Hoje, 20 de novembro, é o Dia de Luta do Povo Negro, dia para lembrar do assassinato de Zumbi e da resistência do Quilombo dos Palmares. O reconhecimento dessa data é uma conquista da luta do movimento negro que obrigou a burguesia a acolher o dia, inclusive instituindo feriado em algumas cidades do País.
A burguesia cedeu, mas como é comum, procura transformar a data em uma mera confraternização e comemoração, inclusive impondo um nome que não corresponde à luta do negro: “Dia da Consciência Negra”.
A consciência nesse caso é a consciência que a burguesia busca impor ao negro. Basta que o negro se “descubra”, tome consciência de sua situação, não como uma conclusão da necessidade de uma luta coletiva, mas uma consciência individual. Portanto, essa tomada de consciência permitida pela burguesia não pode ultrapassar determinados limites, como, por exemplo, a contestação do regime político burguês, do genocídio imposto contra o povo e em última instância a própria necessidade de colocar abaixo o sistema capitalista.
Essa ideologia individualista é o fundamento do identitarismo que agora se alastra como uma infecção na esquerda burguesa e pequeno-burguesa e em várias organizações que se reivindicam do movimento negro. É o fundamento para ideias reacionárias como o lugar de fala e o empoderamento. Bastaria ao negro individualmente resolver o seu próprio problema que tudo ficaria bem.
A exploração não seria, portanto, o reflexo da sociedade de classes, mas um problema meramente subjetivo. Desse modo, serve para o caso do negro o mesmo que vale para o caso de todos: o esforço para a ascensão individual, ou, em linguagem identitária, o empoderamento.
O dia 20 de novembro existe como um dia de luta, não individual, mas coletiva. Isso significa que o problema dos negros deve estar ligado aos problemas do País. Sem resolver a ditadura que existe no regime golpista atual, que leva ao assassinato de milhares pessoas nas periferias do Brasil, não haverá resolução dos problemas dos negros.
Por isso, os atos desse 20 de novembro devem se transformar em mobilizações exigindo o fim do golpe de Estado, a derrubada do fascista Jair Bolsonaro e apontar para a necessidade de levar adiante a candidatura de Lula.
É preciso acabar com a polícia que mata milhares de negros na periferia, é preciso lutar por um salário mínimo vital, pela redução da jornada, pela revogação das reformas trabalhista e da Previdência. Todos esses ataques contra as condições de vida do povo afetam em primeiro lugar a população negra e todos eles são obra do regime golpista.