No dia 5 de outubro, os moradores da Vila Bromberg em Blumenau, Santa Catarina, foram surpreendidos ao acordar para iniciar mais um dia de trabalho e se deparar com um cerco criminoso organizado pelo prefeito da cidade, Mário Hildebrandt (Podemos), com apoio da Polícia Militar do Governador Carlos Moisés (PSL). O objetivo do cerco foi notificar as famílias que teriam 60 dias para demolir suas casas e se retirar do local.
A alegação da prefeitura para o pedido de despejo é que a população que está tendo que enfrentar o desemprego, a alta da inflação e a pandemia de COVID-19 cortou algumas árvores para ter um teto sobre as suas cabeças. Isso mesmo: passaram por cima de uma lei nacional, que proíbe os despejos até dezembro de 2021, por conta de supostos “crimes ambientais”, enquanto os garimpeiros e latifundiários desmatam à vontade.
Nos reunimos com a comunidade nos dia 13 e 15 para organizar um plano de luta contra os despejos. Este plano consiste em mobilizar as comunidades da cidade em uma luta unificada, uma vez que o secretário de defesa civil da cidade, com o cessar da pandemia, deve estabelecer uma comissão multidisciplinar deve atuar nos bolsões de áreas de risco para fazer uma análise das edificações, notificar os moradores da existência do risco e orientar sobre as medidas.
Blumenau é a cidade de Santa Catarina com mais domicílios em aglomerados subnormais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O termo é usado para moradias que estão agrupadas em regiões carentes de serviços públicos essenciais, como abastecimento de água, disponibilidade de energia elétrica e saneamento básico. Além disso, também integra casas construídas em terrenos públicos ou particulares de forma desordenada.
Segundo o Censo Demográfico de 2010 (período de relativa estabilidade econômica no país), eram 6,8 mil domicílios nessa situação em Blumenau, divididos em 17 regiões precárias, o que equivale a 6,7% do total de moradias particulares na cidade. Nesses locais, moram mais de 23 mil pessoas, em uma média de 3,4 moradores por domicílio.
Cabe lembrar que estes números são de 2010, momento de relativa estabilidade econômica no país, de lá para cá o desemprego mais que triplicou e por consequência as moradias em área irregular.
Na última quarta-feira o Comitê de Luta – Blumenau chamou uma reunião para discutir um plano de luta contra os despejos na cidade, participaram desta reunião PCO, PT, PCdoB e PCB, moradores da Vila Bromberg, Morro da Garuva, Morro Dona Edith e Aldeia Urbana(Ocupação Urbana de indígenas Xokleng).
Nesta reunião foram encaminhadas importantes resolução como, a criação do Comitê de Luta da Vila Bromberg, que se reunirá toda terça-feira às 19h na comunidade e um ato público para o dia 04 de novembro em frente à prefeitura, além de 10 mil panfletos e carro de som nos bairros convocando a população a se somar a luta contra BolsoMário, o Despejador.
É um avanço na organização da luta contra os despejos na cidade e que pode servir de exemplo para outros locais, levando em consideração que esta questão deve ser um dos grandes problemas da classe trabalhadora em 2022.
Formar comitês de luta, organizar os trabalhadores, derrotar a burguesia!