A Embaixada do Brasil em Moscou dará apoio à edição em russo do livro clássico “Artes Plásticas na Semana de 22”, da autora Aracy Amaral. Escrito em 1970, um clássico da história da arte brasileira, o livro trará artigos de sete autores modernistas, com artigos originais e com mais de cem imagens, sendo esta a primeira versão em língua estrangeira e colorida.
A previsão de publicação é para o segundo semestre desse ano. A edição em português, publicada pela Editora 34, em preto e branco, já está em sua 5ª edição. A última obra sobre arte brasileira traduzida para o russo ocorreu durante o regime soviético, na década de 1970. E segundo especialistas, a obra sofrera restrições em seu conteúdo. Essa edição do “Artes Plásticas na Semana de 22” em russo fará parte dos eventos comemorativos do centenário da Semana de 22.
A autora Aracy Amaral, paulista, nascida em 1930, é historiadora, crítica e curadora de arte e professora de História da Arte pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP(Universidade de São Paulo). Aracy já fora diretora da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo.
Sua obra “Artes Plásticas na Semana de 22” aborda toda o contexto da importante Semana de Arte de 1922 que revolucionou o modernismo e a arte brasileira na primeira metade do século XX. É uma obra de referência para entender o período.
A Semana de 22, ocorrida entre os dias 11 e 18 de fevereiro, na cidade de São Paulo, tendo como palco seu Teatro Municipal, marcou o início do modernismo no Brasil. A Semana renovou a linguagem artística. Buscou novas experimentações, mais liberdade na criação nos campos da poesia, escultura, literatura, música, rompendo com o que era feito no passado. A poesia passou a ser mais declamada. Antes, era apenas escrita. As músicas eram acompanhadas por concertos e as artes plásticas estavam exibidas em telas, maquetes e esculturas. A linguagem abraçou também a informalidade e a linguagem popular.
O contexto da Semana de 1922, um período de pós Primeira Guerra, se deu em uma época de muita turbulência nos campos da política, da economia e da cultura. Desprovidas de regras, as novas linguagens, oriundas da Europa, chocaram os mais conservadores. A época no Brasil era de República Velha, com a classe dirigente ligada à velha oligarquia cafeeira, atrelada aos costumes tradicionais. Esses mais conservadores se chocaram e criticaram. O Governador de São Paulo, Washington Luís, porém, apoiou o evento.
Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Victor Brecheret, Anita Malfati, Menotti Del Picchia, Villa-Lobos, Di Cavalcanti, dentre outros, foram os principais nomes que fizeram história nessa Semana de Arte, agora rememorada em russo na importante obra “Artes Plásticas no Brasil”, de Aracy Amaral.