Na região Norte do Brasil, 50% das pessoas que são internadas em razão da COVID-19 morrem nos hospitais por falta de leitos, equipamentos adequados e profissionais de saúde. Essa constatação foi feitapor um estudo realizado por instituições brasileiras e estrangeiras e que acaba de ser publicado (15/01/2021) no periódico científico internacional Lancet Respiratory Medicine.
A pesquisa examinou as informações sobre os primeiros 250 mil pacientes hospitalizados com Covid-19 em todo o Brasil, entre 16 de fevereiro e 15 de agosto de 2020. Nesse período, 79% dos internados em UTI na região Norte morreram. O estudo registrou assim o auge da pandemia em Manaus, entre abril e maio de 2020, e que fez desmoronar o sistema de saúde da cidade. Passaram-se quase 8 meses e nada foi feito em benefício da população. De acordo com os primeiros dados de mortalidade divulgados e com os apelos nas redes sociais feitos por profissionais da saúde da região, clamando por oxigênio, tudo indica que a situação é ainda pior.
A imprensa golpista e a direita “civilizada” aproveitam a comoção popular que tomou as redes sociais para fortalecer a sua política de culpabilizar Bolsonaro por todos os males do país, enquanto boicotam toda tentativa séria de o tirar da Presidência da República. Sem dúvida, a política do governo federal no combate à COVID-19 é uma tragédia que beira o genocídio. No entanto, o desmonte da saúde pública – verdadeira causa das mortes no Norte e em todos os hospitais do País, como apontou a pesquisa – é obra das políticas neoliberais que a direita implantou, sustentou e quer ver voltar com maior intensidade após as eleições de 2022. E, de fato, a direita civilizada é a única com força política suficiente para levar adiante esse ataque às condições de vida da população brasileira.
Bolsonaro é hipócrita ao dizer que seu governo “fez de tudo” para evitar essa tragédia. Mas chega a ser obsceno ver Doria, o escolhido pela burguesia imperialista e pela escória política direitista do País, simular indignação pelo sofrimento de bebês sem oxigênio em Manaus. As mortes na pandemia, que chegam a 200 mil e não dão sinal de diminuir, não são naturais, mas políticas. Pior que não reconhecer esse fato é deixar que seus responsáveis, todos eles, se passem por defensores do bem estar da população. Ao sucumbir à política de transformar Bolsonaro no “mal maior”, a esquerda é conivente desse massacre contra o povo e dificulta sua reação. Hoje o papel dos revolucionários é denunciar a política de aliança com a direita civilizada e mobilizar os trabalhadores e a população como um todo.
Link para a pesquisa: https://www.thelancet.com/journals/lanres/article/PIIS2213-2600(20)30560-9/fulltext#sec1