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O fascismo nas ruas

O que pensam os intervencionistas?

Enquanto setores da esquerda se acovardam, a extrema-direta se coloca nas ruas pedindo o golpe militar

O que pensa e do que se alimenta intelectualmente a extrema-direita fascista brasileira? O Diário Causa Operária acompanhou de dentro a manifestação do último dia 31 na frente do Comando Militar do Sudeste, na cidade de São Paulo, onde houve comemoração do golpe militar de 64 e pedidos de intervenção militar.

Quando você se encaminha para uma manifestação deste tipo – onde se encontrará uma escória social – é bom ir se preparando para coisas muito horrendas. Não foi diferente quando chegamos lá, pois sabemos que os fascistas sempre tiveram uma parafernália visual na sua história com coisas muito ridículas e intrigantes. Logo no início da manifestação uma procissão dava voltas em torno do comando militar rezando pais nossos e aves-marias, o circo estava armado. Nos vem a lembrança do livro A doutrina do Fascismo de Benito Mussolini, onde o líder fascista coloca: “O Estado fascista vê na religião uma das mais profundas manifestações espirituais, e por essa razão não somente respeita a religião como defende e protege ela”.

Procissão fascista pró-ditadura – Pai nosso que estás nos céus, intervenha em nosso nome…

Enquanto isso, na frente do comando militar, um coronel – não sabemos se reformado ou não – fala no microfone ao público presente algumas questões sobre a possibilidade da intervenção militar: “Quando a ordem constitucional é superada ou quando há interferência de países estrangeiros ameaçando a soberania. Aí nessas ocasiões, o representante eleito do povo, o presidente Bolsonaro poderá colocar a questão em pauta”. No meio da fala, um homem de idade avançada começa a gritar desesperado e interrompe o militar: “Não ao 5G da China, não ao 5G da China”. O militar confirma a pauta do Não ao 5G da China e na sequência continua: “quando se pede a intervenção federal, nós pedimos”… novamente o militar é interrompido mas agora por outra voz: “Com Bolsonaro no Poder”. O militar enfatiza e segue: “é sempre com Bolsonaro no poder. É o único que pode efetivamente ter a iniciativa de acionar o artigo 142 com referendo do congresso.”

Aqui é um ponto importante da extrema-direita que fica claro no ato. Eles não acreditam que outra pessoa poderia tocar em frente o projeto do golpe armado. Mesmo havendo dois golpes, um em 2016 com Dilma e outro em 2018 com a prisão de Lula, ainda assim eles brigam por estabelecer um golpe militar clássico aos moldes de 1964-68.

Agora vejamos o que diz o artigo 142 da constituição

“As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

Como os militares se destinam à garantia dos poderes constitucionais, em um possível desequilíbrio destes, os militares poderiam atuar como um “moderador” entre estes poderes. Em fato, os militares já fazem o papel golpista há um bom tempo nos bastidores, e desde 2016 progressivamente procuram ocupar espaços de protagonismo no governo. 

A parte final é ainda mais clara e dá um indício da orquestração da cúpula militar. Os militares destinam-se à garantia da Lei e Ordem e podem ser acionados por iniciativa de qualquer um dos poderes. Nas últimas semanas, este jornal vem sistematicamente denunciando os treinamentos de Garantia da Lei e Ordem (GLO) realizados pelos militares e vemos que Bolsonaro pode facilmente acionar os militares através do Art. 142, pois a iniciativa pode vir de qualquer um dos poderes. 

O Art. 142 da Constituição permite que por iniciativa do Presidente da República, as Forças Armadas atuem nas ruas com operações de garantia de Lei e Ordem.

Na sequência temos o discurso de outro bolsonarista que se identifica como Delmiro. Ele declara que serviu às Forças Armadas, virou policial militar e atualmente é um policial penal. Um ponto aqui é importante: a aprovação da PEC  104/2019 em novembro de 2019 no governo Bolsonaro, transferiu a figura de agente penitenciário para Policial Penal, garantindo direitos de polícias para os agentes, aumentando significativamente a repressão carcerária.

Então vejamos o discurso do policial penal: “Presidente Jair Bolsonaro, nós estamos aqui em teu apoio contra estes comunistas miseráveis que estão no governo, … a China ainda hoje está bancando todos os sindicatos”. O que parecia ridículo, piora: “Nós somos patriotas, nós somos democráticos, cuja democracia nos dá direito de gritar”, nesse momento Delmiro se vira para frente do Comando Militar e continua, ”Exército, comandante das Forças Armadas, é um direito nosso de estar aqui e manifestar que vocês intervenham”. E conclui: “Determinados governadores se corromperam e se deixaram levar pelo comunismo”. O fascista Delmiro diz que é democrata, então como sendo um democrata e vivendo em uma democracia, seria legítimo na visão dele pedir a ditadura. Em um paradoxo de ideias e uma confusão típica de um ignorante político, fica claro que a extrema-direita se utiliza de qualquer ideia para confundir a população. Mostram-se mais oportunistas quando dizem que os governadores que elegeram o presidente ilegítimo Bolsonaro são comunistas.

