A PM tem que acabar!

Major condenado por tortura e morte de Amarildo é premiado

Enquanto a família está destruída, com medo e desesperada, a PM, instituição assassina do Estado, reintegra seus melhores quadros para continuar os crimes contra a população

Em 14 de julho de 2013, por volta das 19h, o ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, estava em um bar na Rocinha, zona sul do Rio de Janeiro, quando foi abordado por policiais durante a chamada “Operação Paz Armada”. O jovem negro de 43 anos – mesmo apresentando sua documentação – foi levado pela PM, para “averiguação” à sede da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Rocinha, comandada pelo major Edson Santos e nunca mais apareceu. A Justiça concluiu que Amarildo foi torturado até a morte dentro de uma das repartições do local. Em 2016 o major e outros 12 policiais foram condenados pelos crimes de tortura seguida de morte, ocultação de cadáver e fraude processual.

No entanto as condenações dos policiais são para inglês ver e não servem para nada, quando muito, ficam alguns meses preso no quartel, e a maior parte cumprem prisão domiciliar. Como é o caso do major da PM, que foi condenado a 13 anos e sete meses de prisão em 2016, mas ficou em regime semiaberto na Unidade Prisional da Policia Militar (UP/PMERJ) e desde de dezembro de 2019 conta com o beneficio da liberdade condicional. E agora, para completar sua premiação pelo assassinato do Amarildo, na última semana, foi publicado no Diário Oficial do Estado (sexta-feira, 29), que a Secretaria de Estado da Polícia Militar do Rio de Janeiro recolocou o major Edson Raimundo dos Santos no quadro de oficiais da Polícia Militar.

Ou seja, a burguesia só espera abaixar a poeira para reintegrar os assassinos de trabalhadores nas ruas e em suas funções, para continuar a fazer o que de melhor tem para oferecer, espancar, matar, oprimir e aterrorizar a população pobre e negra do país.  Vale dizer que esse é um caso. Devido a repercussão que teve na imprensa e nas redes sociais, inclusive internacional, ao assassinato do ajudante de pedreiro, que não devia absolutamente nada a justiça e mesmo que devesse, não justifica que sua vida deveria ter tido esse desfecho trágico e sanguinário que teve por parte da PM, e o que houve foi simplesmente dois anos de condenação para esse major da PM.

Na maioria dos casos não há condenação e no máximo o agente criminoso é afastado ou trocado de batalhão, sendo deslocado para em outra região para continuar atuando contra outra comunidade praticando os mesmo crimes. Os “presos” no batalhão, quando são, ficam alguns meses prestando serviços internos, recebendo seus salários, até que a população esqueça um pouco o ocorrido e logo voltam a atuar em seguida da mesma forma em que foram treinados para fazer, reprimir e atacar a população.

Em relação a indenização do caso Amarildo, as últimas informações encontradas são de 2018, onde a viúva, Elizabete Gomes da Silva (53 anos), conhecida como Bete, e sua família, ganhou em segunda instância o direito a R$ 3,5 milhões do Estado, mas o Estado do Rio recorreu da decisão e até hoje não se tem noticia se a decisão foi ou será cumprida, continua o processo em andamento. Já por outro lado, como relata uma sobrinha de Amarildo, Michele Lacerda, para o DW “o Estado continua pagando salários aos assassinos”. Segundo a reportagem do G1 o pagamento mensal do major da PM, somado é aproximadamente R$ 23 mil por mês e em dezembro de 2019 teve como direito o 13° salário.

“Não acabou só com o Amarildo, acabou com a família inteira. Tiveram os fatos de torturar, sumir com o corpo, a gente não teve como enterrar os restos mortais do meu marido. Meu marido foi morto brutalmente. Ninguém aceita um negócio desses, a gente perdeu, e eles estão na rua, já vão ser soltos. A gente está com as mãos atadas, sem saber o porquê”, disse a viúva ao G1. O advogado da família, João Tancredo, critica o cinismo do Estado em relação ao caso. “O Estado do Rio de Janeiro até hoje ainda nega que foi a polícia que desapareceu com o Amarildo. Eu não consigo imaginar tamanha desfaçatez, e me permita a expressão, cara de pau para dizer um negócio desse”, disse.

Outro caso de impunidade recente, em relação ao braço armado da burguesia que atira na população negra e pobre, foi o dos policiais norte americanos, que deixaram o jovem Jacob Blake paraplégico no Estado de Wisconsin nos EUA. Blake foi vitima de dois policiais que atiram sete vezes contra o jovem de 29 anos no final do ano passado. No dia 20 de janeiro, os dois policiais que haviam sido postos em licença administrativa após terem prendido e disparado contra Blake voltaram à ativa. Suas ações bárbaras foram consideradas sensatas e justificáveis, de acordo com a polícia, que resolveu reintegrar seus agentes ao trabalho normal.

No ano passado (2020) de acordo com boletins, relatórios, estatísticas, pesquisas e etc. mesmo em um ano condenado pela pandemia que assolou o mundo inteiro, no Brasil a Policia Militar bateu todos os recordes mais uma vez. Foi em números de ataques contra a população, foi em número de assassinatos, abordagens violentas, crimes contra crianças, negros, enfim, a maquina do estado de matar pobre e preto esteve atuante de forma virulenta e significativa como acontece ano após ano. Um excelente exemplo são as tropas de elite da PM, como o BOPE e a ROTA, que sempre foram grupos de extermínio dentro da corporação e atuação abertamente ilegal com o lema “o que deus cria, a ROTA mata”. Ou seja, sempre foram milícias de governos da direita e elementos da extrema direita armados contra o povo.

É preciso exigir o fim da PM, não se trata de desmilitarizar o aparato de repressão do Estado, porque os assassinos continuam na corporação. Tem que por fim nessa instituição. A policia Militar não proporciona segurança, muito pelo contrário, ela estruturada para matar gente a PM é uma máquina de guerra para matar a população, em uma década mais de 200 mil pessoas foram mortas por essa organização. Ela deve ser substituída por milícias populares, organizada e composta por cidadãos comuns armados que prestam segurança na comunidade, eleita pela população e controlada pelo povo e os trabalhadores.

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