Cancelado, lacrado, bloqueado, o agora ex-jogador da Seleção de Vôlei Maurício Souza pode ser obrigado a sair do País e ir jogar no exterior. Seu crime foi ter expressado uma opinião. Que poderia até ter sido questionável, mas, desde quando ter uma opinião, ou não ser ‘politicamente correto’ se tornou crime?
Demitido do Minas Tênis Clube, time que defendia, por pressão de patrocinadores, o jogador diz que não vê mais clima para continuar no Brasil e que sua presença em algum clube colocaria seus companheiros de equipe em uma situação delicada, seria prejudicial. Por isso tomou a decisão de ir para o exterior.
O Santo Tribunal das redes sociais
O identitarismo é uma caça às bruxas, uma histeria coletiva a serviço do imperialismo. Vimos isso na questão do Afeganistão. Quando os EUA saíram fugidos de Cabul, os identitários ficaram desesperados com a situação das mulheres sob um regime dos Talibãs. Ora, em vinte anos de ocupação a prostituição aumentou, o abuso sexual de crianças e mulheres por parte das forças de ocupação correu solto. A miséria, que antes da invasão atingia 33% da população, aumentou para 70%. E todos sabemos que quem mais sofre com a miséria são os setores mais frágeis da sociedade: exatamente mulheres, idosos, crianças. Ou seja, em nome de preservar os direitos das mulheres, os identitários apoiam seus verdadeiros opressores.
No programa Café da Manhã da TV 247 deste 10 de novembro, a comentarista Cynara Menezes disse que jamais apoiaria um governo Daniel Ortega (Nicarágua) porque, dentre outras coisas, foi acusado de ser um molestador sexual. É uma coisa grave, sem dúvida; mas, Ortega foi processado, julgado ou punido? Teve direito de se defender dessas acusações? O curioso é que a Nicarágua está sob forte assédio e correndo risco de intervenção dos EUA. Para não ficar abertamente ao lado do imperialismo, a jornalista diz genericamente que está “ao lado do povo nicaraguense”. A questão é que o povo votou em Ortega e, não bastasse isso, não existe uma terceira opção.
A função do identitarismo é justamente colocar as pessoas como defensoras de ‘causas justas’ de forma autoritária e irracional. Quem ganha com o autoritarismo? O STF, que foi uma peça fundamental para o golpe e consequente aumento da miséria no Brasil, está ganhando fãs e apoio após ter prendido figuras inexpressivas da extrema-direita por disseminarem “discurso de ódio”.
A mesma corte que elegeu o fascista Bolsonaro ao colocar ilegalmente Lula na cadeia, tem um dos seus membros, que ficou famoso por aparecer na TV incendiando pés de maconha, recebendo o carinhoso apelido de ‘Xandão’ nas redes sociais.
O jogador Maurício Souza contestou a criação de um super homem bissexual e está sentindo na pele a sanha identitária. Agora, quem é ingênuo para acreditar que uma multinacional multibilionária está realmente interessada nos direitos das minorias? O capitalismo é o maior responsável pela opressão, a empresa simplesmente enxergou uma oportunidade, um nicho de mercado. São apenas negócios.
Para piorar, o jogo virou. A extrema-direita tem aparecido como vítima, como defensora da liberdade de expressão (o que é falso); enquanto a esquerda surfa na onda do autoritarismo.
