O caso do jogador de vôlei Maurício Souza mostrou a que extremo chega a histeria dos identitários. Após emitir uma opinião, o jogador foi demitido de seu time, o Minas Tênis, por pressão dos patrocinadores Fiat e Gerdau, não será mais convocado pela Seleção Brasileira e está ameaçado por uma representação no Ministério Público que reúne parlamentares de sete partidos. Isso sem contar o “cancelamento” nas redes sociais.
Tudo isso aconteceu – embora os identitários pensem diferente – porque o jogador afirmou que não “achava certo” que o filho do Super-homem fosse bissexual. Sim, porque em resumo foi isso que ele falou. Ele não ameaçou ninguém, não rebaixou ninguém, não instigou nada contra ninguém. Apenas expressou uma opinião conservadora que qualquer pessoa comum poderia expressar. As pessoas podem concordar ou não com o que ele quis dizer – nós não concordamos – mas fato é que ele não fez nada mais do que dar uma opinião.
Em suma, tudo isso aconteceu por causa dessa opinião. A esquerda identitária, que segue a política dos monopólios como a Fiat, a Gerdau, a rede Globo, foge desse problema fundamental, ou seja, de que está defendendo que a opinião de uma pessoa seja crime. Histericamente, começam a repetir como papagaios que “homofobia não é opinião, é crime”.
Mas vejamos a lógica dessa afirmação. Quem diz que homofobia é crime? No Estado burguês, quem define é a Justiça burguesa. Quem poderá definir se o que uma pessoa falou é crime ou não serão justamente os monopólios imperialistas que dominam as instituições do Estado. Foi o que aconteceu no caso de Maurício Souza.
Bom, se é assim, a homofobia depende da interpretação de alguém. O que resulta que, dependendo do que a pessoa falar, aquilo está passível de interpretação. Mas, tal conclusão nos leva ao seguinte problema: saber qual o conteúdo do que foi falado, ou seja, qual a qualidade da opinião emitida.
Concluindo logicamente, os que repetem “homofobia não é opinião, é crime” estão nada mais nada menos do que defendendo o reacionário crime de opinião.
A esquerda precisa se colocar abertamente diante desse problema. Precisa sair do armário e assumir que defende a censura ou abandonar essa ideia e defender aquilo que é tradicional entre os progressistas, democratas e revolucionários: a liberdade de expressão irrestrita.
A histeria da esquerda identitária impede qualquer discussão racional e lógica. Isso a coloca a reboque dos setores mais reacionários da direita. Essa esquerda está ao lado das posições mais retrógradas da sociedade: a censura. Ela defende o crime de opinião, ou seja, a volta à Idade Média, quando o cidadão não tinha direito de falar nada.
É preciso dizer claramente que a liberdade de opinião é um direito sagrado. Essa é uma política da esquerda e não da direita. Quem defende calar o outro, censurar, perseguir devido a uma opinião, concordando completamente ou discordando completamente dela, é um reacionário, não importa sob qual pretexto moral está se levantando a bandeira da censura.
O autoritarismo repressivo dos identitários fortalecerá a extrema-direita. A liberdade de expressão deve ser um princípio de todos os setores progressistas e não deve ser usado por conveniência. #ForaBolsonaro #LulaPresidente pic.twitter.com/JlkMWes0bZ
— PCO – Partido da Causa Operária (@PCO29) November 1, 2021