A extrema-direita usa o argumento da democracia para pedir o golpe militar. Isso deixa claro como a democracia burguesa em certa medida é uma abstração e pode ser muito bem usada pelos fascistas.

Mas o que a teoria fascista prega, na prática não demora para acontecer. Dois vendedores ambulantes que estavam vendendo garrafas de água por R$ 5,00, incomodaram os “neoliberais”, que se sentiram ofendidos com o preço. Começa no ato uma discussão pelo preso abusivo com os vendedores populares que não se intimidaram com a “velharia” fascista. Falaram em alto e bom som que ninguém colocaria preço no que eles vendiam e que os bolsonaristas deveriam questionar o aumento da gasolina ao invés de brigar pelo preço da água. Logo veio a ameaça: “Eles não saem daqui vivos, se eles agredirem ele – um fascista que começou o tumulto pelo preço da água – é final pra eles”.

Ameaça de morte por R$ 5,00: A extrema-direita persegue o trabalhador e vê nele um escravo e inimigo.

Logo após o tumulto, chega a procissão ao ponto central da manifestação na entrada do comando militar. Inicia-se uma sequências de orações com diversos bolsonaristas ajoelhados de frente para o comando militar.

Na sequência do ato uma mulher, por sinal muito eufórica, pega o microfone e começa o discurso parabenizando o novo comando do exército, aeronáutica e marinha. Pontua que o novo comando está mais aliado com Bolsonaro e diz: “Agora o nosso presidente terá livre posição para mandar, no governo municipal e principalmente no governo estadual; vamos dar as boas vindas aos comandantes, pois hoje é um grande dia … O comunismo quer entrar aqui, mas nós não vamos deixar, China Fora! ”. A mulher que não se identificou, vomita escatologias o discurso inteiro e tem seu pico: “Cuba dá 2 blusinhas e 2 calças por ano e meio quilo de carne para quem tem mais de 60 (anos) e menos de 10 (anos) por mês. E o que vocês acham que dão para o povo Chinês? Nada….É por isso que eles comem morcego, é por isso que eles comem rato, é por isso que eles têm o domínio e o povo não pode nem pensar; e finaliza: “E o Bolsonaro ele é um enviado de Deus”.

O enaltecimento do novo comando era visível o tempo inteiro no ato. Abaixo reproduzimos um vídeo onde Braga Netto é tido como um herói pelos fascistas:

Mas afinal, quem é o General Walter Souza Braga Netto? Braga Netto que pode aparecer como um linha dura do exército, na verdade é um militar muito bem conhecido e familiar para a direita “democrática” e “científica”. A convite do ex-presidente golpista Temer, Braga Netto foi nomeado em fevereiro de 2018 para comandar a intervenção no Rio, onde passou a controlar a Polícia Civil, a Polícia Militar, os Bombeiros e a administração penitenciária do Estado.

Um ponto interessante, e no mínimo curioso, é que um mês após Braga Netto assumir a intervenção no Rio de Janeiro, aconteceria o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) no dia 14 de Março. Caso este, que permaneceria sem uma clara investigação até hoje e foi enterrado na gestão do militar. Teria Braga Netto entrado na Casa Civil do governo Bolsonaro e agora virado Ministro da Defesa por méritos extra-curriculares?

Braga Netto também ficou conhecido por um número muito alto de assassinatos da população pobre. Quando perguntado sobre a questão respondeu cinicamente: “Não é que nós demos autorização para matar, nada disso, simplesmente foi a metodologia empregada”. Ou seja, o general não dá autorização para matar, apenas aplica metodologias que tem como consequência a morte da população pobre.

No ato foi possível ver todo um setor esquizofrênico da sociedade pedindo que um outro setor majoritário seja esmagado pela força de um estado fascista e imperialista. Caminhando entre estes, não foi possível ver uma única pessoa que poderia estar abaixo da classe média com a exceção dos vendedores ambulantes. Podemos dizer que todos eram brancos – encontramos 2 negros -, oriundos de uma classe privilegiada, chegavam com carros e claramente sem nenhuma conexão com a fome e a miséria que o País está atravessando.

Mas o fato é que a manifestação pedindo a intervenção militar foi um fracasso. Verificamos que os próprios vendedores ambulantes reclamavam do esvaziamento. Não passaram de 100 pessoas, na sua maioria com mais de 50, em um ato fascistóide onde procuraram relembrar o golpe e pedir que o pior momento que o Brasil passou na sua história retornasse: o Golpe de Estado.

A ditatura militar não apenas deixou marcas históricas nas brilhantes vidas perdidas, nas torturas, na psicologia da população como um todo, mas em todo o panorama social como a música, cinema, arte, tecnologia, educação e muito mais foi perdido. Um golpe orquestrado pelo imperialismo norte americano que marcou um retrocesso do desenvolvimento social e econômico do país sem precedentes.

Horas depois, nós do Partido da Causa Operária estaríamos na Avenida Paulista em um contra ato, lutando contra toda essa barbárie. Com a participação de diversos setores da sociedade como a juventude, a classe operária e todos os oprimidos, e marchamos até o antigo DOPs na estação da luz, mostrando que é possível sim, sair às ruas e brigar contra o fascismo.

#ForaBolsonaro e todos golpistas.

#LulaCandidato

 

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