Nascido no ano de 1937, Carlos Lamarca foi um Capitão do exército brasileiro que desertou no ano de 1969, em plena ditadura militar. Após o ocorrido, Lamarca tornou-se um dos comandantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), uma das organizações de esquerda que participaram da luta armada contra os milicos.
Nos três anos em que esteve na militância armada, Lamarca e seu grupo foquista realizaram várias ações na ditadura, entre elas está a guerrilha no Vale do Ribeira e o sequestro do embaixador suíço, que foi trocado por 70 presos políticos.
Após suas ações com a VPR, Lamarca ingressou para o Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8) em março de 1971, organização de sua esposa, Lara, e de Carlos Marighella.
Porém, seu destino final começou a ser traçado ainda em agosto do mesmo ano, quando um dos membros do MR-8, Carlos Benjamin, enquanto fugia da polícia, deixou seu carro em Ipanema onde haviam várias cartas de Lamarca para Lara e seu diário. A partir de tais informações, os militares aprofundaram suas buscas pelo paradeiro de Carlos.
Antes de assassinar Lamarca, o governo militar matou a sangue frio sua esposa, Lara, morta a tiros em uma sala cheia de gás lacrimogêneo.
A chamada Operação Pajuçara, em homenagem à praia maceioense, foi organizada pelo DOI-CODI baiano e contou com um efetivo militar total de 215 soldados com membros das 3 forças armadas, policiais militares, civis e federais e também com 18 membros do EAS.
O comandante da operação era o major Nilton Cerqueira, um dos carrascos da ditadura.
No dia 28 de agosto, os militares sob comando de Cerqueira invadiram Buriti, onde se escondia Carlos Lamarca e outros guerrilheiros. Lamarca e um companheiro, Zequinha, estavam em um acampamento próximo da casa onde estavam abrigados os outros. Os homens de Cerqueira e Fleury – outro fascista sanguinário -, que se fez presente na captura, surpreenderam os vários militantes que estavam na casa, boa parte foi assassinada e/ou torturada.
Lamarca e Zequinha ouviram os tiros disparados em seu acampamento e fugiram pela mata e pelas montanhas baianas. Somente na primeira noite, os dois percorreram cerca de 9 quilômetros a pé, após serem denunciados por um povoado, apressam sua marcha e entram novamente na caatinga.
A fuga se deu por cerca de 20 dias e cerca de 300 km foram percorridos, até que Lamarca e Zequinha chegam próximos do município de Pintada, no distrito de Ibipetum, onde ambos, após descansarem nas adjacências de um pequeno povoado, foram denunciados novamente e surpreendidos pelas forças de repressão estatal.
Zequinha chegou a tentar correr mas foi fuzilado pelos militares, o mesmo aconteceu com Lamarca enquanto ele se levantava. Carlos foi assassinado com 7 tiros.
Ambos assassinados pela ditadura. Foto: Reprodução
Seus corpos foram carregados em pedaços de madeira e jogados em uma caminhonete que os levou até a base aérea de Salvador, BA. Os olhos de Carlos Lamarca e Zequinha ainda estavam abertos quando foram tiradas as fotos de seus corpos no chão de cimento da base.
“Por determinação do presidente da República, qualquer publicação sobre Carlos Lamarca fica encerrada a partir da presente data, em todo o país. Esclareço que qualquer referência favorecerá a criação do mito ou deturpação, propiciando imagem de mártir que prejudicará interesses da segurança nacional.”, essa foi a notícia dada pelo diretor de censura em todos os meios de comunicação no dia 22 de setembro de 1971.
Mesmo com uma política confusa e desastrosa, Carlos Lamarca ainda é um símbolo da luta contra a ditadura militar. Um guerrilheiro que teve a coragem e determinação de pegar em armas para lutar contra a opressão e a censura imposta pelo reacionário e atrasado exército brasileiro.