Em levantamento independente feito pelo sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), foram registrados 1.045 casos de Covid-19 entre os estudantes, professores, outros profissionais e trabalhadores da educação em 548 escolas paulistas. O governo Dória, que prometeu divulgar semanalmente dados sobre a contaminação nas escolas, mas não vem fazendo, esconde os dados da última semana para continuar dando seguimento às aulas, uma ação estimulada por interesses econômicos, abusiva, irresponsável e trágica para a vida de centenas de cidadãos. O governo alega que elaborará um novo Painel de Monitoramento, informando que teve que fechar na última semana cinco escolas devido às contaminações.
Na terça-feira passada, 16 de fevereiro, Rossieli Soares, Secretário Estadual de Educação, havia informado que 741 pessoas haviam se contaminado com Covid no período de 02 de janeiro até 13 de fevereiro. Deste total 456 são da rede estadual, 14 da rede municipal, 271 da rede particular e mais de mil casos suspeitos, dados muito altos, o que prova o desastre que é o retorno às aulas, com a falsa garantia de segurança.
Para a presidente da Apeoesp, professora Bebel, deputado pelo PT, o governo de João Dória está escondendo os dados, pois está ocorrendo uma explosão de casos. Segundo a professora, “Já são mais de mil infecções por Covid-19. Esse é o resultado do desprezo do governador e do secretário da Educação pela vida dos professores, funcionários, estudantes e suas famílias. Na verdade, desprezo pela vida de todos, porque manter atividades presenciais nas escolas é estimular a circulação do vírus e tornar a pandemia ainda mais forte. Medidas de controle durante a madrugada são, na verdade, o mais puro marketing considerando o quadro atual”.
Os casos de professores contaminados e vindo a óbito não param de ser relatados pelo sindicato. No sábado(20), uma professora de 32 anos, Maria Tereza Lourenço, que dava aula em uma escola estadual de Caçapava, no Vale do Paraíba, morreu de Covid. Ela fora contaminada logo após o início do planejamento escolar no final de janeiro. Uma outra professora, Rafaela Cardoso, que está grávida de 8 meses, teve seu pedido para trabalhar em home office negado. Ela informa que trabalhou presencialmente 10 dias na Escola Municipal Luiz Tortorello, em São Caetano do Sul, e apresentou com outros colegas sintomas de Covid. Hoje está internada na Unidade de Terapia Semi-Intensiva do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo.
Apesar da tentativa de restringir e omitir as informações sobre contaminação nas escolas, os casos estão vindo à tona. Um coordenador do Sistema de Informação e Monitoramento da Educação para a Covid 19, que não quis se identificar por receio de perseguições, disse que “o cadastramento é extremamente burocrático, parece feito para desistirmos de informar as ocorrências de contaminação”.
Em nota, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo “informa que, no momento, a equipe da Coordenadoria de Informação, Tecnologia e Matrícula (Citem) da Seduc-SP, a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp) e da Comissão Médica da Educação estão mobilizados na elaboração e homologação dos indicadores de processo e resultados que farão parte do Painel de Monitoramento (Business Intelligence), estruturado para permitir que as escolas possam acompanhar o impacto da pandemia localmente(…)”. A nota informa ainda que durante o mês de fevereiro 14 escolas já foram fechadas em decorrência da Covid .
Diante desses dados oficiais do governo e dos relatos da Apeoesp, faz-se urgente uma grande mobilização de todos os trabalhadores da educação, dos pais, sindicatos e cidadãos em geral para declarar uma greve geral e impedir a continuidade das aulas. Aula só depois da vacinação em massa e com o fim da pandemia. Retorno agora, sem vacina, com pandemia descontrolada e muita demagogia da burguesia golpista que nos governa, é aumentar o genocídio da população brasileira. Ao autorizar o retorno às aulas, Dória obedece a interesses econômicos e abusivos dessa burguesia, colocando a vida de milhares de pessoas em segundo plano, um genocídio em marcha.