04/04/1581

Há 440 anos, Francis Drake era condecorado cavaleiro por Isabel I

A história de Drake revela que o desenvolvimento da burguesia foi, em grande medida, levado à cabo pela assalto de populações em todo o mundo pelos piratas da coroa.

Francis Drake nasceu em 1540, na cidade de Tavistock, Devon, sudoeste da Inglaterra. Seu pai era Edmund Drake, um fazendeiro que também era um pregador protestante, e, sendo esta filiação da família Drake à fé protestante que os levou a fugir para Kent, em 1549, devido às perseguições religiosas que ocorreram na época.

O primeiro contato com o mar, do homem que seria conhecido posteriormente como “Terror dos Mares”, ocorreu quando ele ainda era muito jovem. Como o país e a região viam uma crescente economia em torno do comércio aquático, da pesca, e etc, seu pai conseguiu um emprego de aprendiz para um de seus vizinhos, dono de um barco que ele costumava comandar. O capitão gosta de seu trabalho e cria certa simpatia por ele, a ponto de até mesmo deixar o barco para ele, quando morre.

Daí em diante, navegava rumo ao seu o futuro como corsário da rainha, sendo conhecido por trazer batatas, tabaco e tesouros do Novo Mundo ao custo de vários orçamentos anuais do reino inglês.

Em 1556, seu primo, o capitão John Hawkins, o levou como protegido e o ensinou as artes da navegação. Demonstrando ao adolescente as possibilidades de enriquecer através da pirataria e do tráfico de escravos, Hawkins, usou de sua crescente influência nesta área para colocar Drake no curso da escravidão em massa. 

Historiadores afirmam que foram estes que iniciaram essa prática no porto de Liverpool, gerando grande riqueza. 

Ele trouxe batatas, tabaco e tesouros do Novo Mundo ao custo de vários orçamentos anuais do reino inglês.

Aqui é importante assinalar algo no desenvolvimento da luta de classes. A expansão do colonialismo, com o surgimento das nações, frente a decadência do feudalismo, foi sendo levado à cabo pela ascensão da burguesia. Esta nova classe social se desenvolve através do mercantilismo,  com uma necessidade da expansão do regime econômico europeu, na formação dos estados-nação. O sistema econômico mercantil tinha a necessidade de expandir suas rotas comerciais, e, assim, essas navegações, pirataria, comercialização de escravos, foram uma forma de luta comercial entre os países colonialistas pela espoliação das colônias. 

Francis Drake fez sua primeira grande viagem em um navio comerciante com destino ao Golfo da Biscaia. Dois anos depois, ele percorreu a costa da Guiné, um dos principais pontos do comércio de escravos na África. Nos anos seguintes, ele continuou a ganhar experiência na navegação.

Sobre a luta econômica, territorial e armada entre as nações que surgiam, é interessante um caso quando Drake viaja com o capitão John Lovell. Sendo um dos momentos decisivos na vida de Drake, no ano 1565, o capitão propõe que ele se tornasse seu parceiro em uma viagem às Índias Ocidentais carregada de mercadorias contrabandeadas. Porém, o plano terminou em fracasso quando os navios espanhóis interceptaram a expedição e requisitaram toda a carga, explicitando aqui, como as armadas marítimas foram sendo construídas para roubar as colônias e seus rivais. 

Drake se une a Hawkins, que pretendia usar o dinheiro que havia ganho com o comércio de escravos para construir uma frota inteira, preparando uma campanha de pirataria na costa do México.

Esta frota parte em 1568, tendo como destino primeiro, Cartagena das Índias. Contudo, uma tempestade os forçou a se aproximar do Golfo do México, onde tentaram tomar a fortaleza de San Juan de Ulúa, mas sendo massacrados pelos espanhóis que destruíram todos os seus navios. Apenas dois foram salvos: os comandados por Drake e Hawkins. É aqui que surge um grande ódio de Drake contra os espanhóis, e, na sua volta a Inglaterra, solicita ao Senhor do Tesouro que lhe desse permissão para atacar as colônias espanholas. Sendo rejeitado entre 1570 e 1771, Drake embarcou em uma jornada para a qual existem poucos dados.

