O jornalista Alex Solnik publicou, no dia 12 de setembro, o artigo “Até o Exército precisa do impeachment” no portal Brasil 247.
A argumentação é que todos os setores da sociedade precisam do impeachment de Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido). Há muitos motivos para isso.“Nunca antes na história do Brasil um presidente da República cometeu tantos crimes de responsabilidade, tantas vezes, em tão pouco tempo, quanto Bolsonaro.Não há dúvida, portanto, que os requisitos para iniciar seu processo de impeachment estão postos.”
Solnik diz que a imprensa, os “políticos independentes” da esquerda e da direita, o povo, os empresários, as instituições democráticas, os investidores, os presidenciáveis, o Supremo Tribunal Federal (STF), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) precisam do impeachment. Até mesmo o Exército, força que ocupa milhares de cargos em todos os escalões da administração federal, necessita da abertura do processo de impeachment.
O vice-presidente e general Hamilton Mourão (PRTB) é visto pelo jornalista como “um quadro mais preparado” para conduzir o Brasil até as próximas eleições. A queda de Bolsonaro e a ascensão de Mourão seria uma oportunidade de o Exército se redimir. A pergunta é: é possível o Exército se redimir do apoio ao golpe de Estado de 2016, da fraude eleitoral 2018, das privatizações das empresas estatais, da entrega das riquezas e do patrimônio nacional, da retirada de direitos sociais, trabalhistas e previdenciários da classe trabalhadora, do genocídio de mais de 580 mil brasileiros e dos crimes de tortura, assassinato, ocultação de cadáveres cometidos na ditadura militar?
Mourão, um quadro mais preparado, para quê, exatamente? É preciso recordar quem é o general Hamilton Mourão, tão fascista e genocida quanto Jair Bolsonaro.
Em artigo publicado no Jornal Estadão no dia 6 de abril, o “quadro mais preparado” defendeu a ditadura militar e o golpe de 1964. Em seu ponto de vista “goste-se ou não, foi o regime instalado em 1964 que fortaleceu a representação política pela legislação eleitoral”. Isto é, a ditadura assassina e terrorista de 1964 “fortaleceu a representação” política numa época onde os partidos de esquerda eram proibidos, os sindicatos sob intervenção estatal e a sociedade estava mantida sob vigilância do aparelho de monitoramento e repressão (DOPS, DOI-CODI- SNI).
O “quadro mais preparado” também atacou, em diversas ocasiões, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 2018, Mourão criticou o Supremo Tribunal Federal pela decisão de garantir salvo-conduto a Lula enquanto analisava o mérito do pedido de habeas corpus pedido pelos seus defensores. O general e o Alto Comando do Exército ameaçaram com banho de sangue caso Lula fosse solto.
Quando as sentenças fraudulentas da Lava Jato contra Lula foram anuladas pelo STF em 2021, como resultado da pressão das ruas e dos movimentos sociais, Hamilton Mourão criticou a decisão e disse: “Não dá para apagar os crimes cometidos [por Lula]”.
Mourão é um fascista e genocida tal como o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro. Não à toa eles formam uma chapa e chegaram à presidência e vice-presidência da República pelo golpe de Estado e pela fraude eleitoral.
O fascista verde oliva Hamilton Mourão não é uma alternativa para os trabalhadores. A esquerda deve mobilizar o povo em favor de uma alternativa independente e que corresponda aos interesses das massas.
A mobilização dos trabalhadores nas ruas pela derrubada do governo Jair Bolsonaro e de seu vice Hamilton Mourão é o único caminho para a transformação da situação política e a inversão da correlação de forças. E a candidatura do ex-presidente Lula, aquele que foi impedido de participar das eleições de 2018 pelas manobras articuladas com a participação de Mourão, é a arma dos trabalhadores da cidade e do campo na luta pelo poder político.





