Na última semana, o Magazine Luíza, principal empresa no setor varejista do Brasil e comandada pela bilionária Luíza Trajano, anunciou a abertura de inscrições para o seu segundo programa de trainees voltado exclusivamente para profissionais negros. Segundo a empresa, tal atitude (que ocorre pela segunda vez na história da mesma) seria uma forma de aumentar o número de empregados pretos e pardos em posições de liderança.
No ano passado, o lançamento desse programa trouxe consigo diversas tentativas de barrar a seleção com ações judiciais, que foram rechaçadas pelo Ministério Público do Trabalho. A empresa foi adiante, recebeu mais de 22 mil inscrições – obteve enorme publicidade favorável – e contratou 19 trainees. Repetindo os critérios do ano passado, poderão participar este ano da seleção universitários e recém-formados de nível superior de todo o Brasil, que receberão um salário de R$6.800, bem como, para aqueles selecionados de outras regiões do país, receberão auxílio financeiro para a mudança.
Como assinalou este Diário, todo o programa de trainee da empresa não passa de uma farsa. Para começo de conversa, a população negra não deve confiar que os responsáveis por sua opressão, os capitalistas, sejam seus aliados (muito menos em troca de um salário). Se trata de um programa demagógico visto que, como supracitado, de 22 mil candidatos apenas 19 foram aprovados e considerados realmente aptos à trabalhar na empresa em cargos de confiança e liderança. Isso mostra a verdade por traz da ilusão que foi propagandeada como um grande avanço pela própria imprensa capitalista e por muitos setores ”identitários” da esquerda.
Por mais que se tente, com a imprensa burguesa colocando negros de classes intermediárias para fazer propaganda destas iniciativas de grandes empresas, é cristalino que essas tentativas nessa etapa da situação política global mostram o desespero com que o imperialismo encara e remedia a crise política em todos os lugares. É preciso denunciar a demagogia das grandes empresas, que fazem a política diversionista pró-imperialista do identitarismo ao mesmo tempo que promovem sua doutrina neoliberal que desemprega, extermina e mata de fome permanentemente a população trabalhadora, de maioria negra.
