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Pobreza avança

Golpe impôs avanço da pobreza no Brasil

PIB per capita brasileiro cai, na contramão do mundo, deixando claro que os capitalistas estão aproveitando para fazer o povo pagar pela crise.

Nos últimos 10 anos, de 2011 a 2020, o brasileiro ficou mais pobre, ao contrário do que aconteceu com os demais países “emergentes” e com os demais países do mundo que em geral tiveram ligeira alta na renda per capita.

Segundo o estudo divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta última semana, a renda per capita dos brasileiros “encolheu” 0,2% em média a cada ano, saindo de uma renda per capita de 14.931,10 dólares em 2010, chegando a 13.777,44 dólares em 2021. Se comparado com outros países chamados de “emergentes” a situação é vergonhosa pois, em média, estes tiveram crescimento de 2,5% e os países “desenvolvidos” tiveram alta de 0,4%.

O PIB per capita é calculado a partir do PIB (Produto Interno Bruto) do país, dividindo esse valor pelo total da população, No estudo, a FGV afirma ter utilizado como base de comparação a Paridade do Poder de Compra (PPC), por isso os valores são colocados em dólar, também excluindo as variações de preço das moedas dos diferentes países.

A economia com o golpe

A primeira justificativa que alguns economistas buscaram dar para os números, assim como buscam supostamente explicar outros índices ruins, são “o aumento ou descontrole das contas públicas” ao se referirem ao período de 2010 até 2016, a uma recessão econômica de 2014 a 2016 e, mais recentemente, à crise da pandemia de 2020.

Primeiro é preciso deixar claro que, o PIB per capita é um índice que possui uma aplicação abstrata sobre a população trabalhadora brasileira, pois ao calcular simplesmente a soma de tudo que é produzido no país e dividir pela população, à priori, induz a uma percepção que a renda dos brasileiros estaria diretamente relacionada com o valor resultante, ou seja, em 2020 seria de R$ 54.420,89 (mais de R$3 mil por mês), a um dólar médio de 3,95, o que está longe da realidade de 2,16 salários mínimos ou R$ 2.261,00 que era a média salarial do trabalhador brasileiro. E mais distante ainda da realidade atual , quando a maioria dos trabalhadores brasileiros encontra-se sem  qualquer vencimento e no desemprego.

A verdade é que outros índices são mais adequados para mostrar a situação econômica dos trabalhadores brasileiros. Mas, ainda assim, pelos cálculos do PIB e correlatos, é possível saber que a redução do índice traz menos vagas de trabalho, desemprego, cortes de salários e benefícios, pois é a prática regular da burguesia e seus governos para intensificar a exploração dos trabalhadores principalmente diante de crise histórica do capitalismo.

Em 2010, por exemplo, o PIB brasileiro foi de 2,209 trilhões de dólares crescendo 7,53% em relação a 2009, em 2011 (2,616 trilhões de dólares) crescendo 3,97%, em 2012 alta de apenas 1,92%, 2013 alta de 3%, em 2014 meros 0,5% e em 2015 e 2016 quedas de 3,55 e 3,51% respectivamente. E o que tivemos de 2014 a 2016? A máquina golpista contra o governo de Dilma Rousseff foi posta em movimento, materializando o golpe em abril de 2016.

A sabotagem posta em marcha pela direita, liderada no mundo da política por Aécio Neves, para fazer a vontade dos monopólios multinacionais que, barraram e sabotaram as tentativas de conduzir a economia frente à chegada da crise econômica internacional, no qual teve o último ato, a rejeição do pacote de ajuste fiscal encaminhado pelo governo Dilma com déficit de 66 bilhões de reais em 2015, foi fragorosamente rejeitado para que menos de dois anos após o golpista mor, Michel Temer, e Henrique Meirelles enviassem um ajuste fiscal com déficit de 159 bilhões de reais, mais que o dobro.

O custo do golpe 2

Na última semana, outros dados importantes sobre a economia brasileira e, principalmente, que impactaram diretamente em milhões de trabalhadores, foi o prejuízo trazido pela operação golpista e coordenada de fora do país, a Lava a Jato. Um estudo do Departamento de Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com método inovador, mostrou que a operação causou um prejuízo de nada menos que 172 bilhões de reais, causando a destruição de 4 milhões e 400 mil empregos, tendo o Estado brasileiro deixado de arrecadar 67,4 bilhões em impostos.

A operação Lava a Jato que, hoje está mais claro do que nunca, foi uma operação montada e articulada de fora do país para, principalmente, fazer se instalar o regime golpista aqui no Brasil, sendo não só ator principal no golpe de 2016, mas como nas eleições de 2018, prendendo o principal candidato e único que tem o apoio da classe trabalhadora, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, permitindo que um político do submundo de Brasília chegasse à presidência para implantar a agenda neoliberal que tanto os capitalistas desejavam e que se mostrava inviável nos governos do PT, ainda que estes fossem governos de ampla colaboração com esta burguesia.

A Economia Fruto do Golpe

A última via de justificativa dos economistas é tentar explicar o fracasso da política de destruição nacional que ascendeu completamente com a dupla Bolsonaro e Paulo Guedes. Em 2019 o PIB foi apresentado com alta de 1,1% chegando a 1,8 trilhões de dólares e em 2020 uma grande queda de 4,1% (oficialmente) encolhendo para 1,451 trilhões de dólares, a maior desde 1991.

Desde o golpe de 2016 a produção brasileira não tem sequer atingido os níveis anteriormente alcançado antes de 2014. E a relação é direta com os governos golpistas, pois desde Temer a política econômica aplicada às famílias brasileiras tem sido de arrocho, primeiro trazendo de volta a política de privatização das empresas públicas, resultando no crescente número de demissões, em seguida vieram os ataques aos programas sociais que em 2021 muitos já deixaram de existir, como o “Minha Casa Minha Vida” ou encolheram radicalmente. Em seguida vieram as medidas de destruição dos direitos trabalhistas, com a Reforma Trabalhista que levou a precarização do trabalho a níveis pré-industrialização do país, em seguida as diversas reformas previdenciárias, espoliando mais uma fonte de renda da classe trabalhadora, responsável por manter famílias inteiras com uma mera aposentadoria Brasil à fora.

É preciso destacar ainda que, o fracasso da política neoliberal de destruição nacional, mesmo antes da pandemia já mostrava que era um fracasso completo, mesmo para os capitalistas. Com a queda do PIB de 4,1%, em 2020, em relação ao ano anterior, a situação só se agravou.

Assim, a queda do PIB per capita, ou seja, a quantidade de riqueza que “poderia ser distribuída” para a população – naturalmente pois é o trabalhador quem faz essa riqueza – indica o aumento da pobreza no país, não só pela menor produção econômica, mas principalmente pela política tocada pelos governos genocidas da direita mas que, como disse o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, são meros funcionários do burguesia golpista, os patrões que estão aproveitando a crise econômica e o desastre sanitário do coronavírus para massacrar ainda mais os trabalhadores, mantendo seus lucros e luxos.

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