A cidade de Manaus enfrenta uma gravíssima crise sanitária devido ao aumento dos casos de Covid-19 neste início de ano. O sistema de saúde entrou em colapso com o aumento exponencial de doentes graves, com necessidades de internação. O serviço funerário da cidade registra tristes recordes de enterros, que já estão além da capacidade do serviço funerário público e privado. Toda situação terrível não é, contudo, obra do destino, inefável, mas o produto genuíno da política da burguesia, da direita e da extrema-direita, é somente isso que tem a oferecer para as massas trabalhadoras do país.
O Estado do Amazonas contabiliza mais de 229 mil pessoas infectadas e quase 6 mil mortes. Somente em Manaus morreram, em dados oficiais, quase 4 mil pessoas desde o início da pandemia, número que pode ser muito maior devido ao controle fraudulento exercido sobre a divulgação dos dados e da falta de testes em milhares de pessoas mortas.
A cidade no início da pandemia em 2020 foi uma das cidades mais afetadas no País e naquela ocasião também o sistema de saúde entrou em colapso. Lançando mão da única política que dispunham, o limitadíssimo isolamento social, os governos no País inteiro maquiaram a situação da pandemia como se essa estivesse em um leve declínio. A proximidade das eleições e a sua realização o milagre, a pandemia simplesmente desapareceu no país. Logo após as eleições o vírus ressurge ainda mais devastador do que antes.Nesse ínterim, os governos não fizeram absolutamente nada para conter o vírus, excetuando a demagogia barata de certos governadores como João Doria.
A chamada segunda onda do vírus em Manaus, na verdade a primeira que nunca se extinguiu em todo o país, mas ganhou ímpeto com a abertura econômica total e sem controle, superou o momento mais trágico no início da pandemia, faltam leitos, profissionais e material médico necessários. Hospitais da cidade ficam mesmo sem oxigênio o que levou diretamente a morte de inúmeros concidadãos. O Estado transferiu 750 pacientes para estados próximos por falta de capacidade de atendimento.
A falta de oxigênio levou a uma situação dantesca, familiares e profissionais de saúde produziram vídeos aterradores, que chocaram todo o país, mostrando a situação dramática e inclusive pedindo para a população que tivesse oxigênio, que levassem ao hospital já que poderia salvar uma vida.
O governo Estadual nada fez agora, como não havia feito antes. O governo federal do fascista Bolsonaro também nada fez, na manhã da última quarta-feira (14), dia em que a FAB teria levado uma quantidade de oxigênio à cidade, o Hospital Universitário Getúlio Vargas, ligado à Universidade Federal do Amazonas, ficou quatro horas sem oxigênio, criando uma situação de desespero.
O reacionário governador Wilson Lima (PSC), diante da incapacidade da empresa principal fornecedora de oxigênio do Estado e do País, a White Martins, de aumentar a produção, a cidade necessita agora três vezes mais, recorreu à Venezuela para importar o oxigênio. O presidente Nicolás Maduro determinou que seja feito o mais rápido possível todo o gás necessário. Jair Bolsonaro, por sua vez, afirmou ser terrível a situação, mas o governo federal já fez a sua parte.
A situação em Manaus, como em todo País, é o resultado da política da burguesia, seja a extrema-direita, seja a direita tradicional. O caso de Manaus deixa a mostra a política da burguesia em relação ao “combate ao vírus”. Desde o primeiro momento nada foi feito para conter o vírus, não criou-se leitos, não se construiu hospitais, não se preparou materialmente para o aumento de internações, não se testou a população, não se contratou profissionais de saúde, não se fez nada, apenas discurso, que no momento de crise se esvai. O caso de Manaus é o caso de todos os governadores e do governo federal. O aumento repentino de casos levará em qualquer lugar do país ao mesmo resultado.
O governo do Estado, a prefeitura não conseguiram nem suprir de oxigênio os hospitais em meio a pandemia e nem mesmo de crise em que o povo brasileiro está morrendo asfixiado, não conseguiram realizar uma operação simples e nesse momento vital de suprir rapidamente todo o oxigênio necessário. Um misto da concepção neoliberal genocida, de impedir que o Estado “gaste” com a população mesmo que seja para conter uma pandemia que vitimou centenas de milhares no país, e uma incompetência absoluta.
Esse crime, e é evidentemente um crime deixar os hospitais desabastecidos no meio da pandemia, não é apenas do governador do Estado ou do Bolsonaro, o é também, mas de todos os políticos tradicionais da burguesia golpista, do centrão, da extrema-direita, dos governadores etc., que tem exatamente a mesma política.
A luta contra o governo Bolsonaro, assim como a luta contra a direita tradicional dita democrática, torna-se efetivamente uma luta, não apenas pelos direitos democráticos, políticos e sociais, mas pela própria vida de uma ampla parcela da população, que a burguesia de conjunto despreza e sacrifica em nome de seus interesses.