praia de Coutos, conhecida como praia do C, além de possibilitar a ir para as escolas e espaços de educação pagando pouco e bem rápido.”

O Trem do Subúrbio se liga também a outros modais de baixo custo, como o Plano Inclinado. Assim, a população mais pobre consegue chegar a diversos pontos da cidade por um pequeno valor.

O fim do Porto da Sardinha

O Porto da Sardinha, em Plataforma, é uma importante fonte de renda para centenas de famílias do Subúrbio. Pessoas visitam o local para comprar peixes e mariscos, tanto para consumo próprio e de suas famílias, quanto para revenda em diversos pontos da capital baiana.

O quilo da sardinha, que nos mercados supera R$8,00, no Porto da Sardinha é vendido a R$1,00. Dado o fato que a cesta básica chegou a subir 33% em Salvador durante a pandemia, a sardinha é a única saída para manter a alimentação das classes populares da cidade.

Com o monotrilho, de operação privada, os trabalhadores não poderão utilizar o meio de transporte carregando seus baldes. Clientes também terão dificuldades de chegar no Porto da Sardinha.

Durante a semana, são 1.500 pessoas que vão ao Porto. Nos fins de semana, este número chega a dobrar. Por dia, são pescadas 10 toneladas de sardinhas.

O valor do monotrilho, R$4,20 (mais de 4 quilos de sardinha), inflacionará o preço dos peixes e mariscos. Além disso, muitos clientes deixarão de ir ao Porto por não terem dinheiro para pagar o transporte até lá. O fim do Trem significa o fim do único meio de sustento de centenas de famílias que vivem da atividade de pesca e venda dos peixes.

Com apenas R$10,00, a pessoa poderia ir e voltar do Porto da Sardinha e compra 8 quilos de peixes. Sem o Trem, só poderá comprar 1 quilo.

O membro do Ver de Trem, Gilbert Bahia, afirma que no projeto original do VLT havia a previsão de vagões para levar pescadores e marisqueiros. Isto não ocorrerá no monotrilho.

Famílias serão despejadas durante a pandemia

A destruição do Trem do Subúrbio e a construção do monotrilho levará ao imediato despejo de mais de 340 famílias no Lobato. Famílias essas que já vivem há mais de 60 anos no entorno da linha do trem.

A população reclama que o governo do Estado não propôs debate algum. Gilbert Bahia, do Ver de Trem, disse, a este Diário, que o governo simplesmente marcou as casas que serão desapropriadas.

O terreno ocupado pelas famílias são terrenos públicos cedidos para a moradia dessa gente que construiu uma comunidade formada por uma grande massa de trabalhadores.

O governo do Estado propõe pagar valores muito baixos, como R$20 mil por algumas casas. Com este valor não é possível comprar habitação alguma. No fim das contas, o governo do Estado está incentivando, por um lado, a especulação imobiliária no Subúrbio e, por outro, jogando milhares de pessoas em situação de rua.

O número de famílias desalojadas tende a ser bastante maior. Não se sabe como as casas no entorno foram construídas. Não é nada absurdo especular que as obras façam estas casas racharem ou até mesmo desabarem. Pode-se chegar a mais de 500 famílias afetadas apenas nas obras do Lobato.

A situação pode ficar ainda mais delicada se observado que também haverá desapropriações em Paripe. O número de famílias desalojadas pode chegar ao número de mil.

Mais do que condenar pessoas à situação de rua, tem-se a destruição de comunidades inteiras. São famílias que vivem umas próximas das outras por gerações.

Os moradores estão sem dormir de tão preocupados com o seu futuro. Nem assistentes sociais o governo do Estado foi capaz de enviar para lá.

O fim dessas comunidades é apagar parte importante da história da classe trabalhadora de Salvador. Configura-se não apenas como um ataque econômico aos mais pobres, mas um ataque também ideológico.

População jogada nos ônibus lotados durante a pandemia

Apesar da pandemia, o governo do Estado parece não se interessar pela saúde dos baianos. Enquanto o governador Rui Costa finge que combate a pandemia com o farsesco toque de recolher, o fim do Trem do Subúrbio colocará imediatamente mais de 14 mil pessoas diariamente nos ônibus que transitam pela Avenida Afrânio Peixoto, mais conhecida como Avenida Suburbana.

