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Futebol

Jogador do Fluminense protesta contra política da CBF na pandemia

A Confederação, que enche os bolsos de dinheiro anualmente com as vidas dos profissionais, não está nem um pouco preocupada com as possíveis mortes decorrentes da Covid-19, mantendo os campeonatos mesmo com a situação crítica da pandemia

Na vitória do Fluminense contra o Flamengo, pelo clássico do campeonato carioca, o jogador Igor Julião deu entrevista após o jogo. O lateral-direito explicou a comemoração com o punho cerrado erguido. Segundo ele, é uma homenagem à postura do clube durante a pandemia e também uma crítica à CBF.

“Inspiração foi por causa da postura que o Fluminense sempre teve durante a pandemia. O time que a gente escolhe torcer também é um ato político. Foi para exaltar a postura que o Fluminense teve durante a pandemia. A gente sabe como é difícil, mesmo com o protocolo falho que a CBF tem com a gente, fazendo os jogadores viajarem em voos comuns durante o ano inteiro. É para isso, exaltar a postura do Fluminense numa pandemia até porque nem todos estão tendo uma postura coerente.” (Igor Julião, jogador do Fluminense)

O desabafo do jogador do Fluminense expõe a crise no futebol com a pandemia, um debate enorme sobre parar ou não, recentemente inflamado pelo técnico do América-MG, Lisca Doido, que denunciou a atitude genocida da CBF, fazendo uma denúncia em relação à continuidade do calendário do futebol brasileiro em meio ao agravamento da pandemia do coronavírus no Brasil.

É evidente que o correto é parar as atividades, com os governos, as federações esportivas e os capitalistas bancando financeiramente os prejuízos econômicos do clube, especialmente os menores, arcando com os salários dos funcionários menores como roupeiros, preparadores, massagistas, auxiliares, cozinheiros, etc.

O futebol é um esporte que não se resume somente às quatro linhas. Há toda uma preparação por trás de cada partida e nisso entram dezenas de milhares de empregos e famílias que dependem de algum tipo de auxilio para não morrer de fome durante a paralisação, caso ela aconteça.

Mas a verdade é que é preciso destacar que há uma verdadeira desmoralização da própria ideia de parar, porque os próprios governos não estão levando a sério o combate à pandemia. Uma prova disso é o transporte público, comprovadamente o principal vetor de transmissão do coronavírus, que permaneceu desde o início da pandemia aglomerando os trabalhadores em verdadeiras latas de sardinha, pelos governos, para manter o lucro dos capitalistas.

Outro aspecto é que o auxilio emergencial – que foi R$ 600,00 ano passado – foi uma verdadeira merreca, insuficiente para que os trabalhadores ficassem casa. Isto fez com que a população precisasse sair de casa para não morrer de fome, o que impossibilitou qualquer efetivo confinamento. Desta forma, o vírus circulou livre por todo o País e vai circular ainda mais, mas a imprensa capitalista, para acobertar a responsabilidade dos governos e a sua cumplicidade com ela, repete todos os dias que “a culpa é do povo”, que estaria fazendo festas e gerando aglomerações. É uma piada.

Diante de tudo isso, é preciso repercutir e apoiar as posições corretas politicamente e do ponto de vista esportivo, de Igor Julião e Lisca Doido, em denunciar a atitude assassina da CBF, que enche os bolsos de dinheiro anualmente com as vidas dos profissionais, mas não está nem um pouco preocupada com as possíveis mortes decorrentes da covid-19, num momento em que o País caminha para as 300 mil mortes por coronavírus.

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