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Hino do Rio Grande do Sul

O parlamentar pequeno-burguês sempre quer escravizar o povo

Mais uma vez, a esquerda identitária, a partir de seus códigos morais, quer jogar na fogueira a produção cultural humana

Na cerimônia de posse dos “ilustres” vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre, eleitos em meio a uma fraude total em 2020, representantes do PT, do PCdoB e do PSOL “protestaram” contra o hino oficial do Rio Grande do Sul. Matheus Gomes, vereador negro do PSOL, foi quem mais teve destaque no “protesto”, permanecendo sentado durante a execução da canção considerada “racista”.

O grande motivo para o “protesto” são os seguintes versos do hino gaúcho:

“Mas não basta, pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo”.

Segundo o Matheus Gomes,

“Nós, como bancada negra, pela primeira vez na história da Câmara de Vereadores, talvez a maioria daqui que já exerceram outros mandatos não estejam acostumados com a nossa presença, não temos obrigação nenhuma de cantar um verso que diz: ‘povo que não tem virtude acaba por ser escravo’”

A fala do vereador é uma comprovação do imenso atraso educacional no Brasil dos golpistas. O psolista, embora perito em enrolação e demagogia, é incapaz de interpretar corretamente o hino de seu próprio estado.

O hino, escrito em 1966, quase um século após a abolição da escravidão, remete a outro acontecimento histórico, completamente ignorado por Matheus Gomes:

“Como a aurora precursora
Do farol da divindade
Foi o Vinte de Setembro
O precursor da liberdade”

O dia vinte de setembro, caro leitor, é o dia que teve início a chamada Revolução Farroupilha! O hino é, portanto, uma homenagem a um período heroico do povo sulista, e não aos tempos da escravidão. Se a revolução não foi uma insurgência de escravos contra os seus senhores — mesmo que os revolucionários defendessem a abolição —, por que, então, o trecho destacado pelo psolista estaria relacionado à escravidão? Não faz sentido algum…

“Mostremos valor, constância
Nesta ímpia e injusta guerra.
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra”.

Nos versos acima, fica ainda mais claro o caráter progressista do hino. Trata-se do clamor de um povo que se dispõe a travar uma luta contra seus opressores e exportar a revolução para todo o mundo. É essa, portanto, a grande virtude mencionada no hino: a de um povo dar a sua vida para conquistar a sua liberdade. O hino diz: oprimidos de todo o mundo, encontrem nas suas virtudes a força, a solidariedade e a disposição para enfrentar seus inimigos!

Opor-se ao hino, neste caso, é uma política reacionária. O vereador, finalmente, quer pôr abaixo o espírito progressista de uma canção que procura unificar um determinado povo contra os seus inimigos. Em consonância com o “protesto” do psolista, André Salata, sociólogo e professor da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), procurou explicar porque o hino seria racista:

“O hino do Rio Grande do Sul gira em torno da Revolução Farroupilha. Não era um conflito que tocava na questão racial. Mas a letra pode ser interpretada como uma culpabilização dos povos negros, por mais que não fosse a intenção original”.

Se não era a intenção original, por que a intenção mudaria? E, pior: o hino não culpa os negros de absolutamente nada, mas é uma lição para todo oprimido, incluindo os negros. A escravidão não é “culpa” dos negros, até porque a história não se desenvolve a partir das “culpas”. Mas se o negro, como qualquer oprimido, não se unificar com seus semelhantes para travar uma luta contra seus opressores, sempre permanecerá escravizado. Na verdade, o que André Salata e o vereador do PSOL apresentam para o negro é o seguinte: “escravos e oprimidos de todo o mundo, como vocês não têm culpa de serem explorados, não façam coisa alguma para mudar sua situação”;

Se, neste caso em si, a oposição ao hino já é reacionária, é preciso ainda destacar que toda tentativa de demolir a produção cultural humana é, em si, algo bárbaro e reacionário. No fim das contas, por um critério moral, a esquerda pequeno-burguesa está propondo jogar na lata do lixo a história de um povo. É exatamente o método das inquisições medievais e da extrema-direita fascista. A única diferença é que, para a Igreja Católica, as proibições são mais bem definidas. Para o esquerdista pequeno-burguês, a referência para o que é moralmente aceitável ou não é sua própria cabeça. Tanto é assim que o próprio Salata admitiu que o hino hoje chamado de “racista” não seria racista na época em que foi escrito…

Mas qual seria o motivo, então, de a esquerda parlamentar adotar uma política tão absurda, que demonstra grande ignorância da história, um conservadorismo extremo contra a luta dos oprimidos e um ataque bárbaro contra a cultura? Embora tudo pareça irracional, há uma razão.

A mesma esquerda pequeno-burguesa, que faz tanto alarde com um hino, se recusa a lutar contra o racismo e contra a direita de conjunto. Foi incapaz, até hoje, de mobilizar o povo contra o governo Bolsonaro, inimigo declarado dos negros e oprimidos. É a mesma esquerda, inclusive, que faz demagogia com a Polícia Militar — como no caso de Luciana Genro (PSOL), que se orgulha de defender os “direitos” da Brigada Militar. Em resumo: uma esquerda que não participa da luta de classes real.

E se não participa da luta de classes real, qual o interesse da esquerda pequeno-burguesa com a política? Ora, porque a política, para esses setores, é uma carreira! E, se assim é, para a esquerda, o povo não deve ser o protagonista das lutas, mas sim uma massa que deve servir somente para referendar sua eterna recontratação nas urnas. Trata-se de uma esquerda, portanto, cretina, que tem como grande objetivo escravizar o povo no regime político burguês.

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