Novos diálogos protocolados pela defesa de Lula expõem mais detalhes da conspiração jurídica da operação Lava Jato. O conteúdo deixa bastante explícito o conluio entre os procuradores da operação e o juiz Sérgio Moro, o “Russo”. Antes da prisão do ex-presidente, em abril de 2018, durante a concentração popular em torno da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, procuradores da Lava Jato discutiam estratégias de articulação com Moro para perseguir Lula.
O dia 7 de abril foi bastante movimentado, com enorme participação de militantes da esquerda para impedir a prisão de Lula a partir de uma ordem judicial de Moro. Durante a manhã, Deltan Dallagnol defendeu, em troca de mensagens com outros procuradores da força tarefa da operação, que fosse emitido um pedido de prisão preventiva. Essa seria uma resposta do grupo à concretação das milhares de pessoas em apoio ao ex-presidente.
Na conversa, o procurador Orlando Martello mostra como funcionava a articulação entre juiz e acusadores. Se referindo a Moro como “Russo”, codinome do juiz de primeira instância de Curitiba, Martello condiciona o pedido de prisão preventiva à vontade do juiz. Um escândalo jurídico, que expõe que quem deveria atuar como um mediador imparcial agia na verdade como um integrante da acusação. O próprio procurador argumenta que o pedido de prisão preventiva poderia gerar “desgaste desnecessário” e ser enumerado como “mais um abuso”.
Jerusa Viecili, também procuradora, demonstra preocupação em perder a corrida com a Polícia Federal, que poderia pedir essa prisão preventiva e deixar a força tarefa da Lava Jato “no vácuo”. Mas deixa claro que “em último caso” deveriam proceder com essa estratégia. Já seu colega Julio Noronha apresenta outra proposta, para evitar o desgaste de Moro. Para ele, mesmo que o “menino” desejasse um pedido de prisão preventida, a força tarefa deveria fazer esse pedido com base em outra Ação Penal, remetendo para outro juiz. Novamente, aparece a preocupação com explicitar a perseguição a Lula. Segundo Noronha, “mais uma ordem de prisão de Moro, mais um argumento de perseguição”, então eles não deveriam dar a Lula “palco e plateia”.
Por fim, Viecili explicita que naquele momento apenas Dallagnol era a favor da ordem de prisão preventiva e se refere a Moro por uma variante do apelido “o problema é convencer a Rússia. E evitar desgastes desnecessários”. Essas “tabelinhas” entre procuradores e juízes comprovam que Lula foi perseguido por uma quadrilha criminosa e que todos os processos da Lava Jato foram parte de uma conspiração que acabou por fim pavimentando o caminho para a fraude eleitoral de 2018.
A questão que se põe é: quantas revelações mais são necessárias para a anulação dessa operação criminosa?
Enquanto diversos detratores do ex-presidente procuram hoje se apresentar como aliados de Lula e do PT, poucos defendem abertamente a anulação da Lava Jato. Não é segredo pra ninguém que não faltam processos contra Lula e se for preciso ele será removido das próximas eleições. Até as condenações anuladas recentemente podem ser validadas, pois só mudaram de endereço, a suspeição de Moro foi congelada no STF.
É preciso agir com rapidez e firmeza e exigir a anulação de todos os processos da Lava Jato, sem meio termo, sem demagogia com o farsesco combate à corrupção. Os indícios eram bastante evidentes durante os julgamentos de Lula e agora abundam provas. Toda a operação deve ser posta na ilegalidade e seus agentes indiciados pelos crimes. Essa é uma luta central no atual momento e sobre a qual não é possível se esquivar.