No dia 13 de abril, às 21 horas, no Festival Internacional de Documentários “É Tudo Verdade”, será exibido online e gratuitamente, o Filme de Anna Muylaert e Lô Politi que retrata os bastidores do golpe de 2016 no governo de Dilma Rousseff. O 26º Festival de Cinema acontece entre os dias 8 e 18 de abril e o filme será reprisado na quarta-feira, dia 14 de abril, às 15 horas.
O filme se propõe a ser um registro histórico do golpe de 2016 e foi narrado durante os estertores do governo Dilma, com ênfase nos crimes dos quais a Presidenta democraticamente eleita foi alvo. Como disse Dilma Rousseff sobre a importância do registro histórico, “É para que ninguém mude a história”.
Sem prejuízo da visão feminina que denuncia a discriminação sobre a mulher e os crimes do qual Dilma foi vítima, o filme deve ser visto como parte de um contexto político de dominação imperialista, com a revelação das escutas telefônicas feitas pelo governo Obama e seu vice Biden e que hoje diante das denúncias e do desmantelamento da fraudulenta operação Lava Jato, desnudam o cenário político vigente à época.
Retratar o golpe nos bastidores do Palácio da Alvorada, certamente não poderá deixar de fora o jogo sujo dos ratos de esgoto da política interna, apelidado de “baixo clero”.
O que Dilma temia à época do filme, hoje se revela despudoradamente.
Embora o filme retrate o golpe desde a abertura do processo de impeachment em abril de 2016 até a sua destituição pelo Senado num julgamento atípico, para dizer o mínimo, onde a Presidenta condenada pelo crime foi isentada da pena, a visão que nos mostrará será pessoal, do ataque sofrido pelo fato de ser mulher, num governo de esquerda e na disputa pelo poder entre os prostituídos eleitos em busca do enriquecimento próprio e um governo quase ingênuo, que manteve a postura institucional de diálogo entre as instituições representativas, achando que fazia parte do poder político, quando apenas ocupava um cargo na presidência da República.
Com o distanciamento dos fatos que temos hoje, podemos concluir com certeza, que o golpe sofrido por Dilma na presidência da república, preparava terreno para o que viria.
Ninguém poderá dizer, diante do espetáculo bizarro que foi a votação do impeachment, que desconhecia a podridão mostrada em rede nacional, diante do voto de Bolsonaro, elogiando um carrasco assassino e torturador. Um grande e patético teatro do horror, que prenunciava os dias nefastos que se aproximavam.
Fica para a história a celebre frase de Dilma Rousseff quando foi vítima de um golpe e de um impeachment sem crime de responsabilidade, retirada da presidência da república do cargo para o qual foi democraticamente eleita: “Não restará pedra sobre pedra!”
É um registro histórico das tramas internas da disputa do poder local, que deve ser contextualizado internacionalmente e hoje mais claramente compreendido diante das denúncias e das manobras imperialistas, dos agentes infiltrados, dos juízes corruptos vendidos, dos fascistas, dos políticos desqualificados e ladrões, dos velhacos que rondam o poder, do esgoto que se tornou a “república”, a “coisa do povo”, a “coisa pública”, contradizendo os princípios que norteiam a definição do Estado democrático.