A pouco mais de um ano das eleições presidenciais, são evidentes as campanhas abertas de Bolsonaro e da terceira via. O primeiro, a todo dia procura se apresentar como o candidato “antissistema”, por isso ataca as instituições carcomidas, como o STF, que outrora garantiram a fraude que o levou à presidência. A segunda, um pouco mais discreta quanto ao seu candidato – que deverá ser o governador de São Paulo, João Doria -, com muita “delicadeza”, passo-a-passo procura transformar seu candidato de facínora em “democrata”, “identitário”, “defensor da vida” e um “antibolsonarista” ferrenho.
Na mesma medida em que avança a política dos candidatos das duas alas da burguesia, a campanha do candidato dos trabalhadores, a única candidatura que é capaz de derrotar o golpe de 2016, a candidatura de Lula, segue numa passividade mais absoluta possível, pelo menos no que diz respeito a servir como um instrumento pela mobilização da maioria esmagadora de explorados do País por suas necessidades fundamentais em um momento de gravíssimo desemprego, inflação em alta, uma pandemia que mesmo com a propaganda de que está sob controle ainda mata, oficialmente, quase mil pessoas por dia e seus dois adversários, juntos, irmanados no Congresso Nacional, promovem a destruição do País.
Alguns ingênuos da política e outros nem tanto, alegam que não é o momento de Lula se expor, que não deve levar sua candidatura para os atos fora Bolsonaro e chegam mesmo a louvar as iniciativas petistas de conversação com setores golpistas de ontem, afinal as pesquisas indicam sua vitória ainda no primeiro turno.
Gostaria a burguesia brasileira, a mesma do golpe de 2016, tão cordata para dar um golpe ou até mesmo dois golpes, o segundo ao retirar Lula das eleições passadas, agora de assistir passivamente à vitória desse mesmo Lula? É claro que não. O mesmo ingênuo poderia afirmar: “Mas é impossível Lula não ganhar”. Não é assim. A burguesia já fabricou Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso. No início de 1994, as pesquisas eleitorais davam Lula com mais de 60% das intenções de voto para presidente. Em outubro daquele ano FHC foi eleito em primeiro turno.
É por isso que Lula tem que ir às ruas. Afora os ingênuos, a esquerda que defende que Lula fique em casa é a mesma que está por trás do candidato “democrata” da terceira via.
Lula precisa se colocar finalmente como o grande candidato do povo nas eleições de 2022. Precisa participar do movimento fora Bolsonaro, convocando o povo a sair às ruas e indo às manifestações principais. Precisa se colocar como o representante das reivindicações populares, precisa dizer que seu governo vai reduzir o preço da gasolina, construir moradias, reverter as privatizações e reformas neoliberais de Temer e Bolsonaro, aumentar de verdade o salário mínimo, implementar um plano de empregos para os trabalhadores, ou seja, precisa se colocar como o único candidato que atenda aos interesses dos trabalhadores.
Isto é, polarizar com Bolsonaro e com a direita. Não ficar de joguinhos eleitoreiros com a direita supostamente antibolsonarista, não cair na lábia desses espertinhos da ala direita da esquerda que dizem que ele tem que ir ao chamado centro político para vencer as eleições. Se Lula se apresentar com as reivindicações populares, vai impulsionar as mobilizações, que por sua vez vão impulsionar a sua candidatura e diminuir as chances de manobra da terceira via para tirá-lo do páreo em 2022.
