Menor custo maior lucro

Ford, o imperialismo contra o desenvolvimento nacional

Depois de ter lucrado muito por muitas décadas, fecha as portas e vai bater em outra freguesia buscando faturar mais com o menor custo. As consequências sociais não importam.

As matérias nos jornais Brasil 247, O Globo e mesmo na página oficial da empresa na internet, informam que a Ford fechará as fábricas de São Paulo, Bahia e do Ceará, deixando de produzir automóveis no Brasil. O abastecimento do país será com veículos importados da Argentina, Uruguai e outros países. Permanecerão em funcionamento a sede regional em São Paulo, o centro de desenvolvimento de produtos na Bahia e o campo de provas em Tatuí/SP.

A página oficial da empresa alega que por motivos de reestruturação regional e adequação de novas tecnologias. O jornal Brasil 247 alerta que a empresa recebeu desde 1999 R$ 20 bilhões em incentivos fiscais conforme dados da Receita Federal, em 2019 fechou a fábrica de São Bernardo e que com o fechamento dessas fábricas milhares de trabalhadores irão ficar desempregados.

Matéria do jornal O Globo anuncia que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) solicitou explicações à Ford, já que havia contraído empréstimos entre 2014 e 2017 com cláusulas de garantia de emprego no valor de R$ 335 milhões, e não havia sido notificado do fechamento da empresa, e que isso levará ao desemprego cerca de 5 mil trabalhadores. O banco informa que existem outros contratos no valor de R$ 54,2 milhões e ainda não recebeu resposta da montadora.

O jornal informa que fez levantamentos e concluíram que são cerca de R$ 3,5 bilhões em empréstimos do BNDES à Ford desde 2002 e que se referem apenas aos 20 maiores. Em outra matéria entrevista o economista Alexandre Chaia, professor do Insper que afirma que a saída da Ford do país apesar da dificuldade de se adaptar às novas tecnologias revela a desconfiança no Brasil, já que mantém a produção nos países vizinhos. Alega os problemas com a tributação e a perda de renda do país.

A decisão da Ford de abandonar a produção de automóveis no Brasil parece ter surpreendido o mercado, o governo e os 5 mil trabalhadores que perderão o emprego. O próprio General Mourão, vice-presidente, disse em matéria no jornal que eles poderiam esperar mais tempo para a decisão, afinal ganharam muito dinheiro com o país.

De fato, a Ford iniciou a produção brasileira em 1919 com investimento de US$ 25 mil, num galpão na rua Florêncio de Abreu em São Paulo, produzindo o modelo T. Em 1968 compra a fábrica da montadora Willys e seu projeto do modelo Corcel, em São Bernardo do Campo/SP . Em 1974 inaugurou a fábrica de Taubaté/SP com a promessa de investimentos de US$ 400 milhões. Tudo isso com financiamentos e incentivos do estado. E tornou-se uma das maiores no mercado brasileiro e até mundial. Faturaram muito dinheiro ao decorrer de décadas.

Com altos faturamentos seguidos a tendência é de se acomodar, e com isso as montadoras americanas e européias acabaram perdendo terreno para as montadoras asiáticas, que apresentaram melhores carros para a população, ganhando o mercado dos concorrentes.

Mas no Brasil, conseguiram impedir o desenvolvimento desse tipo de indústria, por várias vezes brasileiros tentaram produzir veículos nacionais mas foram boicotados pelas montadoras monopolistas e pelo estado. Casos como a Engesa, Envemo e Gurgel não tiveram o mesmo benefício de financiamento barato e isenções fiscais por parte do governo.

As montadoras faturam por décadas no mercado nacional, oferecendo carros piores que os que vendem acima da linha do Equador e muito mais caros e não permitem que a indústria nacional se desenvolva. 

Como bem lembrado por Rui Costa Pimenta na 3ª aula do curso “O que foi o Stalinismo”, pela internet, os monopólios controlam todo o mercado e não permitem que novas empresas consigam se estabelecer. Para isso fazem concorrência desleal, usam seus políticos apadrinhados para dificultar a vida dessas novas empresas, quer nas documentações quer nos empréstimos bancários, enfim não têm limites para a eliminação da concorrência.

Chama a atenção que na imprensa, em lugar nenhum, haja associação dessa decisão com a crise econômica que vem desde 2008. Parece que não estamos em crise econômica e de pandemia. Só são apresentados argumentos relacionados com problemas internos da Ford não transparecendo que ela está sob influência do que acontece na economia, como a crescente desindustrialização que passa o Brasil e o mundo.

Também não há manifestações das centrais sindicais, pois serão cerca de cinco mil desempregados nessa indústria, fora os bancários do Banco do Brasil e da Caixa Federal e tantos outros que já perderam o emprego. Será que as Centrais Sindicais abandonaram de vez os trabalhadores à própria sorte? É tempo dos trabalhadores se organizarem em conselhos populares nas empresas, nos bairros e nas escolas e elegerem uma pauta de reivindicações e de luta, indo para as ruas lutar por seus empregos e direitos, caso contrário a fome e miséria irá dizimar toda a classe.

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