O resultado da eleição para presidência da Câmara, que resultou na vitória do candidato apoiado por Bolsonaro, Arthur Lira (PP), em primeiro turno, revelou um fato bastante importante para a política da esquerda pequeno-burguesa: não existe frente contra Bolsonaro com a direita golpista.
A esquerda parlamentar se juntou com o golpista Baleia Rossi (MDB), candidato do igualmente golpista Rodrigo Maia (DEM). A justificativa para uma política tão desmoralizante era a de que o bloco, apesar de ser ruim, seria um fortalecimento da oposição ao Bolsonaro.
Já mostramos um milhão de vezes que esses elementos desclassificados da direita nunca tiveram nada de oposição a Bolsonaro, pelo contrário, dão sustentação para o governo. Já mostramos um milhão de vezes que uma esquerda que pretende organizar a luta contra Bolsonaro e o golpe nunca poderia se juntar com os principais golpistas.
Além de tudo isso, fica claro que não existe nem nunca existiu nesse bloco uma política contra Bolsonaro. Alguns setores da esquerda, para justificar a política absurda, chegaram a apresentar a alinça com os golpistas como sendo antifascista.
O resultado mostra aquilo que qualquer brasileiro sabe: o Congresso é composto por picaretas e canalhas que estão no mercado para serem comprados. E foi assim que os “antifascistas” e os “oposicionistas” abandonaram o bloco de Maia para votar massivamente em Lira e garantir a vitória acachapante do candidato de Bolsonaro.
A mesma argumentação absurda é usada pela esquerda para justificar a frente ampla. Ela seria necessária para agrupar os elementos “democráticos” contra o fascista Bolsonaro. É uma balela por si só, já que apresentar Doria, Maia, Covas, Baleia, FHC, Temer e cis como “democratas” só pode vir de pessoas de má fé. Mas olhando objetivamente para o que aconteceu na Câmara, fica claro que esses “democratas” não pensarão duas vezes antes de correr para apoiar o bolonarismo.
Foi assim em 2018 e há grande chances de ser assim em 2022. Assim como aconteceu na Câmara, diante da ideia de que o candidato da direita golpista tradicional não vai emplacar, os “democratas” correrão para apoiar Bolsonaro e elegê-lo.
Fernando Henrique Cardoso em entrevista já sinalizou algo nesse sentido. Ele afirmou que caso não haja candidato do que ele chama de “centro-direita”, que na verdade é um candidato da direita golpista, Bolsonaro vai ganhar. Traduzindo, o PSDB, o DEM e o MDB vão apoiar Bolsonaro caso não consigam candidato próprio.
Realmente, esses são exemplos de antifascismo.
O colunista do Globo, Merval Pereira, afirmou algo parecido na edição dessa quarta-feira do jornal: “Se não houver uma candidatura de centro esquerda ou direita palatável para derrotar Bolsonaro, ele ganha de novo. Esquerda x Bolsonaro, ganha Bolsonaro, não tem discussão.” A tradução para essa afirmação é a mesma. “Iremos apoiar Bolsonaro em 2022”. A Globo também se mostra um exemplo de antifascismo!
Por fim, para quem ainda tem dúvida, a imprensa golpista já apresenta que internamente no DEM já se costura um apoio a Bolsonaro.
A frente ampla não existe, pelo menos não como concebe a esquerda pequeno-burguesa que a defende. A frente ampla só existe se a direita golpista conseguir candidato próprio, ou seja, emplacar um golpista que será tão fascista quanto Bolsonaro. Se não conseguir, vai de Bolsonaro novamente.
Enquanto a direita golpista faz a sua política, a esquerda vai se iludindo, se envolvendo nas manobras, se anula politicamente. A direita mantém a esquerda a reboque de sua política e do outro lado já prepara seu apoio a Bolsonaro.