Se todas as mulheres são oprimidas e exploradas, de alguma forma, pelo sistema capitalista, aquelas que por falta de opção foram obrigadas a se prostituir são ainda mais, por serem atacadas pelo regime e sequer terem o direito pleno de serem mães. Como nos mostra o caso a seguir.
Em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, uma mulher de 26 anos foi detida após levar o filho, de dois anos, para um motel, no dia 20 de fevereiro. Outras duas mulheres e dois homens, que estavam no quarto do motel, também foram detidos, após denúncia anônima à Polícia Militar.
“A mãe alegou ser garota de programa e afirma que foi contratada para realizar um programa sexual e levou a criança porque não tinha com quem deixar. Como havia outras duas mulheres no local, uma delas cuidava da criança”, segundo boletim de ocorrência.
A mãe e os outros quatro detidos assinaram um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foram liberados. Por enquanto, apenas responderão pelo consumo de drogas.
O Conselho Tutelar acompanhou a consulta médica da criança onde foi constatado que não houve nenhuma violência. A criança passa bem e foi deixada sob os cuidados de um membro da família. O colegiado do Conselho Tutelar ainda vai decidir quais medidas protetivas serão aplicadas para garantir os direitos da criança.
A prisão é um ato que não resolve o problema da criança, nem da mãe, que já se encontra em uma situação extrema ao ter que se prostituir para sobreviver. Essa mãe, solteira, trabalhadora e oprimida pela sociedade certamente estava em uma situação desesperada, sem saída, que a obrigou a levar o seu filho para o trabalho, que não é um lugar seguro para uma criança.
O fato dessa mãe não ter com quem deixar o seu filho revela uma das faces do estigma da família e da sociedade, que não aceitam sua profissão e, portanto, não oferecem uma rede de apoio. Por outro lado, ainda mais nefasto, o Estado burguês, moralista e reacionário, ao invés de oferecer condições para a mãe e para seu filho superarem essa situação, acabam reprimindo-os mais uma vez. Elas são constantemente julgadas como criminosas, quando deveriam ser atendidas por políticas sociais e de saúde.
O caso evidencia a dificuldade das prostitutas, tanto para criarem seus filhos numa sociedade patriarcal, como para sobreviver a exploração crescente de um capitalismo falido.