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Coletivos

O negro da casa

João Cândido

Por muito tempo Malcolm X denunciou os “negros da casa”, ou seja, o negro que recebe migalhas da mesa do patrão para ser bem comportado. Para denunciar os negros revoltosos, para servir de alcaguete, para, nos dias atuais, dar um ar democrático ao regime de opressão total do povo negro.

Não é só porque uma pessoa é negra que ela tem as credenciais de falar em nome da luta do negro contra a opressão, contra o racismo. A direita, vendo que existe uma tendência da esquerda identitária de enxergar apenas a cor da pele, faz questão de eleger os seus negros. Um caso famoso foi o do próprio Barack Obama, ex-presidente da maior potência imperialista mundial, os Estados Unidos.

No Brasil recente, o PSDB, diante do ódio que o povo tem desse partido, teve a desfaçatez de criar a TucanAfro, uma organização de direitistas, negros, do partido. Na insólita tentativa de limpar a barra de um dos partidos mais odiosos existentes. 

Em um dos atos da avenida Paulista, no dia 03 de julho, a bandeira do PSDB foi trucidada por manifestantes da esquerda, em um ato que resultou em confusão e expulsão dos tucanos da manifestação.

O acontecimento se deu em razão dos ataques históricos do PSDB aos direitos dos trabalhadores, considerando não só as gestões do partido no estado de São Paulo, mas nacionalmente, especialmente quando da presidência de Fernando Henrique Cardoso, o homem que fez muito mais contra o povo que o próprio Jair Bolsonaro. 

Faz tempo, também, que a direita tenta, de todo jeito, se infiltrar nas manifestações da esquerda, no que resultou no ato do dia 2 de outubro, com a presença de Ciro Gomes (PDT), a banqueira-herdeira Neca Setúbal, o presidente municipal do PSDB no carro de som, etc., em manobra que foi preciso montar um esquema gigantesco de segurança para o negócio não terminar em guerra civil. 

Mesmo assim, Ciro foi vaiado e teve corre-corre atrás do Masp, quando Ciro escapuliu da manifestação onde era malquisto. Eram inimigos do povo negro, pobre e trabalhador falando ao carro de som.

Da mesma forma, a direita, sabendo que não pode se apresentar como tal, contrata seus garotos para enfrentar uma situação que pode até resultar em morte. Foi o caso do presidente municipal do PSDB, Fernando Alfredo, que é negro, e que foi corajosamente ao carro de som falar que era pelo fora Bolsonaro, debaixo de muito lixo jogado pelos manifestantes.

Sérgio Camargo, da Fundação Palmares, Fernando Holiday e outros também foram contratados tempos atrás para dar um ar democrático para a direita, tão odiada pelo povo, conforme ficou comprovado nas manifestações do último sábado, dia 2. No movimento sindical se equivalem aos pelegos, quer dizer, não representam quem deveriam representar.

Toda a farsa montada para colocar a direita nos atos da esquerda tem um ponto de apoio especial: usar um negro para defender a manutenção das coisas tais como estão. 

Em grande medida até a esquerda pequeno-burguesa também se utiliza desse truque para fazer qualquer coisa, como é o caso da Coalizão Negra por Direitos (mas leia-se dinheiro), que brilha em todas as manifestações sem apresentar nenhuma política séria de combate ao racismo. Isso quando não ataca diretamente a esquerda, como é o caso do PCO, sempre chamado de racista por integrantes da Coalizão nos atos de São Paulo. 

Por seu turno, o povo vaia, rasga bandeiras verde e amarelas, e promove o corre-corre. A raiva é justificada, e legítima é a reação.

Nada mais natural a reação dos manifestantes diante da presença da direita em atos da esquerda. Nada mais natural que o povo perca a paciência diante dos desmandos dos golpistas, diante do desastre social que o país enfrenta.

E o fato é que os atos demonstraram que os manifestantes estão evoluindo para posições da esquerda combativa, e que os truques de bastidores, colocar negros defendendo posições direitistas, enfim, nada disso vai servir para empurrar goela abaixo do povo a terceira via e os objetivos da direita cientítifica.

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