Na última semana, uma sequência de eventos mostrou, uma vez mais, que “Partido Militar” – integrante fundamental do regime golpista, continua como um elemento fundamental não só do governo Bolsonaro amplamente repudiado pela imensa maioria do povo brasileiro, como também está “em campo” para procurar interferir, de forma decisiva, no processo eleitoral por vir.
No dia 14, um áudio vazado à imprensa, revelou que o influente general, ministro-chefe de Segurança Institucional do Brasil, Augusto Heleno, um dos mais eminente articulardes entre os militares do golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma, declarou durante cerimônia de formatura do Curso de Aperfeiçoamento e Inteligência, para agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), em claro tom de ameaça contra o País que
“temos um dos Poderes que resolveu assumir uma hegemonia que não lhe pertence, não é… não pode fazer isso, está tentando esticar a corda até arrebentar. Nós estamos assistindo a isso diariamente, principalmente da parte de dois ou três ministros do STF […] E que eu, particularmente, que sou o responsável, entre aspas, por manter o presidente informado… eu tenho que tomar dois Lexotan na veia por dia para não levar o presidente a tomar uma atitude mais drástica em relação às atitudes que são tomadas por esse STF que está aí” (Metro1, 15/12).
Nem é preciso ser bom entendedor para concluir que as palavras ditas pelo chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, e um dos mais próximos colaboradores do presidente fraudulento Jair Bolsonaro, não se dirigem apenas contra o Judiciário, parceiro do golpe de Estado, e que muitas vezes se curvou aos ditames dos chefes militares. São na realidade, mais uma ameaça de golpe de Estado, em um momento em que a crise econômica, e com ela a crise política avançam a passos largos.
As ameaças do general, como tantas outras, ao contrário do que procuram apontar, seguidamente, a imprensa golpista, toda a direita e até mesmo setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa, revelam que o “golpe militar” é uma das “alternativas” que estão colocadas como possiblidade para a direita e toda a burguesia golpista para enfrentarem a atual crise política a uma situação de impossibilidade de que Bolsonaro e demais candidatos da direita golpista possam vencer as eleições. Heleno não é uma voz isolada dentro do governo. O general é um dos expoentes mais destacados do núcleo duro do bolsonarismo, dentro e fora dos quartéis. Neste sentido, suas palavras devem ser interpretadas como uma ameaça real e não somente como bravatas vindas de um militar decrépito de um governo em crise.
Reforçando a disposição dos militares de continuarem a darem as cartas no regime político, em conluio com outros setores submissos ao imperialismo, na mesma data foi divulgado que o ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro, o general da reserva do Exército Fernando Azevedo, vai assumir em fevereiro do ano que vem o posto de novo diretor-geral do TSE; o mais alto cargo administrativo daquela Corte. Depois que o próprio presidente levantou devidas suspeitas pelo processo eleitoral e acabou recuando diante dos ataques que seus aliados sofreram da parte dos ministros do STF, em processos de clara perseguição politica e arbitrariedade.
É vã a ilusão de todos os caminhos levam às eleições e ao aceite por parte da burguesia golpista e dos militares da vontade popular, cada vez mais claramente inclinada no sentido do apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os elementos mais explosivos da crise estão colocados na ordem do dia, nas medida em que em que se evidencia a decomposição do regime burguês-golpista em que ficam evidentes o processo de destruição da economia nacional e de retrocesso das condições de vida do povo provocadas pelo regime golpista em favor dos banqueiros e demais tubarões capitalistas.
Frente à essa situação a esquerda classista não pode assistir à movimentação da direita, sob a (des)orientação da esquerda que busca uma frente ampla que busca, e buscou em todas as etapas do golpe, um acordo com a com a direita golpista.
A burguesia dá sinais cada vez mais claros de que as eleições serão uma guerra e só poderão ter um desfecho positivo para a classe trabalhadora com manifestações de massa em defesa da candidatura de Lula.
Não haverá vitoria da esquerda, dos trabalhadores contra a direita golpista, se não houver mobilização das organizações de luta dos explorados em defesa de suas reivindicações e da luta por colocar abaixo o regime golpista, com Lula presidente, por um governo do trabalhadores, sem patrões e sem golpistas.





