Em 23 de Março de 1801, há 220 anos, o czar Paulo I era assassinado por uma conspiração da nobreza russa, desgostosa das mudanças políticas levadas adiante por Paulo.
O czar
Nascido em 1 de janeiro de 1754 em São Petersburgo, Paulo I era filho único do imperador Pedro III e da imperatriz Catarina II. Teve uma infância e adolescência marcadas por forte negligência — segundo o próprio, numa ocasião, ele caiu fora de seu berço e dormiu a noite inteira no chão, completamente desapercebido de todos.
A posição de Paulo na Corte era definida pelo seu tutor, o conde Nikita Panin, como “um bastardo, que deve sua posição à persistência de sua mãe”. A relação de Paulo com sua mãe só vem a sofrer mudanças em 1772 e 1773, neste momento então “eles passavam horas juntos, rindo, conversando e passeando de braços dados. Então, Paulo foi arrebatado… a ponto de recusar-se a jantar para não separar-se dela.” Na realidade, acredita-se que essas mudanças eram motivadas por questões políticas.
Paulo chegou a criticar a política expansionista de Catarina, aumentando a limosidade política com sua mãe: “Era bastante comum, entre os favoritos de Catarina, depreciar ou mesmo insultar Paulo. Certa ocasião, quando Catarina debatia um assunto com Platon Zubov… ela perguntou a Paulo qual era sua opinião. Ele respondeu que pensava como Zubov que, fingindo surpresa, gritou: “Eu disse algo estúpido, então?”.
Um dos primeiros atos de Paulo como czar foi promulgar as Leis Paulinas, que estabeleciam o estrito princípio da primogenitura na Dinastia Romanov. Paulo considerava a nobreza russa como decadente e corrupta, almejava transformá-la em uma disciplinada judiciosa e leal casta, semelhante às ordens de cavalaria medievais, sendo marcante em seu reinado a oposição às guerras expansionistas e as nascentes repúblicas pela Europa, frutos das campanhas napoleônicas.
O assassinato
As mudanças políticas de Paulo que tentavam purgar a nobreza sob código de cavalaria e atrapalharam as maquinações ultrajantes e a corrupção no tesouro russo, bem como suas reformas que garantem mais direitos aos camponeses, gerou revolta na nobreza.
A conspiração que arquitetou sua morte foi feita pelos condes Peter Ludwig von der Pahlen e Nikita Petrovich Panin e pelo hispano-napolitano José de Ribas. Na noite de 23 de março de 1801, um grupo de ex-oficiais liderados pelo general Levi von Bennigsen, e pelo general georgiano Vladimir Mikhailovich Yashvil, entraram em seu quarto e tentaram obrigá-lo a assinar a abdicação. Na sequência, golpearam-no com uma espada, estrangularam-no e o pisotearam até a morte.
Campanha da Rússia (1812)
A pressão por mudanças na Rússia continuaria depois da morte de Paulo II. A invasão malsucedida de Napoleão Bonaparte marcou profundamente a cultura e as tradições militares no País, dando origem a um fértil movimento democrático que culminaria com a abolição da servidão em 1861.
A vitória da Rússia sobre Napoleão sua posterior vitória é referenciada na Abertura 1812 de Tchaikovsky. A campanha foi batizada na Rússia até 1941 de “Guerra Patriótica”, posteriormente ficou conhecida como “Guerra Patriótica de 1812”.
Depois disso, veio todo um movimento nacional, de escritores e artistas, que culminou na abolição da servidão na década de 1870. Sendo um bom exemplo deste o Grupos dos cinco. O grupo era liderado por Mily Balakirev, tendo como membros Aleksandr Borodin, César Cui, Modest Mussorgsky e Nikolai Rimsky-Korsakov, eles representaram a primeira tentativa de concentrar o desenvolvimento da música acadêmica nacionalista russa.
O movimento literário surgido nesse período tem um destaque especial nesse desenvolvimento cultural, sendo a recém criada produção literária russa apreciada por todo o mundo. Contando nesse período obras e autores como Eugene Onegin e A dama de espadas, de Púchkin; Um herói do nosso tempo, de Mikhail Liermontov; Almas mortas, O nariz, Diário de um louco, O inspetor geral, de Nikolai Gógol; O idiota, Os demônios, Os irmãos Karamázov, de Fiódor Dostoiévski.
Esse desenvolvimento na Rússia foi preparando o País para um movimento revolucionário, que já não via mais saída dentro do czarismo para os problemas sociais. Em 13 de março de 1881, mais um czar seria assassinado: Alexandre II da Rússia, conhecido como “o libertador”, foi morto pelo grupo revolucionário Naródnaia vólia (Vontade do Povo).