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Genocídio

Infecções por Covid podem aumentar em 1.141% com volta às aulas

Escolas pessimamente ventiladas, sem banheiro, sem água, estudantes e famílias que passam fome, portanto com a imunidade comprometida, morte anunciada

Não é de agora que os governos se esforçam para retomar as aulas presenciais no País. Mesmo nos piores momentos da pandemia, em vários locais, as escolas voltaram a abrir, mostrando a hipocrisia dos que falavam em “fique em casa”.

“Fica em casa”?

A aparente preocupação com a pandemia, que já matou mais de 500 mil pessoas no Brasil, deu-se em diversas áreas: bares, restaurantes e clubes foram fechados, protestos de qualquer ordem, mal vistos. Contudo, no que se refere ao setor produtivo, às fabricas e serviços que mais fazem circular pessoas pelo país, como no caso das escolas, a questão não foi tão clara.

Cada momento da pandemia, após o “surto” inicial, viu não só um vazio completo de comentário sobre os transportes públicos lotados, como dos espaços de trabalho no geral pela imprensa burguesa e progressista de conjunto. As escolas, com uma categoria historicamente muito organizada, a dos professores, viram resistência a se manterem abertas e também para o retorno às aulas, e se depararam com a constante campanha pela volta às aulas presenciais.

Os sindicatos, como os cafés e clubes, se fecharam, permitindo a manutenção dos espaços de trabalho em funcionamento normal, e não organizando as categorias. Esse foi o caso também da educação, embora não toda. Em mais de um pico da pandemia, as escolas foram reabertas, sem qualquer consideração quanto à saúde, por todo o país.

A campanha da burguesia e a resposta dos trabalhadores

Em São Paulo, a APEOESP, movida por sua base sindical, convocou protestos e greve contra a medida genocida, que levou diversos companheiros professores e também estudantes a mortes precoces e completamente desnecessárias. O setorial de educação da Corrente Sindical Nacional Causa Operária — Educadores em Luta — produziu faixas, bandeiras, camisetas, adesivos e cartazes, buscando mobilizar nacionalmente a categoria em meio à paralisia quase completa da esquerda.

É nesse cenário, e sob uma nova ressurgência de contaminações por todo o planeta, causada por uma nova variante do covid-19, a delta, que retorna a campanha da reabertura total das escolas. Até o momento, toda reabertura foi movida por interesses econômicos, observável pelas campanhas generalizadas na imprensa golpista em todas as vezes. Matérias impressas, na internet, propagandas na televisão, rádio etc., foram empregadas incessantemente e sem grande sucesso para convencer a população de que em meio ao morticínio, o importante seria reabrir as escolas e mandar as crianças e adolescentes, além dos trabalhadores da educação, para câmaras de morte.

A “ciência”

A campanha se baseia em estudos, como o do grupo ModCovid 19, que apontam que, num mundo ideal, em que todas as escolas e famílias tem a infraestrutura ideal, atendimento à saúde regular etc., com a volta às aulas presencial o aumento no número de casos seria de “apenas” 10%. Importante notar, entretanto, que nesse mundo ideal e fantasioso pintado pela burguesia — mesmo com todos os cuidados — ainda assim haveria um aumento de 10% nos casos no interior das salas de aula. A realidade, porém, não é ideal. Escolas pessimamente ventiladas, sem banheiro, sem água, estudantes e famílias que passam fome (portanto, com a imunidade comprometida), transportes públicos lotados não comentados na campanha da burguesia, entrada e saída com grande aglomeração etc., são alguns dos aspectos a serem considerados para esse plano do mundo da lua da burguesia. No cenário do mundo real a volta às aulas pode, segundo a mesma pesquisa dos 10%, apontado como um ótimo cenário para o retorno às aulas pela burguesia, levar a um aumento de 1141% nos casos de contaminações pelo país.

Boicotes ao movimento

A esquerda de conjunto — seguindo a campanha da burguesia, pregou o “fique em casa” a quem queria protestar, e o “vai trabalhar” a quem era forçado a se submeter ao massacre nos transportes e locais de trabalho, não fez campanha alguma por uma greve geral em defesa dos trabalhadores, por auxílio de pelo menos um salário mínimo. No caso da educação, o que se viu foi um verdadeiro boicote às greves, com a defesa de greves parciais: greve apenas de quem estava trabalhando presencialmente, com a manutenção da farsa do trabalho remoto e desse grupo presencial, apenas de quem não havia tomado a vacina, dividindo a categoria. E esse foi o caso dos locais em que houve greve.

Parte grande da esquerda defendeu, e ainda defende, que o caso não seria de se opor à volta à aulas. Mas sim de defender a “volta às aulas com segurança”; uma maquiagem para a política genocida da burguesia. Em meio a toda a situação, a solução segundo essa ala da esquerda seria jogar um pouco de álcool gel na equação. A política de volta às aulas chegou inclusive a ser defendida pelo então presidente da União Nacional dos Estudantes – UNE, Iago Montalvão. Assembleias presenciais, atos de rua, campanhas com panfletagem e colagem de cartazes seriam uma irresponsabilidade, segundo a esquerda pequeno-burguesa. Mas a aglomeração e circulação diária de dezenas de milhões de pessoas Brasil afora é algo que poderia se fazer “com segurança”. O ex-presidente da UNE inclusive cita que os professores devem ser vacinados, e nada fala sobre os estudantes, sendo ele em teoria o representante máximo dos estudantes no país. A defesa de que não houvesse atividades presenciais — fora a volta às aulas — serviu inclusive para que o referido representante não tivesse que defender sua ideia de retorno presencial em face da base estudantil. Não saberemos se ele de fato teria a coragem para fazê-lo, mas a insatisfação com essa política foi geral. É importante que se diga, além da política citada, enquanto a esquerda embarcou num sono profundo, encontrou momentos para acordar e elogiar os governadores direitistas, ditos científicos, os quais, sem exceção, defenderam a volta às aulas presenciais.

Num quadro como esse, mas agora com a presença da esquerda e dos trabalhadores nas ruas, o terreno nunca esteve tão fértil. A campanha contra a volta às aulas deve ser colocada com toda a força. O retorno das aulas é defendido por toda a burguesia, todos os golpistas, e a campanha pela derrubada do governo, pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas nunca esteve tão forte. O retorno às aulas deve servir para mobilizar toda a categoria estudantil e de profissionais da educação nacionalmente contra o governo. Os setores que ainda não se mexeram têm em mãos a pauta imediata para o avanço da luta política, somando-se aos atos de rua. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Lula presidente! Por um governo dos trabalhadores!

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