Há quem ainda diga, mesmo depois de tantas evidências políticas, que o identitarismo é uma política de defesa das chamadas minorias ou grupos oprimidos. O problema é que, a cada dia que passa, a burguesia transforma o identitarismo numa espécie de política oficial do Estado.
O identitarismo não tem nada a ver com a justa defesa dos índios, dos negros, das mulheres e LGBTs, mas como uma ideologia reacionária, que pretende trocar essa luta por um conjunto de políticas que vão da demagogia até a repressão política.
Um novo baluarte do identitarismo, sob a cobertura de grande defensor do índio, é o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). O substituto de Covas apresentou à Câmara de Vereadores um Projeto de Lei para transformar o guarani em idioma cooficial do município. Grande feito, dirão os identitários.
Quem quiser ser enganado pode acreditar que o prefeito de São Paulo se transformou em defensor dos indígenas. Ricardo Nunes, que herdou a prefeitura depois da morte de Covas, é um golpista como qualquer outro e como era seu antecessor. Mas ele é mais do que um golpista comum. Nunes é um integrante da ala direita da Igreja Católica, um elemento fascista.
Sim, Nunes é um elemento da extrema-direita, defensor do que há de mais conservador na Igreja Católica, essa mesma que foi ponto importante da colonização do Brasil que os identitários consideram um genocídio.
Será que o prefeito de São Paulo está tão preocupado assim com os índios? Logicamente, tudo isso não passa de demagogia.
Enquanto a burguesia incentiva coisas completamente inócuas em relação aos índios, seus partidos estão aprovando o Marco Temporal, que vai significar deixar a maior parte das terras indígenas nas mãos dos latifundiários, esses mesmos que são os responsáveis pelo massacre dos índios no campo.
Como vemos, a demagogia é muito útil para a burguesia disfarçar seus crimes. Dá-se um prêmio moral dizendo que estão valorizando os índios, ao mesmo tempo em que estão aprovando o Marco Temporal no STF. Tornar o guarani como língua oficial e não fazer mais nada é pura demagogia. É uma política que serve não para os indígenas, mas para agradar uma classe média universitária, e ideologia identitária e facilmente enrolada pelas manipulações da burguesia.
Essa é a cara do identitarismo. Fazer demagogia para mimar uma pequena parcela da classe média branca, liberal, que não tem a menor preocupação real com a situação dos índios. Se realmente Ricardo Nunes e esses identitários quisessem melhorar a vida dos índios ajudariam a dar terras, emprego e condições dignas de vida.
Para quem ainda tem dúvidas sobre o caráter direitista do identitarismo, a transformação do fascista Ricardo Nunes em identitário é mais uma evidência de que essa ideologia está sendo impulsionada pelo imperialismo com o intuito de cooptar setores liberais da classe média.