A população de Salvador, que se aglomera todos os dias em ônibus abarrotados, como verdadeiros navios negreiros, é vítima do descaso da prefeitura controlada pelo golpista DEM de ACM Neto.

Desde o seu primeiro mandato como prefeito da primeira capital do país, ACM Neto cortou diversas linhas de ônibus. Durante 2020, em plena pandemia, ACM Neto chegou a cortar 70% da frota de ônibus. Isto foi fortemente denunciado pelo Partido da Causa Operária (PCO) durante as últimas eleições municipais.

O atual prefeito, Bruno Reis, um fantoche de ACM Neto, agora em 2021, resolveu cortar outras tantas linhas. A justificativa é a mesma utilizada pelo seu “patrão” nos anos anteriores, que o corte das linhas de ônibus deveria ocorrer para que as pessoas usassem o metrô. No fim das contas, a população soteropolitana acaba esperando mais ainda nos pontos de ônibus para se apertar nos já lotados ônibus e trens do metrô.

Mesmo com “lockdown”, ônibus continuam lotados. Foto: Cidadão Reporter

Deve ser denunciado que a prefeitura de Salvador comprou (e ainda compra) milhares de passagens para manter o lucro dos tubarões do transporte. A justificativa oficial é sempre altruísta. Desta vez, ACM Neto e Bruno Reis justificam que a compra das passagens serve para pagar os salários dos rodoviários. Trata-se de um grande embuste.

Recentemente, um dos consórcios que rapinavam o transporte público de Salvador entregou de volta à prefeitura o controle das linhas de ônibus. A justificativa, é claro, foi a pandemia. Entretanto, o que bem se sabe é que, como parasitas que são, sugaram tudo que foi possível e agora entregam os restos para que a prefeitura dê um jeito. Quando lhes for lucrativo novamente, farão um novo apelo pelo controle privado das linhas de ônibus.

Rui Costa e Nelson Pellegrino (secretário de Desenvolvimento Urbano), parecem agir em conluio com a prefeitura golpista em um vil plano de genocídio da população. Por isso, jogam o povo do Subúrbio Ferroviário nos ônibus lotados.

A Bahia bate recordes diários de mortes pela pandemia. E mesmo assim Rui e Pellegrino parecem mais preocupados em colocar a culpa em festas populares, enquanto a população se contamina no transporte público e nos locais de trabalho. A “ciência” de Rui é, pelo visto, apenas aparente. No fim das contas, é tão “bárbaro” quanto qualquer direitista.

A Avenida Suburbana já sofre com o grande tráfego durante os horários de pico. A situação ficará pior com o fim do Trem e a população sendo jogada nos ônibus.

Nelson Pellegrino afirma que foi feito um estudo para diminuir os impactos à população do Subúrbio Ferroviário durante os (ditos) 24 meses da construção do monotrilho.

O urbanista Carlos Alberto Querino afirma que “os usuários cativos do Sistema Ferroviário, não migrarão para o ônibus, por dois motivos: tarifa acima da capacidade (poder aquisitivo) e trânsito de produtos que nos ônibus há a dificuldade de locomoção e acesso por escadas, e assim funcionam como obstáculos. No trem, o sistema é por plataformas, o acesso é orgânico. É imprescindível a preservação da linha com equipamentos rodantes mais modernos, emergencialmente, é possível, adquirir até equipamentos rodantes da CPTM que estão sendo leiloados, estão operacionais, possíveis de serem negociados.”

O que se sabe mesmo é que Pellegrino e o governo do Estado estão a dar de ombros à população. O governo do Estado fechou o Trem às pressas, pois esgotava-se o prazo para entrega do sistema aos chineses.

Deste modo, é de se duvidar da qualidade do tal estudo citado por Pellegrino. Principalmente pela urgência em entregar o Trem ao consórcio.

Caso o governo não encerasse as atividades do Trem e não desse o sistema aos chineses, deveria pagar uma multa milionária a estes, que poderiam, com os bolsos cheios, simplesmente pular fora do contrato, deixando a Bahia com o prejuízo.

Além do Subúrbio Ferroviário

Como dito anteriormente, o desmanche da via férrea da Bahia já ocorre há muito tempo. Os trens, que permitiam à população viajar por todo estado, foram trocados por promessas, como ocorre hoje.