Sobre sua transformação em corsário da rainha, é preciso lembrar que os primeiros fracassos de Drake não o levaram a abandonar a vida no mar, mas sim, a residir no Caribe por um tempo. Lá, trabalhou para vários capitães e armadores, onde aos poucos, suas incursões e batalhas aumentaram sua fama. 

O termo corso vem do latim cursus e significa “carreira”. No tempo de Drake, a palavra se referia à jornada feita por navios piratas contra portos inimigos e navios em tempos de guerra. No caso de ataques em tempo de paz, os piratas eram chamados de filibusters, já nos de guerra, eram contratados pelas coroas. 

Participando de mais uma expedição, em maio de 1572, partiu para a região do atual canal do Panamá com o objetivo de atacar Nombre de Dios. Sabendo que a frota das Índias espanholas costumava estocar lá durante essas datas antes de retornar à Espanha. Ele enfrenta seus inimigos e, finalmente, fracassa sendo ferido. Isso o forçou a permanecer na área até 1573, quando se aliou a Guillaume Le Testu, um corsário francês, para atacar um comboio espanhol que carregava grandes quantidades de ouro e prata.

Esta captura forneceu grande riqueza para toda a vida. De volta à Inglaterra, ele ofereceu seus serviços ao conde de Essex para atacar a Irlanda, além de fornecer três fragatas.

Com a morte do conde de Essex, ele retorna suas atividades de pirataria a serviço de seu país, encontrando-se com a rainha Elizabeth I. Esta, aprova seu pedido para atacar e saquear os bens que os espanhóis mantinham no Pacífico.

O acordo por escrito incluía ajuda financeira, pública e privada, para que o corsário pudesse montar uma frota poderosa. E, em janeiro de 1578, os navios de Drake deixaram o porto de Plymouth.

Com quatro navios e 160 homens, sua intenção era atravessar a costa do Pacífico americano e retornar à Inglaterra atravessando o estreito de Magalhães e atacar os espanhóis durante a viagem. Porém, os planos deram completamente errado, perdendo todos os navios, menos o seu, levando o corsários a seguir a costa ao norte, saqueando as cidades e os navios que estavam a caminho. Em Valparaíso, eles obtiveram um montante importante quando assumiram o controle de um navio espanhol.

No início de 1579, ordenou que Arica fosse atacada e saqueada. Um pouco mais tarde, eles fizeram o mesmo com El Callao. Nesse porto, eles ouviram que um galeão carregado de grande riqueza acabara de zarpar e os piratas o perseguiram até que o embarcaram no auge da Colômbia. De acordo com algumas crônicas, Drake recebeu um prêmio de 900.000 libras apenas com essa ação.

É preciso pontuar aqui que não apenas o tráfico negreiro financiou o crescimento capitalista da burguesia, mas sim, o assalto a mão armada por todos os mares do mundo. Os piratas eram contratados pela coroa para traçar planos de ataques e trazerem ouro, prata, madeira, peles, tecidos, escravos, a qualquer custo. 

O navio de Drake perdeu grande manobrabilidade devido ao excesso de peso causado por pedras e metais preciosos. Desta forma, os ingleses decidiram que voltar ao estreito seria suicídio e, além disso, ele tinha uma boa parte da frota espanhola atrás dele. Continuaram para o norte, buscando uma nova passagem para o Atlântico, sem encontrá-la. O que ele encontrou foi um território que ele chamou de New Albion, atual Califórnia

Frente ao perigo de ser capturado pelos espanhóis, atravessou o Pacífico, o Oceano Índico e dobrou o Cabo da Boa Esperança antes de retornar a Plymouth com todas as riquezas de seus saques. Dessa forma, ele se tornou o primeiro britânico a percorrer o mundo.

A rainha inglesa Elizabeth I concede ao explorador Francis Drake o título real de cavaleiro, em 1580.

Chegando à Inglaterra, Drake foi aclamado por suas façanhas, e em uma cerimônia realizada em 4 de abril de 1581 a bordo do navio do corsário, tornou-se Sir Francis Drake e escolheu o lema Sic parvis magna (a grandeza nasce de pequenos inícios) como brasão, à mando da rainha.

Por alguns anos, o recém-nomeado cavaleiro permaneceu na Inglaterra. Ele até se tornou prefeito de Plymouth e mais tarde um assento no Parlamento do país como político.

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