No final do jogo Colômbia e Brasil pelas Eliminatórias da Copa de 2022, Galvão Bueno, da rede Globo, teve um áudio vazado onde supostamente chamava o atacante da Seleção, Neymar, de “idiota”. Supostamente porque não é possível ter certeza de que o áudio é de Galvão Bueno.
Independente disso, o fato gerou muita polêmica nas redes sociais e na imprensa burguesa. Nem seria preciso dizer qual foi a posição da esquerda pequeno-burguesa: ficou do lado da Globo, como tem sido tradicional.
O xingamento de Galvão Bueno foi motivado porque Neymar decidiu ir para o vestiário no final do jogo, que terminou em 0 a 0, sem cumprimentar os adversários e sem dar entrevistas. Foi o primeiro empate da Seleção no campeonato, depois de nove vitórias seguidas, fato que também gerou uma enxurrada de ataques de toda a imprensa golpista contra a Seleção Brasileira, mas isso é assunto para outro artigo.
O “idiota” de Galvão contra Neymar e a repercussão do caso vem na mesma esteira desses ataques contra o futebol brasileiro. Não basta para a Seleção estar invicta, ter batido o recorde de vitórias seguidas e estar até esse jogo com 100% de aproveitamento. Na primeira oportunidade, a crônica de direita e de esquerda viu a brecha para atacar a Seleção.
Neymar é o maior craque desse time, gostem dele ou não, sendo ele bolsonarista ou não, sonegador ou não, como gostam de acusar os esquerdistas. E como principal jogador do time, um dos melhores do mundo, se não o melhor, ele deve ser atacado. Desestabilizar Neymar é desestabilizar toda a Seleção.
A esquerda tem dificuldade de entender isso porque a pequena-burguesa tem dificuldades de compreender as contradições políticas e os diferentes interesses das classes em luta. Por isso não entendem, antes do bolsonarismo de Neymar e da corrupção da CBF, há um interesse muito grande do imperialismo para controlar o futebol brasileiro, o mais lucrativo do mundo.
Por isso Galvão ataca Neymar. É bom lembrar que no jogo contra o Peru, no dia 9 de setembro, Neymar concedeu entrevista ao final do jogo e se queixou da perseguição da imprensa. A declaração do jogador, bastante polida, diga-se de passagem, serviu como pretexto para Galvão e outros jornalistas esportivos atacarem o atacante. Nesse caso, entramos na cláusula do “preso por ter cão, preso por não ter cão”. Se ele dá entrevista é ruim, se não dá é pior.
O que faz a Globo tratar Neymar com tanta rigidez, não vista para outros jogadores? Logicamente que a emissora mais poderosa do País e seu porta-voz esportivo, Galvão Bueno, não estão atrás de nenhuma ética ou comportamento exemplar de Neymar. O que está em jogo são interesses econômicos e políticos que têm como pano de fundo a disputa pelo controle do futebol brasileiro.
Não se enganem pelo ufanismo e patriotismo vazios da rede Globo em relação à Seleção, que nada mais é do que demagogia para conquistar audiência. A política desse monopólio está, em última instância, a serviço do imperialismo, contra os interesses do povo e do nosso futebol.
A posição pró-imperialista na Globo não é segredo para ninguém. É muito vergonhosa, portanto, a posição da esquerda pequeno-burguesa que se coloca a reboque da rede Globo em todas as oportunidades. Aqui, como em outras ocasiões, vale a máxima que diz que “se a Globo é a favor, sou contra.”
Os esquerdistas histéricos, que confundem posições políticas individuais com o futebol, tendo, assim, uma visão profundamente despolitizada do problema, podem odiar Neymar a vontade. Nada justifica, no entanto, estar do lado da Globo. Se esse monopólio anti-democrático, agente da dominação imperialista no País, chama o jogador brasileiro de idiota, a primeira reação de qualquer pessoa progressista deveria ser: “idiota é a Globo”.
É preciso acabar com a rede Globo, extinguir esse monopólio ditatorial. Seria um bem para o País, o nosso povo e o futebol.