Depois que o secretário Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, afirmou, no dia 06 de dezembro, que não haveria festa de Réveillon este ano, devido supostamente à COVID-19 e o surto de gripe no início de dezembro, e que o comitê científico estadual teve grande peso nesta decisão, o prefeito da cidade Eduardo Paes (PSD) divulgou, no dia 23, como será a festa de passagem de ano no município, que, aliás, é uma das grandes festas aguardadas por pessoas do Brasil e do mundo.
Este ano haverá uma “novidade” na festa carioca: a divisão de classes. Devido à pandemia, a nova cepa denominada Ômicron, e o surto de gripe H3N2, haverá uma restrição nos transportes públicos, a fim de que não haja deslocamentos da população para Copacabana, para evitar aglomerações…
Segundo o informe, não haverá reforço nas linhas regulares de ônibus, como sempre foi realizado, e o metrô fechará para embarque às 20h do dia 31. Haverá bloqueios para veículos fretados a partir da 0h do dia 30. Essas orientações irão afetar inclusive moradores das regiões.
A situação é tão escandalosa que Paes teve que admitir que haverá “alguma aglomeração”. E para se fazer de sério, um prefeito que realmente se preocupa com a população da qual ele deveria cuidar, disse: “A gente não pode transformar essa questão da pandemia em uma grande festa da hipocrisia. O vírus não escolhe só a noite de réveillon”, e cita que ninguém perguntou a ele sobre os ensaios das escolas de samba onde houve aglomerações. Esse exemplo foi bem colocado para embasar o plano de ter dez pontos de queima de fogos na virada do ano a fim de descentralizar a grande festa, pois os ensaios foram das escolas Mocidade no Rio, da Beija-Flor e Grande Rio em Nilópolis, e da Viradouro em Niterói, isto é, pontos diferentes da cidade.
Paes cita também que monitorou as praias por dez dias, e que tendo sol havia pessoas nas praias e pontuou: ”A gente vai agir com racionalidade. Vamos permitir que as pessoas celebrem a virada do ano. Temos uma baixa taxa de transmissão neste momento, um baixo número de casos. Estamos atentos à variante ômicron, acompanhamos os números. Mas a gente entende que, neste momento, estamos em um ambiente adequado para manter as regras existentes hoje na cidade”. As regras foram dadas por comitês científicos da prefeitura e do governo do Estado, que deram o aval à realização da festa: sem shows, mas com música em alto-falantes.
Sobre Copacabana, Paes ressalta: “Copacabana tem tratamento especial por ser o grande local de comemoração na cidade. O Réveillon de Copacabana é mostrado nas televisões de todo o mundo. Vai ser uma linda festa de virada de ano e espero que nos inspire e traga esperança. Que 2022 seja um ano melhor”.
A festa vai ser grande, para a burguesia.
O vírus da COVID-19 e suas cepas, assim como o vírus da gripe H3N2, realmente não escolhem a noite de réveillon para se disseminar, haja vista que houveram mais de 21 mil casos de H3N2 no RJ entre novembro e início de dezembro, o que caracteriza uma epidemia.
Paes esqueceu de citar também os contágios que ocorrem dentro dos transportes públicos lotados no RJ, na rede ferroviária, a Famosa Central do Brasil, por onde passam 600 mil pessoas por dia. Que já tem 46 casos de Ômicron na cidade e que até o momento apenas 48,3% da população do RJ está vacinada.
É um verdadeiro apartheid, as festas serão apenas para os ricos, pois inclusive, não estão proibidas as festas particulares, os grandes clubes como o Paineiras Corcovado, estão vendendo seus bilhete, os valores variam de R$650,00 a R$3500,00.