Este autor acompanha a rede social Twitter. É ponto de encontro de pessoas de esquerda, incluindo aí dirigentes, militantes e parlamentares.
Boa parte dos frequentadores dessa rede social é de pessoas da classe média. Uma coisa notável é o quanto essa esquerda classe média acredita piamente nas instituições. É realmente muito impressionante. Nesse meio, a CPI da Covid tem sido intensamente festejada, os internautas saúdam o senador Beltrano o senador Fulano. Detalhe: saúdam efusivamente, desejando sucesso no interrogatório do médico X ou do empresário Y.
Esses mesmos também festejam quando algum membro do STF toma alguma ação contra Bolsonaro, por mínima e sem consequências que seja essa ação. Os mesmos ministros do STF que tomaram medidas contra Dilma, Lula e o PT agora são os heróis de muitos simpatizantes do PT.
É um comportamento esquizofrênico. A esquizofrenia se caracteriza pela fala e comportamentos que não se embasam na realidade objetiva. E é exatamente isso que vejo todos os dias, não só nas redes sociais, mas também nos grandes sites progressistas. Todos eles ficam incensando ministros golpistas do STF, senadores da CPI e figuras ligadas ao golpe contra Dilma.
As instituições são golpistas. Não deveríamos perder de vista a confissão sincera de Romero Jucá: o golpe contra Dilma foi “… com STF, com tudo…”. Direcionar o movimento popular para um impeachment no Congresso ou no STF é jogar a luta do povo num beco sem saída.
O outro lado dessa moeda é que essa esquerda não presta nenhuma atenção ao movimento dos trabalhadores. Por exemplo, está ocorrendo uma greve dos metalúrgicos da General Motors de São Caetano do Sul (cidade da grande São Paulo). Verifiquei os principais sites progressistas e nenhum deles (NENHUM DELES) tinha menção à greve na página inicial. Exceção, obviamente, a este site, que deu destaque ao movimento grevista.
Nas redes sociais não foi diferente: é como se esta greve de milhares de operários metalúrgicos não estivesse acontecendo.
A esquerda pequeno-burguesa fez uma opção de classe: escolheram ser arautos da tal “terceira via” que está sendo engendrada nos intestinos da classe dominante. Alguns agrupamentos já escancararam essa opção, outros ainda não.
A burguesia tem muitas cartas na manga. É muito provável que Lula seja impedido novamente de concorrer. O sonho de nossa elite golpista é um segundo turno entre, digamos, João Doria e Bolsonaro. Se eles conseguirem isso, é certeza que a esquerda pequeno-burguesa entrará de cabeça na campanha por João Doria, ou por outro que seja indicado como candidato da terceira via.
Cabe a nós lutar pelo direito de Lula ser candidato e, uma vez candidato, fazer com que essa candidatura seja o motor da luta do povo, e não uma simples candidatura eleitoral, que é a visão do PT.
A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a posição deste diário.