Os impactos do fim do Trem e a construção monotrilho não serão sentidos apenas em Salvador, mas na Bahia toda.

“Esse monotrilho chegando aqui, na Ilha de São João, vai travar tudo aí. Se arrancar isso aí, é pra nunca mais falar em trem. Então, isso é uma perversidade o que está se fazendo, um crime o que vão fazer aí”, afirma Raimundo Birro.

Para Birro, se implementado algum monotrilho, ele deveria ser articulado com o trem e não substituí-lo. Na sua visão, o monotrilho apenas seria para alimentar os trens com passageiros.

Nas palavras do morador de Mapele, bastava aumentar o tamanho da bitola (a distância entre as faces interiores dos dois trilhos) e colocar trens novos. Deste modo, poderia se pensar em um trem que ligasse a região metropolitana e o Recôncavo Baiano, “como anunciou o governador, de Candeias pra Pojuca, ia sair um de Salvador pra Simões Filho, mas depois ele [o governador Rui Costa] roeu a corda e veio com esse projeto aí de monotrilho por cima, que tinha da a ver com isso.”

Birro é bem taxativo ao dizer que “a briga não é pelo Subúrbio, é pelo trem regional, região metropolitana e Recôncavo, é isso que tem que ser feito”. Para ele, focou-se demais na questão do Subúrbio e pouco nos impactos negativos do monotrilho para o restante da Bahia.

“A luta toda tá focada no Subúrbio com monotrilho. O cara [Rui Costa] já botou o negócio dele lá e não souberam brigar. O cara tá levando a luta no cansaço. Não botaram pessoas que tem brigado. Quem vinha brigando aqui era a gente, era Iraci Gama. Eu fui pra Juazeiro, Ribeira do Pombal, Alagoinhas, por tudo, fazendo audiência pública, com Gilson [Vieira] e esse pessoal aí [Ver de Trem]. Depois os caras abandonam o pessoal de cá, a fortaleza, aí pegam um bocado de organizações do Subúrbio aí que não conhecem a história”, diz Birro.

Na ideia de Birro e outros da região metropolitana, a verdadeira forma de pressionar o governo do Estado é através do trem metropolitano, pois ele agregaria pessoas do estado inteiro.

Gilson Vieira respondeu que Birro não está errado em pensar na mobilização de mais pessoas. Entretanto, ele (Gilson) e o Ver de Trem não abandonaram a luta pelo trem regional.

“Não houve abandono, houve concentração de luta numa região mais ameaçada. De Simões Filho pra cima ainda tem trem de carga”, disse que Gilson Vieira.

Ainda segundo Gilson Vieira, o foco no Trem do Subúrbio também se deu pelo fato de que “a história [do trem] começa na Calçada”. Com a tentativa do governo de colocar o monotrilho “a luta ficou muito mais pesada nesse trecho.”

A questão na região metropolitana é bastante delicada.

“E tem uma pedra no nosso sapato, chamada Vale do Rio Doce, que não quer que o trem passe pra cá de maneira nenhuma”, denunciou Raimundo Birro.

Claramente, há uma briga dos mais diversos interesses. Os capitalistas querem o fim do Trem do Subúrbio, não apenas pelos lucros imediatos da construção do monotrilho, mas para impedir o desenvolvimento da linha férrea na Bahia.

A luta continua

Os Movimentos Trem de Ferro e Ver de Trem continuam, junto a outras diversas organizações, a lutar pela restauração do Trem e o fim do obra do monotrilho.

Os membros do Ver de Trem, Gilson Vieira e Gilbert Bahia, a este Diário informaram que há muita dificuldade em mobilizar um grande número de pessoas. A quase totalidade dos usuários do Trem é trabalhadora e, segundo Gilson, não conseguem fazer manifestações durante a semana devido a possibilidade de perderem seus empregos.

Apesar da Justiça da Bahia tê-los abandonado, os movimentos ainda buscam a via jurídica para tentar reverter a situação, especialmente se for possível bloquear o vultuoso empréstimo que será concedido pelo Banco do Brasil ao governo do Estado.

Entretanto, quando perguntados sobre a possibilidade de ocupar a obra, os dois não descartaram esta possibilidade.

Sobre a possibilidade da reversão, o Diário da Causa Operária perguntou aos diversos entrevistados nesta matéria. Apesar da tristeza, todos nutrem ainda a esperança da reversão da situação.

“Sim, acredito na reformulação do Projeto na forma mais simples. Primeiro aproveitar a via permanente no trecho ‘Calçada-Paripe’, reconstituindo o trecho ‘Paripe-Mapele’, desenvolver o trabalho junto com as demais Prefeituras a serem servidas pelo corredor da Linha ‘Salvador-Alagoinhas’ as atividades atrativas de grande, médio e pequeno porte a serem definidas em consenso, depois a partir dos postos de trabalho de cada empreendimento a formulação da demanda, desenvolvimento do ‘Plano Tático Físico Operacional’ dos VLTs ‘Intercity’ a partir de Calçada, também o agenciamento das linhas ‘Salvador-Senhor do Bonfim’ e ‘Salvador-Monte Azul’, compondo-se a releitura operacional com serviços de bordo, a partir do ‘Hub Salvador’, a linha turística de Cachoeira e a ser estudada Maracangalha”, afirmou Carlos Alberto Querino.

Marivaldo Neves, do Trem de Ferro também mostra confiança no fim do monotrilho e na restauração do Trem.

“Sim. É possível evitar a destruição da Ferrovia do Subúrbio Ferroviário pois o absurdo projeto apresentado e mantido mediante intensa propaganda enganosa está sendo desmascarado frente a sociedade por ações de tecnicos aliados do povo, pelo Ministério Público e por cidadão que voluntariamente estão anulando a propaganda enganosa com trabalhos nas cidades por onde passam as linhas de nossa ferrovia e com trabalhos como o Documentário do Cineasta Carlos Pronzato que esclarece a opinião pública para que o poder público corrija o Absurdo e evite o crime contra a sociedade. Governar é também corrigir erros e deve ser disposição de todos nós”, diz Marivaldo.

Já Carol Candeias entende a importância da luta e da mobilização popular. Diz ela que “seria uma grande conquista para nós paralisar as obras e resgatar o nosso trem. Mas diante das atitudes bruscas, a ausência de diálogo com a comunidade, a indiferença com os moradores, creio ser quase que impossível isso vir acontecer. Foram especulações, imobiliárias e de empreiteiros, que já chegaram tendenciosamente nesta destruição física do nosso trem. Apesar de todas as questões inviabilizarem esta obra, haviam interesses políticos e econômicos muito maiores que virão mais a frente para tentar comercializar nosso Subúrbio. E se os moradores não estiverem articulados e munidos de consciência a respeito dos nossos patrimônios, perderemos mais espaços físicos e não físicos do Subúrbio. Precisamos reconhecer nossa história, resgatar nossas origens e valorizar nossa cultura e memória. Assim não perderemos nossos tesouros do Subúrbio!”

Trem do Subúrbio: Trilhos da Resistência

Recentemente, o diretor de documentários políticos, Carlos Pronzato, lançou documentário, em seu canal no Youtube, intitulado “Trem do Subúrbio: Trilhos da Resistência”. Nele, Pronzato retrata, através dos mais variados relatos, o impacto negativo que a construção do monotrilho causará ao povo do Subúrbio Ferroviário.

“A desativação do Trem do Subúrbio é uma medida que vai dificultar a mobilidade no subúrbio provocando aglomeração nos ônibus da região e um aumento de quase 800% no dispêndio em passagens para o trabalhador acostumado ao trajeto Paripe-Calçada. Se fosse para modernizar e reestruturar o trem (já por demais sucateado) e as ferrovias, seria muito bom, mas o alvo é justamente o contrário, a destruição total da malha ferroviária e dos vagões para virar sucata e assim a empresa privada colocar seu monotrilho de pneus sobre a viga de cimento elevada. Gostaria de pesquisar sobre outros genocídios de ferrovia no mundo. Vai ser difícil achar exemplos, fora aquelas linhas que foram sendo abandonadas nas profundidades internas dos países. Na maioria deles, as ferrovias são readequadas para a passagem de autênticos VLTs sobre TRILHOS, trens modernos que seriam muito bem-vindos”, disse Pronzato ao Diário da Causa Operária.

Você pode conferir “Trens do Subúrbio: Trilhos da Resistência” através do link abaixo:

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